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Rui Pedro Silva

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Rui Pedro Silva
Rui Pedro Silva

O Enfermeiro Rui Pedro Silva é o coordenador de um curso que neste momento é praticamente obrigatório para quem trabalha nesta área: Tratamento de Feridas e Viabilidade Tecidular.

Gentilmente, acedeu conceder-nos uma entrevista, onde aborda esta formação e a realidade do mercado de saúde na atualidade. Uma reflexão interessante, e que merece ser lida.

Que valor acrescentado traz ao Profissional de Saúde um conhecimento adequado no tratamento de uma Ferida?

Um conhecimento adequado sobre tratamento de feridas implica saber e compreender um conjunto alargado de informação fisiopatológica e técnica, cujo valor acrescentado para o profissional de saúde se pode traduzir numa frase: saber decidir corretamente qual a melhor abordagem para determinada ferida.

Tratar uma ferida, esgota-se no tratamento da parte lesada do corpo ou tem alguma componente de trabalho psicológico associado?

Abordar uma ferida, pois nem todas as feridas podem ser tratadas, implica contextualizá-la devidamente; para isso, há que perspetivar holisticamente a ferida, ou seja, olhar para a pessoa com ferida e não para a ferida da pessoa. Sendo a componente psicológica indissociável do conceito de pessoa, torna-se parte integrante da abordagem da ferida, quer pelo impacto negativo que a ferida tem no psíquico da pessoa, quer pela inibição dos processos cicatriciais associada aos estados depressivos.

O Rui Pedro Silva já lecionou duas formações de Feridas e Viabilidade Tecidular no âmbito da parceria Bwizer – Forumenfermagem. Que feedback tem recolhido dos alunos?

O feed-back tem sido positivo, com particular enfoque na forma de abordar os conteúdos, já que o curso está estruturado com base na reflexão sobre as temáticas em vez de incidir numa perspetiva expositiva e descritiva.

A componente prática do curso também tem sido apontada como uma mais-valia, principalmente em relação às técnicas de desbridamento, suturas e abordagem da ferida vascular.

Outro aspeto positivo apontado pelos formandos prende-se com a escolha dos formadores, dado que as temáticas mais específicas (pé diabético, ferida maligna, queimaduras, ferida vascular, investigação em feridas, etc…) são ministradas por profissionais com conhecimento, prática clínica e mérito reconhecido na sua área.

O que podem esperar os profissionais interessados em realizar esta formação?

Um curso que aborda o universo das feridas de uma forma abrangente e com recurso a profissionais peritos nas suas áreas específicas; o curso conta com um total de 10 profissionais que abordam temas como o pé diabético, a intervenção nutricional, a ferida maligna, a ferida vascular, as queimaduras, as ostomias, a investigação em feridas, as úlceras por pressão ou as suturas, sem esquecer a fundamentação fisio-patológica, produtos de tratamento de feridas e as novas abordagens terapêuticas.

O curso conta ainda com uma componente prática que inclui técnicas de desbridamento, colheita microbiológica, suturas, abordagem do pé diabético, averiguação do Índice de Pressão Tornozelo-Braço e aplicação de terapia compressiva.

As temáticas do curso são sempre apresentadas de forma a suscitar a participação, reflexão e discussão dos participantes, em detrimento de uma abordagem descritiva ou expositiva dos conteúdos.

No final do curso, é apresentado um estudo de caso que engloba a grande maioria dos temas abordados durante o curso, o qual é realizado e discutido entre todos.

A evidência científica, é valorizada no curso de Tratamento de Feridas e Viabilidade Tecidular?

Sem dúvida! Nem poderia ser de outra forma, pois a Prática Baseada na Evidência é já um standard da prática clínica associada aos cuidados de saúde. Quer isto dizer que todos os conteúdos temáticos apresentados são devidamente fundamentados com base na melhor produção científica disponível.

Particularmente no mercado da saúde, qual é a importância de não parar de aprender após a conclusão de uma Licenciatura de base?

Eu diria que é vital para o profissional de saúde manter-se atualizado. Só desta forma poderá dar resposta concreta, eficaz e idónea às necessidades de cuidados com que se depara na prática clínica.

O universo da Saúde está em constante mudança, e quem não acompanha essa mudança corre o risco de não ser capaz de providenciar os melhores cuidados possíveis face às situações que se lhe deparam; ou seja, estar atualizado não é uma questão de quem está à frente, mas sim de quem está apto a prestar cuidados!

Qual o sentimento de coordenar uma equipa de formadores de currículo tão relevante quanto são os que consigo lecionam esta formação?

É uma enorme honra! E, simultaneamente, uma grande responsabilidade… O lema do nosso curso é providenciar aos formandos a melhor formação possível, ministrada pelos melhores na área; com eles aprendo e a eles tento proporcionar desafios que os motivem a continuar a evoluir!

Com isto em mente, tentamos que este curso seja um processo dinâmico, onde os formandos recebem informação mas, em simultâneo, lançam novas questões e novas dúvidas que levem o curso a crescer para lhes dar resposta

O Rui Pedro Silva tem já um trajeto importante na área da Enfermagem. Quer-nos descrever o seu percurso em breves linhas?

O meu percurso enquanto enfermeiro teve início em 1995, altura em que ingressei na atual Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP). Terminei o bacharelato em Enfermagem em 1998 e obtive o grau de licenciado em Enfermagem em 2004, através do complemento de formação que frequentei na mesma escola.

Em 2006 ingressei no Curso de Pós-Licenciatura e Especialização em Enfermagem de Reabilitação, que terminei em 2008, na ESEP. Neste momento, exerço funções como enfermeiro de reabilitação na Unidade de Cuidados na Comunidade de Ermesinde desde 2011, após 13 anos de exercício profissional no serviço de Medicina A do Centro Hospitalar do Porto.

Atualmente, estou a terminar o Mestrado em Enfermagem de Reabilitação, ainda na ESEP.

Paralelamente a este percurso académico e profissional, interessei-me pela temática das feridas desde 1999, o que me levou a participar em todos os eventos da área a que pude assistir; desse interesse surgiu o aprofundamento dos conhecimentos na área, a frequência do curso de Viabilidade Tecidular e Tratamento de Feridas da APTF e a apresentação de pósteres e comunicações livres em congressos ligados ao tema.

Daí em diante, comecei a dar formação na área das feridas em 2005, o que faço e onde invisto até ao momento presente.