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Médicos tarefeiros? “Só haverá solução se for negociada entre partidos”

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O antigo ministro Pedro Adão e Silva alertou, na quinta-feira, que é preciso que o Governo intervenha rapidamente no que ao tema dos médicos tarefeiros diz respeito, dado os custos no setor da saúde estão a “disparar” e que nem por isso está a existir um aumento na eficiência do setor.

 

No seu espaço de comentário na CNN Portugal, o sociólogo referiu que é preciso “combater a desigualdade fiscal” e “envolver muitos e de formas alargadas”.

“Só haverá solução se for negociada entre partidos. Isto precisa de ser tratado de outra forma. Devo dizer que o Governo tem razão quando sublinha a importância deste tema. Se a ministra Ana Paula Martins – que, aparentemente, pode estar de saída do Governo – quer deixar como legado uma proposta para este tema, isso é um legado importante, mas que precisa de um método diferente”, considerou, dizendo que aqui está um exemplo concreto dos “consensos de regime alargados” de que tantas vezes se fala de forma abstrata.

“É preciso envolver certamente os partidos, administradores hospitalares, associações do setor”, enumerou.

O antigo ministro da Cultura do segundo e último Governo de António Costa, classificou ainda o tema dos médicos tarefeiros como um “dos temas mais sensíveis e sérios em relação àquilo que são aos problemas que enfrenta o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

“Temos um número muito significativo de médicos tarefeiros, são cerca de quatro mil, 12% dos médicos que trabalham no SNS. Se pensarmos nas urgências, provavelmente é metade”, elaborou, considerando, no entanto, que a solução não era “fácil”, já que inclusive, há vantagem fiscal em relação “óbvia” em relação a outros médicos.

“No fundo, corresponde à concretização daquilo que é o sonho da profissão médica […]. Os médicos tarefeiros são um regresso a uma dimensão liberal do exercício da profissão médica, no quadro de um sistema e de um SNS. Tem benefícios fiscais, de horários, não respondem a uma hierarquia da mesma forma”, desenvolveu.

Mas Adão e Silva defendeu que estes médicos eram “absolutamente necessários” e, ‘pegando’ nas Presidenciais, disse ainda que não deverá ser o Presidente da República tomar decisões sobre políticas de saúde. Apesar de avisar que “é bom que nos próximos mandatos isso seja aprendido”.

Adão e Silva disse que os custos que a situação destes médicos traz acaba por gerar custos incomportáveis. “O que foi no passado uma exceção, passará a ser regra”, alertou, dando o exemplo dos, “entre aspas, enfermeiros-tarefeiros, que estão também a crescer um ritmo muito difícil de gerir e comportar”.

Note-se que o tema voltou a ser discutido esta semana depois de o jornal Público noticiar, na quarta-feira, que um grupo de cerca de mil tarefeiros se preparava para paralisar as urgências aquando a saída de um diploma no qual o Executivo se preparara para baixar o pagamento a estes profissionais.

Na quinta, por sua vez, o movimento dos médicos tarefeiros recusou, para já, a possibilidade de uma paralisação geral dos serviços de urgência, alegando que pretende primeiro conhecer o diploma do Governo sobre o novo regime de prestação de serviços.

Já o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, apelou ao Ministério da Saúde para que se reúna com os médicos tarefeiros, alegando que, caso se concretize a paralisação anunciada, o impacto nas urgências “vai ser muito grande”.

 

Leia na íntegra em Notícias ao Minuto