Contactada pela agência Lusa, a propósito de uma nota hoje enviada à imprensa sobre o projeto-piloto que envolve cerca de 20 hospitais e que prevê a criação de Centros de Atendimento Pediátrico, fonte da ULSAM confirmou a adesão à iniciativa que entrou em vigor dia 01 de março, mas disse não haver previsão para a sua implementação.
Nesta fase, adiantou a fonte, os pais estão a ser sensibilizados para a importância de um contacto prévio com o SNS 24 antes da deslocação às urgências pediátricas.
O projeto-piloto a que a ULSAM aderiu “visa garantir um atendimento mais eficiente, direcionando os recursos especializados para os casos mais graves e otimizando a utilização dos serviços de urgência”.
Na nota hoje enviada às redações, a ULSAM refere que “a afluência a estes serviços tem registado um número significativo de casos pouco urgentes ou não urgentes, que chegam a representar mais de 40% dos atendimentos em determinados períodos”.
“Com a chegada dos meses mais frios e o aumento da circulação de agentes patogénicos, torna-se essencial evitar a sobrecarga das urgências hospitalares, reduzindo o risco de contágio e garantindo um acesso equitativo aos cuidados de saúde”.
O projeto prevê a implementação de um sistema de triagem e referenciação através da Linha SNS 24 (808 24 24 24), assegurando um melhor encaminhamento dos doentes e promovendo a eficiência dos serviços.
A urgência pediátrica do hospital de Santa Luzia, que funcionou durante 15 anos em contentores “degradados e acanhados” instalados no edifício principal do hospital junto à urgência de adultos, e que atende 56 crianças por dia, mudou-se no início de dezembro de 2024 para novos contentores, “com mais conforto e segurança” para utentes e profissionais de saúde, até que seja concluída a requalificação da urgência.
A anterior administração da ULSAM estimou dotar o hospital de uma nova urgência pediátrica até 2028, num investimento orçado em cerca de dois milhões de euros.
Os novos centros pediátricos previstos no projeto-piloto serão dotados de equipas dedicadas de médicos, enfermeiros e auxiliares, com a presença mínima obrigatória de um pediatra, responsável pela coordenação, funcionando entre as 08:00 e as 23:00 todos os dias da semana e com a disponibilização de exames complementares de diagnóstico.
Na prática, o acesso à urgência referenciada passa a ser possível através de uma pré-triagem telefónica da linha SNS Criança e Adolescentes (uma derivação do SNS24), assim como para casos encaminhados pelo INEM, pelos centros de saúde ou por outra instituição de saúde, pública, privada ou social com informação assinada por médico.
Para quem aceder à urgência sem ter uma referenciação prévia, os hospitais devem assegurar um meio de contacto com a linha SNS 24, através do serviço administrativo ou de um telefone instalado no local.
Se o utente recusar ou, se por outra razão, não for possível encaminhamento através do SNS, deve ser assegurada a sua inscrição no serviço de urgência e posterior triagem, de acordo com o definido nesta reorganização, que prevê várias situações em que é obrigatória uma avaliação do doente em serviço de urgência de pediatria.
Todas as crianças com menos de seis meses serão obrigatoriamente avaliadas no serviço de urgência, assim como utentes acamados ou em cadeira de rodas, sem possibilidade de mobilização por meios próprios, vítimas de trauma, situações cardiovasculares agudas, casos de agressão e de quedas, com traumatismo crânio-encefálico e convulsões, entre muitas outras.
Esta reorganização prevê também a disponibilização de consultas aberta nos cuidados de saúde primários para doentes triados como pouco urgentes (verdes) e uma observação diferida mediante agendamento de consulta para os casos não urgentes (azuis).
Leia Também: ULS Alto Minho? “Melhoria dos indicadores nos cuidados de saúde”
