Início Profissão Marionet “atrás da felicidade” numa peça onde a dor é presença contínua

Marionet “atrás da felicidade” numa peça onde a dor é presença contínua

8
0

No palco do Teatro da Cerca de São Bernardo (TCSB), três atrizes vão assumindo várias personagens com doenças reumáticas crónicas, ao mesmo tempo em que procuram traduzir ‘Bite the Bullet’, poema de Marion Line, violonista, que, por força da artrite reumatoide, teve de abandonar o violino e dedicou-se à pintura.

 

Cada verso e a sua tentativa de tradução para português vai pautando o espetáculo, onde a ideia de dor e a sua presença constante dialoga com a própria busca de felicidade, numa tentativa de um convívio entre as duas.

Ao mesmo tempo em que as atrizes procuram traduzir cada linha do curto poema de Marion Line, surgem quadros, engatilhados pelos versos projetados numa tela de ‘Bite the Bullet’, que se debruça sobre a própria dor, explicou à agência Lusa o encenador da peça, Mário Montenegro.

O também diretor da Marionet afirmou que, além da dor, o espetáculo é atravessado pela ideia de busca da felicidade, associada à própria filosofia do serviço de reumatologia da Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra, que desafiou aquela companhia que trabalha no cruzamento da ciência e do teatro a criar uma peça sobre doenças reumáticas.

“O que eles procuram no serviço e para onde apontam é para a felicidade. É esse o foco que eles têm quando estão a tratar as pessoas, é apontar para a felicidade, para que as pessoas sejam felizes”, disse Mário Montenegro, referindo que, para se chegar à felicidade, é preciso “atravessar algo que é uma presença constante, que é a dor”.

A peça começou por um desafio há cerca de um ano de uma enfermeira do serviço de reumatologia, que foi ver outro espetáculo da Marionet, naquele caso sobre doença bipolar, afirmou Mário Montenegro.

Segundo o encenador do espetáculo, a companhia aceitou o convite e no verão de 2024 começou a fazer entrevistas a doentes e profissionais de saúde do serviço de reumatologia, que foi “muito ativo”, disponibilizando informação, abrindo as portas do serviço à companhia e até “a angariar financiamento para o espetáculo junto de associações de doentes”.

Na peça, são nomeadas algumas das doenças reumáticas, como a artrite ou a fibromialgia, por terem um impacto “muito grande na vida das pessoas”, ao obrigarem as pessoas a viver com dores permanentes.

“Implica uma resistência muito grande, uma grande força de vontade. Mesmo minoradas por medicação, é aprender a viver com a dor e isso refletiu-se bastante naquilo que nós fizemos”, disse o encenador.

Para construir o espetáculo, entrevistaram cerca de 15 doentes, de todas as faixas etárias, resultando num objeto ficcional muito inspirado nos testemunhos que foram ouvindo.

Apesar de Mário Montenegro acreditar que pode haver algo de didático na peça, não é esse o objetivo do espetáculo, que se centra sobre o impacto da doença nas pessoas, mais do que na doença em si.

‘Atrás da Felicidade’ estreia na quarta-feira e estará em cena no TCSB até domingo, sessão que terá audiodescrição e interpretação em Língua Gestual Portuguesa.

Os bilhetes custam entre cinco e dez euros.

O espetáculo é apoiado por, entre outros, a Aliança Europeia de Associações de Reumatologia, a Associação de Reumatologia de Coimbra, o serviço de Reumatologia da ULS de Coimbra, a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, a Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas e a Associação Portuguesa de Profissionais de Saúde em Reumatologia.

Leia Também: Rede internacional de teatros debate em Lisboa envolvimento comunitário

 

Leia na íntegra em Notícias ao Minuto