“É um ‘não tema’, porque a acreditação ao ato eleitoral do FC Porto é feita com presença de cartão de cidadão e de sócio do Futebol Clube do Porto. Eu não estive a pedir às pessoas para votarem com cartões de sócios que não são delas, como é evidente, porque não faz parte da minha natureza”, reiterou aos jornalistas.
À porta do Tribunal de São João Novo, no Porto, findada a sua audição, o líder do emblema ‘azul e branco’ contrariou cabalmente o argumento da advogada Cristiana Carvalho, causídica do antigo oficial de ligação aos adeptos do clube, Fernando Saul, que alegou a existência de um vídeo em que Villas-Boas instruía sócios a passarem cartões de sócio, caso não pudessem dirigir-se às urnas, para votar nas eleições em que acabou por suceder a Pinto da Costa.
Contrariamente à vontade do Ministério Público, bem como à advogada dos ‘dragões’, o alegado vídeo poderá vir a ser admitido, para que o presidente portista, representante legal da SAD portista, assistente no processo, possa ser confrontado com ele.
Para Villas-Boas, que depôs durante várias horas, o testemunho das pessoas “que sentiram e sofreram diretamente na pele esses presumíveis atos de agressão, coação e intimidação” será elucidativo, lamentando essa página na história dos portistas.
“Foi uma noite triste. Iniciaram-se os processos [judiciais], estamos aqui agora para responder. Acho que ainda será um processo longo, mas será feita justiça. Tudo o que sair deste processo será fundamental”, notou o líder ‘azul e branco’.
Depois de criticar a “passividade” dos órgãos sociais por não chamarem a polícia para interromper a AG, durante a sessão da manhã, na sessão da tarde, o dirigente passou largos minutos a responder a questões da defesa sobre a sua opinião sobre a revisão estatutária que estava em cima da mesa na noite que está a ser objeto de julgamento.
Para o atual presidente, “era legítimo duvidar” da boa-fé da proposta de alteração, pela proximidade do ato eleitoral, que poderia ficar em causa, segundo o mesmo, se o presidente da Mesa assim propusesse, acabando depois dispensado, para se seguir o testemunho de Henrique Ramos, o outro assistente no processo que passou a testemunha.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram na segunda-feira a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.
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