Os requisitos apresentados pela Ordem afirmam que os sistemas de informação devem ser centrados no utente e que têm de respeitar uma interoperabilidade técnica.
Nos passados dias 20, 21 e 22 de Novembro de 2008 realizou-se o I Fórum Internacional: Desafios de Enfermagem nos Hospitais Universitários de Coimbra, versou várias temáticas relacionadas com os cuidados de Enfermagem nomeadamente a Liderança, Inovação e Investigação.
No primeiro dia, as temáticas do Anfiteatro principal estiveram relacionadas com os Sistemas de Informação em Saúde. Iremos neste artigo debruçar-nos acerca das temáticas abordadas nesse dia.
No primeiro painel contou-se com a discussão do progresso e implementação dos Sistemas de Informação da Saúde em Portugal. O enfermeiro Élvio Jesus em representação da Ordem dos Enfermeiros apresentou os documentos produzidos por esta acerca dos requisitos que deverão ter os sistemas de informação que sejam utilizados por enfermeiros. Apontam que deve haver uma certificação voluntária das empresas que produzem software de saúde para um organismo independente dos Órgãos Sociais da Ordem dos Enfermeiros e que funcione autonomamente. Esta certificação deve versar o cumprimento dos requisitos publicados da Ordem. Afirmou ainda que esta estratégia foi aceite pelo Secretário de Estado da Saúde e pela ACSS. Contudo, afirmou que a ACSS entende que deve ser esta a entidade reguladora e que o protocolo de construção dos requisitos deve ser conjunto. Esta intenção da Ordem não se limitará aos aplicativos utilizados no sector público, mas também nos privados e solidariedade social. Os requisitos apresentados pela Ordem afirmam que os sistemas de informação devem ser centrados no utente e que têm de respeitar uma interoperabilidade técnica, isto é, cumpra requisitos informáticos para ser utilizados por vários utilizadores; a interoperabilidade semântica, ou seja, a linguagem utilizada deve ser comum a todos os enfermeiros, para a Ordem esta só poderá ser a CIPE. Explicou ainda que a Ordem dispõe de cinco elementos de acompanhamento, um por Secção Regional, que estão disponíveis para trabalhar com os enfermeiros da prática na aplicação destes sistemas nos serviços. A Ordem é de posição clara, que aplicativos informáticos devem respeitar os requisitos emanados por esta e caso tal não acontece, devem ser denunciados para que se tomem posições e se intervenha. Em termos da dimensão do utilizador é consensual que o enfermeiro deve ter acesso a toda a informação clínica do utente e que esta deve estar armazenada na ACSS.
O Enf. Élvio ainda afirmou que a ICN produziu um catálogo de adesão ao regime terapêutico que a Ordem se encontra a traduzir e que publicará. Está ainda a Ordem a proceder o licenciamento da CIPE e enviou os requisitos às empresas.
Falou-se da necessidade de produzir indicadores de resultado de enfermagem e da existência de uma pós-graduação em SIE na ESEnfPorto.
O representante da CPC além da apresentar o seu produto, SGICM, afirmou que este é baseado na prescrição de terapêutica, mas que pretende caminhar para um processo clínico electrónico. Pretende que exista uma integração técnica, sem o recurso a transcrições. Afirmou-se ainda a possibilidade de utilizar a linguagem CIPE, sendo este parameterizável. Para este representante, o produto é centrado no processo do doente, e que apresenta uma mais valia para os profissionais de saúde.
O enfermeiro representante da Alert, afirmou que os produtos desta empresa já dispõe de aplicativo com CIPE, tendo possibilidade de planeamento do processo de enfermagem, diagnósticos e intervenções. Está também a trabalhar esta empresa no Personal Health Record, que será um registo na Internet ao qual se pode aceder com senha de acesso que o utente dispõe.
A Prof. Doutora Heimar Marin, da Universidade Federal de S. Paulo, apresentou uma conferência acerca do futuro dos sistemas de informação da saúde e da sua importância a nível internacional. Para esta, os Sistemas de Informação de Saúde (SIS) representam uma melhoria da qualidade, eficiência e efectividade do atendimento na saúde e que o seu desenvolvimento não depende da pesquisa, evidência e ensino. Os fins dos SIS pretendem relacionar-se com a gestão da informação para melhor desempenho, facilitação da comunicação e apoio financeiro e administrativo.
Os Sistemas Informáticos da Saúde devem servir de apoio à decisão clínica, através de colheita, processamento, armazenamento e distribuição da informação.
Defende ainda que devemos transitar de um modelo antigo de Serviço de Saúde que era baseado na fragmentação do cuidado, centrado na doença, em ambiente hospitalar, com grande ênfase nas especialidades médicas, pouco coordenado e em que os gastos são feitos por pagamento por prestação de serviços, conduzindo a altos custos e em que a informação é armazenada nos vários departamentos; para um Modelo Actual que assente numa integração, em Cuidados de Saúde Primários e Cuidados Contínuos, baseados em equipas multidisciplinares, com melhor prática, melhor troca de informação e com sistemas de informação partilhados que sirvam de apoio a decisão clínica.
Falou ainda, que 35 a 39% de gastos em saúde com a informação podem ser alocados à comunicação e 12 a 45% com o manuseio da informação. Como tal, é importante criar mecanismos de interoperabilidade, segurança e criptografia que permitam partilhar a informação necessária e tornar estes gastos com transmissão de informação menores. Para tal, a Doutora Heimar defende que é necessário fazer mudanças operacionais, estratégicas, culturais e políticas. É fundamental que a informação circule com a pessoa num mundo cada vez mais global, para que os profissionais de saúde possam aceder a esta informação e assim não a ter de colher novamente permitindo assim uma mais eficiente gestão de recursos.
Pensamos ser de uma fundamental importância a preocupação dos enfermeiros com estas temáticas a fim de poderem optimizar os registos realizados e assim promover a divulgação do trabalho realizado pelos enfermeiros.