Que tem a ver a Mannschaft com a Enfermagem Portuguesa? Tudo.
Nos serviços/departamentos das instituições de saúde deveria existir uma verdadeira equipa de trabalho. Numa equipa não somos todos iguais: uns são mais experientes, outros menos; uns jogam ao ataque, outros ficam na defesa. Por isso, concordo que existam alguns limites nas trocas de turnos entre enfermeiros. Não ponham o Manuel Neuer a ponta de lança! É ou não verdade que em alguns serviços há colegas nossos que gostam de gozar férias na mesma época de Verão, passar o Natal com a família e celebrar a Páscoa no conforto do lar? E os outros, não devem ter esse direito?
E aquele (velho) hábito de ter uma semana de férias a mais, porque consegui fazer algumas trocas? Imaginem o Schweinsteiger fazer o mesmo: fazia menos 2 jogos pelo Bayern e menos 2 pela Selecção, para dar mais atenção à Sarah Brandner? Já agora, para compensar esses dias em que não se trabalha, é necessário fazer turnos seguidos noutras épocas. Será que o Mario Götze conseguiria render bem, se jogasse 90 + 90 minutos? Claro que não. Aliás, se o seu nome ficou para a história dos mundiais de futebol, em virtude do golo que marcou à Argentina, isso deveu-se em boa parte ao facto de ter entrado (fresquinho) na recta final do jogo. No futebol não se começa a jogar 5 ou 10 minutos depois do apito do árbitro e os intervalos são sempre de 15 minutos.
Já trabalhei num serviço onde o plano de trabalho era elaborado no próprio dia pelo responsável de turno. Nem sempre a horas, desculpem-me a inconfidência, e por vezes, o responsável de turno nem sabia que o era. Havia uma (clara e incompreensível) duplicação de funções com o chefe de equipa, e o responsável de serviço (enfermeiro chefe/coordenador) parecia não ralar-se muito com o assunto. Joachim Löw é um ex-jogador. Embora não tenha sido o Beckenbauer nem o Matthäus, é alguém que percebe da poda. Não estamos a falar de um especialista em roupa de senhora, que exerce funções numa loja de jantes de automóveis.
Dizem que os responsáveis pela selecção alemã criaram de raiz (ou pelo menos, transformaram) um resort na Bahia, para adaptação dos atletas ao clima e para treinarem de acordo com a realidade que iam encontrar nos jogos. Não estou a sugerir que se construam hospitais e centros de saúde onde os enfermeiros possam fazer estágio antes dos jogos, mas será que os centros de formação das instituições de saúde estão a fazer tudo o que está ao seu alcance em nome de cuidados de Enfermagem seguros e com qualidade? E terão os enfermeiros momentos de partilha de ideias, de confronto de opiniões, de contacto visual com os seus pares, que lhes permita preparar e “aguentar” os 90 minutos dentro de campo?
Ver a Merkel eufórica na bancada a aplaudir a sua selecção (imagino Ratzinger mais contido, e Bergoglio, embora tendo perdido o jogo, sorridente), não me faz esquecer a sua insensibilidade face a muitos dos problemas que os europeus mais fragilizados têm pela frente neste momento. Mas percebo o esforço e a vontade de transmitir aos jogadores e aos adeptos um sentimento de união, de luta por um objectivo comum. Não deveriam os enfermeiros directores “assistir”, efusivos, aos nossos “jogos”?
O cuidado com a imagem deve ser uma preocupação de todos nós. Há colegas (mais elas) que capricham no penteado, na maquilhagem, nos adornos de pescoço, pulsos e dedos. No Mundial abundaram as tatuagens, cabelos milimetricamente arranjados, fartas cabeleiras (Dante, Fellaini, Witsel, David Luiz e Willian), barbas “à António Variações”, bandoletes (e afins) de várias cores… Na equipa alemã, mais ou menos bonitos, lá estavam eles verdadeiramente concentrados no que interessa: levar a bola à baliza do adversário e evitar que ele faça o mesmo. Portugal tinha uma máquina perfeita chamada Ronaldo, o Brasil tinha o talentoso Neymar, a Argentina tinha o genial Messi, a Colômbia tinha o goleador James, o Uruguai tinha o grande atacante (literalmente!) Suárez… mas a Alemanha tinha um GRUPO coeso! E isso basta.
A Lufhtansa levou os alemães até ao continente americano num Airbus 340-600 (a TAP não tem nenhum). Na viagem de regresso foi usado um Boeing 747-8 (“clone” do Airbus 380, que nunca visitou solo português). Em alguns hospitais, nem sequer há possibilidade de estacionamento para os funcionários. Há casos descritos de roubo e violência física, sobretudo no final do turno da tarde e início do turno da noite. Se um gestor não zela pela segurança dos funcionários, não é um bom gestor…
Alto lá, como se chamam os habitantes da Alemanha: germanos ou germânicos?