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Fibrilhação auricular causa 4% do total das mortes e representa 140,7 M euro de custos globais

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A fibrilhação auricular (FA) afecta cerca de 9 milhões de pessoas na Europa e em Portugal, estima-se que 14% dos doentes com FA tenha já sofrido um AVC.

A terapêutica anticoagulante pode prevenir os AVCs e diminuir os custos humanos e económicos a eles associados, contudo, a FA continua a ser subdiagnosticada e subtratada. Os doentes com diagnóstico de FA que não são medicados com terapêutica anticoagulante, ou fazem terapêutica inadequada, encontram-se em risco aumentado de AVC.

Diagnosticar e tratar atempadamente os indivíduos com FA é muito importante, pois permite salvar vidas e poupar custos, directos e indirectos, quer aos hospitais quer aos governos. Existem terapêuticas inovadoras que melhoram a prevenção, diagnóstico e tratamento dos doentes com FA ou em risco de AVC associado a FA que podem ajudar a controlar esta doença e que permitem uma redução da incidência de AVC e das hospitalizações, bem como a uma melhoria da qualidade de vida e da saúde cardíaca a longo prazo.

O estudo «O Custo e a Carga da Fibrilhação Auricular (FA) em Portugal», realizado pelo Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE), da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e pelo Centro de Estudos Aplicados, da Católica Lisbon School of Business and Economics, que tem por base o ano de 2010, estima os custos da FA em Portugal em 140,7 milhões de euros, cerca de 1% de todas as despesas de saúde em 2010. Este valor representa quase 0,1% do PIB de 2010.

De acordo com a análise feita, o total estimado de custos directos do sistema de saúde, a preços de 2013, atribuíveis à FA é de 115 milhões euros, dos quais 34 milhões euros em internamento e 81 milhões de euros em ambulatório. Os custos indirectos, gerados pelo valor económico da produção perdida resultante da incapacidade gerada pela doença, calculam-se em 25 milhões de euros.

Na avaliação efectuada, a FA foi a causa de cerca de 4% do total das mortes em Portugal em 2010. No total, a carga da doença atribuível à FA estima-se em 23.084 anos de vida perdidos ajustados pela incapacidade (DALY), medida de tempo que avaliou a quantidade de saúde perdida devido à doença ou à morte prematura. Os DALY decorrentes das mortes prematuras causadas pela FA totalizaram 10.521, representando 1,7% dos anos perdidos gerados pela totalidade das mortes ocorridas nesse período no país. No mesmo ano, calcula-se que se tenham perdido 12.563 anos de vida por incapacidade gerada pela morbilidade associada à FA.

A FA constitui um factor de risco independente para o desenvolvimento de AVC isquémico. Um doente com FA apresenta um risco 3 a 5 vezes superior de desenvolver um AVC isquémico, comparativamente aos doentes sem esta condição. Em doentes com FA o AVC apresenta uma maior gravidade, estando associado a um aumento de 79% na mortalidade.

A FA constitui uma importante causa de mortalidade e morbilidade, por si própria e pelo risco associado de desenvolver um AVC isquémico. Perante este cenário, o impacto económico e a carga da doença da FA foram avaliados. Os estudos dos custos e da carga da doença visam estabelecer o retrato rigoroso de um dado problema de saúde e, assim, contribuir para a definição de áreas mais prioritárias e necessitadas de recursos, planos de investigação ou intervenção pelos sistemas de saúde e implementação de políticas nesta área. O estudo foi apoiado pela Bristol-Myers Squibb e pela Pfizer.

A Fibrilhação Auricular é a disritmia persistente mais prevalente. Esta patologia está associada à idade avançada, sexo masculino e a várias comorbilidades como a hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, doença valvular e doença coronária. Esta patologia pode ser silenciosa e permanecer sem diagnóstico até que uma complicação se desenvolva.
A ocorrência da FA aumenta com a idade, sendo o incremento tanto maior quanto mais avançado é o grupo etário: a partir dos 50 anos a incidência duplica em cada década. A incidência é superior no sexo masculino em todos os grupos etários (os homens têm 1,5 vezes mais possibilidade de desenvolver a doença). A análise de cortes avaliadas em diferentes momentos de seguimento mostra que a incidência da FA está a aumentar ao longo do tempo.