Maio foi o mês escolhido pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia como o Mês do Coração.
O mês para sensibilizar, para cuidar, para colocar as cartas na mesa, mas sobretudo para despertar consciências, alterar hábitos e melhorar a saúde do nosso Coração.
Curiosamente o mês de Maio termina no dia 31, com o Dia Mundial Sem Tabaco, ou seja fechamos o mês que dedicamos ao coração dizendo não a um dos seus piores inimigos.
Cada um de nós é responsável pelo seu processo de Saúde/Doença, mas acima de tudo cada um de nós, desde que tenha conhecimentos para tal, é responsável por prevenir, por intervir e por se cuidar. Conscientemente podemos fazer uma introspeção e pensar, que se a Sociedade Portuguesa de Cardiologia dedica um mês inteiro a abordar o coração e de que maneira o podemos preservar, cada um de nós deve pelo menos dedicar-lhe um par de horas todos os dias, porque o nosso coração merece!
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são responsáveis por 30% do total de mortes no mundo. E em 2010 esse grupo de doenças foi a primeira causa de morte em todos os países em desenvolvimento.
Atualmente sugere-se que mais de 80% dos casos de morte por doenças cardiovasculares estejam associados a fatores de risco já conhecidos. São considerados mais importantes os fatores que apresentam alta prevalência em muitas populações; os que têm impacto independente e significativo no risco para as doenças isquémicas e acidente vascular cerebral; e os modificáveis ou passíveis de controlo. Por apresentarem esses três critérios de relevância, vem sendo enfatizado o controlo do diabetes mellitus, da obesidade, da inatividade física, do uso do tabaco e da hipertensão arterial.
De entre os fatores de risco modificáveis, a hipertensão arterial é considerada o mais importante para as doenças isquémicas e para o acidente vascular cerebral. Nos últimos anos, alguns autores têm chamado a atenção para a necessidade de re-discussão dos valores de tensão arterial ideais, pois parece haver uma relação linear entre o risco de morte por causa vascular e os valores da pressão arterial, mesmo entre o espectro de valores considerados normais.
Doença cardiovascular é um termo genérico que designa todas as alterações patológicas que afetam o coração e/ou os vasos sanguíneos. No termo inclui-se a doença cardíaca coronária (doença que afeta os vasos sanguíneos que irrigam o coração), a hipertensão e a arteriosclerose. Um dos mais importantes fatores de risco de doença cardiovascular é a hipertensão (tensão arterial elevada).
A existência prolongada de valores elevados da tensão arterial conduz a alterações nas paredes dos vasos sanguíneos que interferem com o fluxo de sangue e resultam no facto de o coração deixar de receber oxigénio suficiente. O coração reage com dor, a que se chama angina de peito (que significa literalmente “aperto no peito”).
Outro fator de risco modificável importante é o tabagismo. Estima-se que esse hábito seja a principal causa de morte evitável no mundo em função da sua atuação como precursor de diversas patologias e a sua alta prevalência. A magnitude do problema é identificada ao considerar a estimativa da OMS de que cerca de 1/3 da população mundial adulta seja fumadora. Assim como o hábito de fumar, a inatividade física, a obesidade e o sedentarismo também vêm sendo ressaltados pela instituição como um importante entrave para o controle das doenças cardiovasculares. Estima-se que o sedentarismo, ainda que de forma dependente de outros fatores, seja responsável por 22% das doenças isquémicas do coração e que a obesidade e o sobrepeso já atinjam 1 bilião de pessoas no mundo.
Parece ficção, mas não é… Se uma boa parte do Mundo vê a sua vida ameaçada pela falta de alimento, a outra parte ameaça a sua vida com os excessos e a má escolha da alimentação.
Há hábitos simples alteráveis que podem melhorar a saúde do nosso coração e a nossa vida, são
- Manutenção do peso ideal- Devemos ter cuidado com a alimentação e o nosso peso. Quanto mais gordura ingerirmos/apresentarmos mais esforço fará o coração para bombear o sangue, o que pode prejudicar a nossa saúde.
- Prática de atividade física – Caminhar, correr ou passear sempre que possível é agradável e o coração agradece! Tornar a atividade física um hábito faz bem não só ao corpo como à mente.
- Redução de sal – O excesso de sal na comida leva à retenção de líquidos, acarretando a hipertensão. Por isso, modere na hora de temperar a comida e diminua o consumo de enlatados/alimentos em
- Evitar bebidas alcoólicas: O álcool em grande quantidade é o pior inimigo de um coração saudável. Corte nas bebidas ou consuma com muita moderação.
- Dieta saudável: Gorduras saudáveis (azeite) e pouco sal são medidas indispensáveis na dieta de quem quer manter o coração saudável. Inclua ainda muitas frutas, verduras e legumes. Dê preferência às carnes magras/peixes e consuma-os essencialmente cozidos e grelhados.
- Cigarro: o tabaco, em conjunto com as outras substâncias tóxicas do cigarro, aumenta a tensão arterial imediatamente, além de comprometer toda a sua saúde. Parar de fumar imediatamente é fundamental!
- Stress: ele aparece como resposta do organismo às sobrecargas físicas e emocionais. Controle as suas emoções e procure incluir atividades relaxantes na sua rotina (conversar, ouvir musica, ver televisão, passear pela natureza).
- Exames médicos: avaliações regulares não só ajudam a identificar o problema no começo, facilitando o tratamento, como servem para adequar o uso de medicamentos de forma mais eficaz.
- Avaliar a Tensão Arterial: no mínimo uma vez por mês, todas as pessoas devem fazer esse simples exame como uma forma de prevenir problemas mais sérios.
Sociedade Europeia de Hipertensão Sociedade Europeia de Cardiologia | Pressão sistólica (mmHg) | Pressão diastólica (mmHg) |
Óptima | <120 | <80 |
Normal | 120-129 | 80-84 |
Normal Alta | 130-139 | 85-89 |
Hipertensão Grau I | 140-159 | 90-99 |
Hipertensão Grau II | 160-179 | 100-109 |
Hipertensão Grau III | ≥ 180 | ≥ 110 |
Hoje mais do que nunca cada um de nós tem que estar sensível que as doenças que “não se vêem” também existem, dão sinais e sentem-se!… Na nossa vida as pequenas causas têm grandes efeitos, cabe a nós mudar e alterar rotinas.
Neste mês do coração que termina com o dia Mundial Sem Tabaco, vamos olhar por nós, pela nossa saúde, pelo nosso coração, porque:
“Aquele que não tem tempo para cuidar da saúde, vai ter que encontrar tempo para cuidar da doença!…”
Dr. Lair Ribeiro
Referências
· World Health Organization. Building blocks for tobacco control. Geneva: World Health Organization; 2008.
· World Health Organization. The World Health Report 2002: reducing the risks, promoting healthy life.http://www.who.int/whr/2002/en/
Elaborado por Enfª Mónica Tavares