Início Atualidade O SNS não pode “deixar órfãos os doentes que não têm covid-19”

O SNS não pode “deixar órfãos os doentes que não têm covid-19”

181
0

Filipe Almeida, presidente da Comissão de Ética do Hospital de São João e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, quer ver criadas equipas nos hospitais capazes de ajudar a decidir que doentes têm prioridade no acesso aos ventiladores se os cuidados intensivos chegarem ao limite.

Se as unidades de cuidados intensivos atingirem a sua capacidade máxima, se faltarem camas e ventiladores, que doentes devem ser considerados prioritários? A idade, a ordem de entrada, as probabilidades de sobrevivência – qual deve ser o critério? Filipe Almeida, presidente da Comissão de Ética para a Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Hospital de São João (HJS), lembra que não é possível estabelecer regras matemáticas. Num documento intitulado “Reflexões Éticas, em tempo de pandemia”, que vai agora “ser posto à consideração pública” e difundido pelas diferentes comissões de ética, defende que cada hospital deve criar equipas capazes de ajudar os médicos que estão na linha da frente a decidir “quem vive e quem morre”. Se já se morria mal nos hospitais, considera este responsável, a pandemia tornou a morte num acto ainda mais solitário, dificultando o luto dos familiares. “Um doente com covid-19 que morra tem que ser colocado num saco fechado, não pode ser acedido ou visionado pela família”, lembra, admitindo que, nestes casos, se possa tirar uma fotografia para que os familiares vejam que “lá dentro, está a esposa, o pai ou o avô”. Nesta entrevista, Filipe Almeida defende que os hospitais devem abrir as portas às visitas “sempre que possível” e avisa: o SNS não pode deixar órfãos os doentes que não têm covid-19.

Mais populares

  • Covid-19: Portugal terá “níveis muito baixos” de novos casos se mantiver restrições até ao Natal, diz ECDC

  • Biden aumenta vantagem no Wisconsin após recontagem exigida por Trump

  • i-album
    Cartoons

    Cartoon Xira regressa com “grande exposição” do brasileiro Cau Gomez

FONTE – Público