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II Congresso Nacional da APEEPH

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Nos dias 7 e 8 de Abril de 2006, decorreu no Hotel da Costa da Caparica o II Congresso Nacional da APEEPH, e mais uma vez o Fórum Enfermagem esteve presente.

 

No primeiro dia, a manhã de trabalho iniciou-se com as inscrições para os cursos de ventilação mecânica, curso de suporte básico de vida pediátrico e curso de via aérea difícil que decorreram em paralelo com as palestras agendadas para o primeiro dia do congresso.

Da parte da tarde e após a sessão solene de abertura e de um Porto de Honra deu-se inicio à primeira mesa do dia que teve como tema “Competências em Emergência Pré-Hospitalar” que contou com a participação do Dr. Carlos Mesquita da Ordem dos Médicos, que falou sobre a grande lacuna dos cursos de medicina, pois os seus alunos saem das escolas sem experiência na área de emergência, e da importância da reciclagem dos cursos de emergência que se fazem nos exterior, revelando-se um grande defensor da criação da especialidade de medicina de urgência para dar resposta ás necessidades actuais.

O Dr. Vítor Almeida da APEM (Associação Portuguesa Medicina Emergência) falou sobre o acto médico, em que consiste e quem o deverá realizar. Falou-se na falta de recursos humanos dentro do INEM e na consequente divisão de tarefas entre médico/enfermeiro/tripulante de ambulância, que por vezes se torna o caminho mais fácil. Esta associação mostrou-se também acérrima defensora da especialidade em medicina de urgência.

Seguiu-se uma apresentação do Enf. Albino Gomes, presidente da APEEPH que voltou a frisar a necessidade de definir o que são funções interdependentes e dependentes dentro da profissão de enfermagem, relembrando os artigos 8º e 9º do REPE e falou-se também da necessidade de elaboração de protocolos de actuação e dos protocolos de intervenção já existentes.

Na sequencia das competências da profissão de enfermagem, o Enf. Nelson Guerra, como representante da Ordem do Enfermeiros reforçou a ideia já anteriormente debatida na mesa, de que a enfermagem é uma disciplina auto-regulada e que os enfermeiros devem ser complementares aos outros membros da equipa, e não se devem tornar seus substitutos, pois a complementaridade é ir até determinado sitio, onde começam as competências de outro profissional. E no final do debate a ideia que ficou foi a de que, se os enfermeiros se preocuparem mais em fazer as tarefas que não são da sua competência, no final terão pouco tempo para fazerem as suas verdadeiras tarefas, os cuidados de enfermagem dos quais só os enfermeiros tem competências para decidir e realizar.

Seguiu-se a segunda mesa do dia em que se falou em “Questões Médico-Legais no Pré-Hospitalar”

O Dr. Nuno Vieira do Instituto de Medicina Legal, falou-nos em violação e agressão na criança e da importância do trabalho dos técnicos de emergência hospitalar nesta área, visto que na maior parte das vezes são os primeiros a chegar ao local e como tal deverão ter formação sobre a importância do registo das lesões, no acondicionamento de provas que possam estar no local, no registo fotográfico entre outros.

No mesmo seguimento a apresentação do Dr. Barra da Costa, Criminalista, veio falar-nos em investigação criminal e a sua interligação com os profissionais de saúde e, na importância destes últimos conseguirem reconhecer e diferenciar uma situação de suicídio/homicídio, que à primeira vista poderá ser facilmente confundida, ao chegar das viaturas de emergência ao local da ocorrência.

Seguiu-se uma apresentação sobre armas de fogo e nas medidas de segurança no seu manuseamento, da responsabilidade de Pedro Leal, Fuzileiro da Marinha.

No segundo dia, os trabalhos iniciaram-se com uma mesa sobre as “Diferentes Realidades em Emergência Pré-Hospitalar”

O Dr. Dochin Yodel veio falar-nos sobre o modo de funcionamento do sistema de emergência médica em Israel, que tem como todos sabemos uma realidade muito dura, devido aos constantes confrontos que se verificam naquele país, o que obriga a uma preparação muito rigorosa e constante.

O modo de funcionamento do INEM em Portugal, ficou a cargo do Enf. Luís Fernandes, onde se falou sobre o CODU, VMER, helicópteros e motos de emergência, recém-nascidos de alto risco, CODU-Mar, CIAV (centro informações anti-veneno), protecção à saúde de altas individualidades, formação, psicólogos e intervenção em situações de excepção.

De Oslo na Noruega, chegou-nos uma apresentação da responsabilidade da Dr.ª Anna Cathrine, e dos paramédicos Bjorn e José Pessoa, que nos deram a conhecer o Sistema médico da Noruega, que aposta muito na formação dos paramédicos e que são estes que têm a formação mais adequada para prestar cuidados ao doente emergente. Trata-se de uma formação continua, com o mínimo de 7 anos e que apostam muito na inovação e nas novas tecnologias. Nesta realidade apenas o paramédico tem formação para a realização de técnicas invasivas como a EOT, terapêutica, disfibrilhação entre outras.

Seguidamente deu-se início à mesa sobre “Actuação em Situações de Excepção” em que o Dr. Fernando Desportes de Aragão, Espanha nos deu a conhecer a forma como a sua localização geográfica, junto aos Pirinéus, os obrigou a especializarem-se em resgate em montanha.

O 2º Tenente-Coronel Eduardo Faria da Força Aérea dos Açores, falou sobre resgate em alto-mar, buscas e salvamento, que terminou com um filme muito humorístico sobre a forma de actuação da sua equipa.

O Dr. Manuel Velloso partilhou connosco a sua experiência, e da sua equipa, na Ilha de Sumatra, quando a mesma foi abalada pelo violento tsunami em Dezembro de 2004.

Na continuação dos trabalhos da tarde, falou-se sobre o “Transporte do Doente Crítico” onde a Dra Rita Peres, coordenadora da VMER do HSFX, nos deu a conhecer como são feitas as evacuações primárias e secundárias por helitransporte. No seguimento desse mesmo tema o Dr. Vítor Almeida, anestesista do H. Viseu e do Heli de Santa Comba Dão, falou-nos das potencialidades do socorro aéreo, da história do socorro aeromédico, nas medidas de segurança e nos riscos desse tipo de transporte.

No final do congresso e sendo este sobre emergência pré-hospitalar, falou-se sobre as novas guidelines da reanimação cardio-respiratória, pela voz do Dr. Raul Carvalho do Conselho Português de Ressuscitação e da Dr.ª Idalina Rodrigues do Clube de Reanimação Cardio-Respiratória.

No final ouvimos também uma palestra sobre as “Estratégias de Actuação no Shock Hemorrágico no Politraumatizado” tanto pela abordagem da UCI da resposnsabilidade do Dr. Antero Fernandes, tanto pela abordagem cirúrgica pela voz do Dr. Francisco Murinello, ambos do HGO.

No final foi feito um balanço muito positivo destes dois dias de trabalho e fica no ar a promessa de um 3º Congresso da responsabilidade da APEEPH. Assim seja…