Se as unidades de cuidados intensivos atingirem a sua capacidade máxima, se faltarem camas e ventiladores, que doentes devem ser considerados prioritários? A idade, a ordem de entrada, as probabilidades de sobrevivência – qual deve ser o critério? Filipe Almeida, presidente da Comissão de Ética para a Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do Hospital de São João (HJS), lembra que não é possível estabelecer regras matemáticas. Num documento intitulado “Reflexões Éticas, em tempo de pandemia”, que vai agora “ser posto à consideração pública” e difundido pelas diferentes comissões de ética, defende que cada hospital deve criar equipas capazes de ajudar os médicos que estão na linha da frente a decidir “quem vive e quem morre”. Se já se morria mal nos hospitais, considera este responsável, a pandemia tornou a morte num acto ainda mais solitário, dificultando o luto dos familiares. “Um doente com covid-19 que morra tem que ser colocado num saco fechado, não pode ser acedido ou visionado pela família”, lembra, admitindo que, nestes casos, se possa tirar uma fotografia para que os familiares vejam que “lá dentro, está a esposa, o pai ou o avô”. Nesta entrevista, Filipe Almeida defende que os hospitais devem abrir as portas às visitas “sempre que possível” e avisa: o SNS não pode deixar órfãos os doentes que não têm covid-19.
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