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Emigrar para a Suiça

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Emigrar para a Suiça

Testemunhos na primeira pessoa de colegas que decidiram emigrar para a Suiça.

Isabel Bastos

Lausanne

Comecei a minha carreira de enfermagem em 1978, depois de ter terminado os 3 anos do Curso Geral de Enfermagem da, agora, Escola Superior de Enfermagem de S. Vicente de Paulo. Durante 10 anos fui instrumentista de diversos hospitais públicos e privados, e na Clíinica de Todos-os- Santos ocupei ainda o cargo de Chefe do Bloco Operatório.

O nascimento do meu único filho coincidiu com  um novo desafio profissional na área comercial da multinacional 3M (Dep. De Health Care). Nesta empresa iniciei uma nova carreira que correu sempre em ascensão até atingir o cargo de Supervisão de Vendas para a Península Ibérica. Novamente surgiram novos convites e fui seguindo o meu percurso até atingir o cargo de Direcção duma empresa em Portugal. Em Outubro de 2008, com a crise a instalar-se nos pais, fui repentinamente despedida juntamente com muitos outros colegas. Fazíamos parte do que chamo « geração sanduíche », longe da reforma e « velhos » para o mercado de trabalho.

Pela primeira vez na minha vida, ao fim de 32 anos de uma carreira que se pode considerar « brilhante », vi-me sem trabalho, com um subsídio que não me permitia fazer face aos compromissos bancários que tinha contraído, e que iria terminar em pouco mais de 2 anos… estava à beira do « colapso económico e pessoal ». Pensei então em voltar à enfermagem, e durante 1 ano e 1 mês trabalhei e registei um projecto meu para a 3a Idade «  Sénior Vida Activa ». Fiz diversas formações e reciclagens, bati a diversas « portas » para fazer parcerias, mas tudo em vão !

Desesperada, estava um dia a desabafar com a minha irmã, que trabalhou 10 anos na Suíça e hoje se arrepende de ter voltado para Portugal, que me aconselhou a procurar uma antiga colega e amiga, Leonor Vieira, que trabalha actualmente para a empresa de recrutamento Assisteo. Contactei de imediato a LV, com um medo enorme de lhe dizer a minha idade,  mas rapidamente ela me explicou que ao que em Portugal chamam de « velhos para trabalhar » aqui chamam « enfermeiros com experiência »  e cada ano e cada mês é contado e valorizado. A barreira da língua também estava ultrapassada, pois felizmente falava bem francês e resolvi « atirar-me de cabeça ». A Assisteo ajudou-me a preparar a candidatura, encontrar trabalho e até o primeiro alojamento (um pequenino estúdio do CHUV, 18 m2 onde vivi durante 5 meses).

Como aqui podemos escolher o trabalho que mais se adapta ao nosso gosto, mudei e estou a trabalhar numa Fundação para idosos, Fondation Mont-Calme (Lausanne) onde encontrei um ambiente e tipo de trabalho que se adequa exactamente aquilo que quiz fazer em Portugal.

Estou agora a fazer 1 ano de trabalho na Fundação. Tenho um óptimo ordenado, encontrei um apartamento espectacular com vista para o Lago e montanhas e se soubesse tinha vindo há mais tempo.

A Suíça é um pais muito organizado, onde tudo funciona, muito seguro e onde sozinha, uma vez que sou divorciada, recomecei a minha vida aos 52 anos. A minha família e amigos vêm sempre que podem e eu também vou bastante, pois tenho 6 semanas de férias e de minha casa em Lausanne a minha casa de Lisboa levo precisamente 5h.

Desejo a todos os que se candidatarem a um lugar aqui a mesma sorte que eu tive e posso dar-lhes a certeza que aqui o enfermeiro diplomado é valorizado, respeitado e dignamente pago. Não hesitem em contactar a Assisteo aí e ponham o vosso francês em dia. Quem sabe…em breve nos encontraremos !!!

Maria Angélica Pinto Rua

Sion

Sou enfermeira desde 1999, era da função publica em Lisboa, emigrei para a Suíça em 2008.

Fui eu que enviei o CV e depois quando me chamaram vim às entrevistas e contrataram-me para o hospital Samaritan Vevey Vaud, nâo precisei de reconhecer o curso, o único cantão que pede reconhecimento é o de Geneve. Deixei tudo e vim porque prometiam um bom salário 5600F sem impostos, que já é bom mas não me falaram em impostos nem como se trabalha aqui, pois na Suiça o enfermeiro faz de tudo, desde tirar os lixos até distribuir os tabuleiros da alimentação, a realidade é que o enfermeiro é pau para toda obra, limpa, cuida, reparte tabuleiros, tira tabuleiros. Para dar um exemplo: passa-se o turno, a seguir distribui-se os medicamentos e tabuleiros com as auxiliares; distribui-se os doentes  pelos enfermeiros e auxiliares e o enfermeiro faz a higiene, limpa mesinhas de cabeceira e tira os lixos (isto em algumas instituições, porque cada uma é diferente da outra e muda também conforme o Cantão).

