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Sentem-se os Enfermeiros Portugueses preparados para o Ébola?

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A maioria dos enfermeiros responderam que não se sentem preparados.

Os enfermeiros estão na linha da frente do combate ao Ebola, correndo os maiores riscos de contágio nos cuidados diretos a estes doentes.. Em Espanha e nos Estados Unidos os primeiros casos levaram à mudança de estratégias e proto colos. Também tem vindo a ser reconhecido a falta de profissionais de saúde bem treinados para combater a doença em Africa, e a falha dos protocolos e preparação dos sistemas de saúde ditos evoluídos tanto em Espanha como nos Estados Unidos. O programa 60 minutos da CBS (CBS “60 Minutes” report) deu enfoque aos riscos e constrangimentos com que os enfermeiros que trataram o Mr Duncan, médico liberiano que viria a falecer e primeiro caso de Ebola a ser detectado nos Estados Unidos após este surto. Dois enfermeiros foram infectados e a federação sindical norte-americana National Nurses United tem uma posição crítica clara (link) sobre o que se passou no Texas Health Presbyterian.

O caso espanhol também provou um conjunto de falhas inesperadas na gestão da crise. É crucial aprender com os erros já cometidos nos países com casos tratados (mau design do equipamento de protecção, treino insuficiente, escalonamento inadequado das equipas, carência de followup dos profissionais que estiveram em contacto com estes doentes, critérios e gestão polémica da quarentena dos profissionais, etc..). Felizmente o caso espanhol de contagio da auxiliar de enfermagem Teresa Romero parece ter culminado com um desfecho feliz, tendo já saído do isolamento em que permanecia desde 6 de Outubro (link). Mas ficam muitas criticas à actuação das autoridades espanholas por parte do Colégio General de Enfermeira (CGE) de Espanha que junto com o Conselho Internacional de Enfermeiros e com a Federação Europeia de Enfermeiros teceram duras críticas à estigmatização dos Enfermeiros que trataram os doentes de ebola. Saiba mais sobre esta importante Cimeira que decorreu em Madrid (video com Maximo Jurado, do CGE) e sobre a declaração de Madrid.

 

E em Portugal?
Os enfermeiros são profissionais que assumem riscos calculados e não “carne para canhão” nas mãos de políticos focados em factores económico-financeiros mas pouco habituados a gerir verdadeiras situações de crise em saúde. Aguardamos por isso a posição de associações sindicais e da Ordem dos Enfermeiros acerca desta realidade num momento de grande visibilidade dos riscos que os enfermeiros enfrentam com um eventual surto de Ebola mas também no seu trabalho diário.

Contrariamente ao que o Ministério da Saúde veicula na comunicação social, saiba que, no questionário que o Forumenfermagem realizou junto dos enfermeiros (340 respostas), os dados da nossa amostra mostram uma realidade diferente.

Sente-se preparado(a) para lidar com um possível surto ou doente com Ébola?

A maioria dos enfermeiros responderam que não se sentem preparados.

Gráfico Ébola 2014Sim   13%

Não  70%

Não sei  17%

O que seria mais útil para você lidar com a ameaça/realidade do Ébola?

Gráfico Ébola 2014 Melhor comunicação de planos de atuação no meu local de trabalho  17%

Mais ou melhores recursos educativos 4%

Receber formação específica no meu local de trabalho ou simulacros 74%

Não tenho a certeza 2%

Outro 2%

O seu hospital/unidade de saúde informou-o ou forneceu sessões de formação a si ou outros enfermeiros?

Gráfico Ébola 2014 Sim 23%

Não 71%

Não sei 6%

Como enfermeiro(a), sente-se seguro(a) com o desenvolvimento da situação do Ébola?

Gráfico Ébola 2014Sim 13%

Não 80%

Não sei 6%