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Fisioterapia só para recuperar de lesão ou doença? “Vai muito além disso”

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Pode só procurar a ajuda de um fisioterapeuta quando está num processo de recuperação de uma lesão ou de uma doença. Contudo, o papel deste especialista pode ser um pouco limitado quando é tratado desta forma.

 

“Muitas pessoas não só subestimam o impacto da fisioterapia, como a associam à prevenção de doenças, que pode ser bastante redutor dos amplos benefícios”, revelou em entrevista ao Lifestyle ao Minuto Válter Rodrigues, fisioterapeuta na equipa Remeo, da Linde Saúde

Esta segunda-feira, 8 de setembro, assinala-se o Dia Mundial da Fisioterapia. Os benefícios desta área podem ser por vezes pouco considerados e o especialista acredita que é preciso mudar mentalidades. 

A fisioterapia é frequentemente associada ao tratamento e recuperação de uma determinada lesão ou doença. Contudo, o seu papel vai muito além disso. Ser fisioterapeuta, é também atuar na promoção da saúde e na prevenção primária, para promover e ou ajudar a manter a qualidade de vida de quem cuidamos.”

  Notícias ao Minuto Válter Rodrigues é fisoterapeuta na equipa Remeo, da Linde Saúde© Linde Saúde  

Na entrevista, Válter Rodrigues falou ainda dos desafios atuais no Serviço Nacional de Saúde e também na importância da fisioterapia respiratória, que acabou por crescer muito devido à Covid-19.

Muitas pessoas ainda subestimam o impacto da fisioterapia na prevenção de doenças?

Muitas pessoas não só subestimam o impacto da fisioterapia, como a associam à prevenção de doenças, que pode ser bastante redutor dos amplos benefícios desta área, sendo que a ausência de doença por si só não se traduz em ter saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a saúde é, sim, “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade”. A fisioterapia é frequentemente associada ao tratamento e recuperação de uma determinada lesão ou doença. Contudo, o seu papel vai muito além disso. Ser fisioterapeuta, é também atuar na promoção da saúde e na prevenção primária, para promover e/ou ajudar a manter a qualidade de vida de quem cuidamos.

Porque acha que isto ainda acontece?

O baixo nível de acesso à fisioterapia pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) certamente contribui negativamente. De acordo com a Ordem dos Fisioterapeutas, de entre cerca de 13.000 fisioterapeutas existentes em Portugal, apenas 1.500 trabalham no SNS, números que se revelam bastante insuficientes para a demanda, e resultando em tempos de espera mais longos para os utentes. Além disso, e através de relatos de vários colegas meus de profissão que trabalham no SNS, ou até mesmo de doentes com os quais já intervim na minha prática, a realidade das clínicas convencionadas com o SNS, ou até mesmo em hospitais, é de rácios que podem chegar até 3 ou 4 doentes/hora “tratados”. Sim, com aspas, pois é impossível para um fisioterapeuta intervir de forma efetiva com a pressão associada ao tempo e às listas de espera. 

Ainda se pensa que é algo que se pode fazer em casa e sem apoio de um profissional?

Creio que, atualmente, a população, ainda que por vezes possa não estar desperta para a importância da fisioterapia na resolução de um determinado problema de saúde, encontra-se mais ciente de que não é possível realizar fisioterapia sem apoio, propriamente, de um fisioterapeuta. É importante referir que a fisioterapia pode ser realizada em casa, com o devido acompanhamento por parte do fisioterapeuta, sendo este um dos contextos de prática para os quais devemos estar preparados, com o recurso às devidas ferramentas de trabalho. Dou como exemplo um dos casos em que a oportunidade da realização de fisioterapia no domicílio pode ser fundamental para o processo de recuperação: Em doentes neurológicos que tenham estado internados e que tenham regressado a casa, a fisioterapia poderá ajudar na adoção de estratégias para barreiras arquitetónicas identificadas, e aumentar a funcionalidade do doente em tarefas funcionais do seu dia-a-dia que acabam por estar mais afetadas, como levantar/deitar da cama, sentar/levantar, a marcha, subir/descer escadas.

 

Leia na íntegra em Notícias ao Minuto