Ao inicio foi difícil devido haver muitos estrangeiros que por vezes são “mauzinhos”, especialmente os nossos portugueses que já cá estão a algum tempo bem como os franceses, mas como portugueses que somos adaptamo-nos. Quanto a fazer amigos é um pouco difícil porque os suíços são fechados, no inicio é o isolamento e solidão mas pouco a pouco cria-se amizades e ligações.

Aqui trabalha-se 12 horas ou “cortados” (trabalha-se das 7h até as 12h, sai-se e volta-se às 16h até 20h, enfim não são iguais para todos). O salário pago aos novos enfermeiros é de 5020F com os impostos vem para 3000F, mais habitação que vai de 700F até valores mais altos dependendo da cidade (Losanne base 1500F, Genebra 1800F), e do Cantão.

Agora existe uma nova modalidade para enfermeiros que vêm de Portugal e que não falam bem francês, metem-nos a trabalhar como auxiliares ou fazem estágios linguísticos por 3 meses e ganham 1500F. Aqui corre neste momento que os enfermeiros portugueses não têm trabalho em Portugal, chegam e aceitam tudo, por isso estão a usa-los para tudo. O trabalho é muito duro, faz-se tudo, de tudo.

Neste momento estou a trabalhar no cantão do Valais, mais precisamente em Sion, cidade calma, e muito bela, com montanhas a envolve-la. Pensem bem antes de saírem, mas se saírem boa sorte, são bem-vindos.

Maria José Correia

Lausanne

Terminada a licenciatura em Enfermagem, confesso que mesmo até antes da sua conclusão, o que me invadia o espírito era a incógnita de um futuro que se avizinhava tão próximo e tão incerto. Quantos de nós não sentiu ou sente exactamente isso? Embora acreditasse e acredito que a Enfermagem é uma profissão com futuro, sentia uma certa apreensão em relação às possibilidades de emprego em Portugal. Porque não tentar fora do país??? Porque não Europa???

Surge então, após pesquisas efectuadas, o meu contacto com a Assisteo como meio de concretização de um objectivo – o poder aplicar e desenvolver toda a minha aprendizagem obtida ao longo de 4 anos. Tive a oportunidade de estar presente numas das muitas sessões de esclarecimento que a Assisteo promove, a fim de poder obter todas as informações necessárias e colocar também todas as questões que achei pertinentes e que surgem justamente quando a mudança está próxima de acontecer e que entretanto se impôs. Fiz um curso intensivo de língua francesa específico para profissionais de saúde leccionado pela Alliance Française. Desde o primeiro contacto com a Assisteo, entre entrevistas, contactos telefónicos, envio de documentos,  a minha colocação no mundo de trabalho fez-se entre 2 a 3 meses. De referir que após a mesma, a Assisteo fez um acompanhamento mensal e durante três meses, justamente para se certificar que tudo decorria como esperado e sem surpresas menos positivas.

Trabalho no CHUV, em Lausanne, na Suíça, no serviço de cirurgia séptica já lá vão sete meses (parece que cheguei cá ontem), e tenho um contrato de trabalho de tempo indeterminado. A minha integração ao hospital de uma semana e seguidamente ao serviço, de cerca de um mês e meio,  foi feita de uma forma muito cuidada com todo o sentido de acolhimento. É claro que surgem dificuldades, não tanto ligados à questão da língua, que existiram, mas pelo facto de me deparar no mundo de trabalho e num serviço totalmente desconhecido para mim. Sempre encarei o período  de integração e de avaliação como forma e oportunidade de aprendizagem que considero contínua. São delineados objectivos a atingir, projectos a integrar, funções específicas a desempenhar, tendo sempre como objectivo a qualidade dos serviços prestados.  Agrada-me particularmente esta forma de estar na profissão, pois sinto-me sempre motivada, com grau de exigência elevada, contribuindo activamente para o desenvolvimento pessoal e profissional.

Lausanne é uma cidade cosmopolita, cerca de 40% dos seus habitantes são estrangeiros, coabitando cerca de 158 nacionalidades,  logo portadora de uma riqueza inegável, através da qual so saímos a ganhar. Falo relativamente a toda a riqueza cultural, da qual, nós, oriundos de todos os cantos do mundo, fazemos parte e contribuímos para a existência de  um sentimento de união na diversidade. Existe mesmo uma política de integração das pessoas migrantes como pude confirmar in loco aquando das sessões de acolhimento e de boas vindas ao cidadão estrangeiro, organizadas pela Câmara Municipal. Existem diligencias a serem efectuadas aquando da nossa chegada à Suíça, mas para as quais somos acompanhados.

Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se! Assim disse Soren Kierkegaard. Portanto vamos ser ousados, acreditar e revelar todas as nossas capacidades  e sigamos rumo ao nosso equilíbrio quer pessoal, quer profissional, no local onde somos respeitados, seja ele onde for… Para mim Lausanne possui um magnetismo tal, que me absorve, me conquista com toda a sua cor, os seus recantos e encantos, o seu cheiro, as suas gentes, o seu movimento, a sua vida…o seu RESPEITO.