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Desemprego em Enfermagem

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Desemprego em Enfermagem

São milhares os enfermeiros desempregados no nosso país. Quantos mais faltam formar para o desemprego para atingirmos os tão falados rácios Europeus?

Os textos apresentados neste artigo são testemunhos pessoais de enfermeiros no activo e desempregados, são reais e constituem a realidade actual que se vive na Enfermagem em Portugal.

“Sou recém-licenciada desempregada e muitas vezes questiono-me até quando continuarei assim… É verdade que ainda não foi há muito tempo que finalizei a licenciatura em enfermagem… mas também é verdade que já não consigo especificar quantas portas já se me fecharam. Já foram alguns os quilómetros que caminhei em procura de uma oportunidade: Seia, Guarda, Covilhã, Viseu, Coimbra, Aveiro, Lisboa e Porto… andei horas a fio e debaixo de chuva mas sempre com esperança… Aqui não tive sorte e como o dinheiro não chega a todo o lado, tenho percorrido o nosso país por correio (chego a enviar 20 cartas por dia com respectivo requerimento e curriculum vitae). Mesmo assim ainda não consegui nada! De momento estou a tentar em hospitais privados e em clínicas… já me inscrevi em alguns. Resta-me aguardar . Não me importa ir para o norte, centro ou sul do nosso país… somente quero e preciso de exercer a função para a qual me dediquei durante 4 anos da minha vida.

Pior do que não conseguir emprego porque há muita oferta de trabalho (pelo menos é o que me dizem nos últimos tempos), é o facto de o factor cunha estar em vigor. Como é que se sentiriam se lhes negassem a inscrição num hospital, alegando o excesso de recursos humanos, quando dias depois (5 dias precisamente!) vêem a saber que uma colega de curso inicia a vida profissional nesse mesmo hospital que dias antes lhes fechou a porta?

Na minha opinião são demasiados aqueles que se esquecem que para ganharmos experiência temos que começar de alguma forma… com um primeiro emprego por exemplo!!!!! É que por muita educação que os meus pais me deram, havia momentos em que tinha que respirar fundo antes de retribuir da mesma forma com que me falavam! “A menina tem alguma experiência profissional?… Se não tem não vale a pena deixar curriculum.”

Realmente, hoje em dia, o mundo do trabalho não tem espaço para aqueles que têm amor à profissão.”

Marta Almeida

“Sentimento inicial: felicidade e o orgulho, pois, finalmente, o canudo estava na minha mão. No entanto, este momento marcava o início do maior tormento da minha vida. Já todos sabíamos que a ‘coisa’ estava ‘preta’, por isso decidimos pôr pernas ao caminho e começamos a nossa peregrinação de currículos em punho pela capital… Lisboa, pensando que aí seria fácil encontrar emprego. Mas a desilusão foi rápida, dois dias inteiros a ouvir “NÃO estamos a precisar de enfermeiros”. Era assim que iria começar uma longa jornada de seis meses sempre de um lado para o outro, de norte a sul do país, sempre acompanhada de currículos, mas a resposta era sempre a mesma: “Não estamos a precisar…” ou “Queremos pessoas com experiência”. Todos os dias a mesma rotina: ir à Internet e à caixa de correio. O dia inteiro era passado a olhar para o telemóvel com esperança de que naquele dia iria receber o telefonema desejado.

Ninguém compreende o nosso desespero, toda a gente pensa que a enfermagem esta bem e temos emprego com facilidade. Era imensamente doloroso sempre que alguém, me perguntavam “Então, já tem emprego? Não!? Mas isso é porque não queres ir para longe”. Mal eles sabiam que tudo estava em aberto, até ir para o estrangeiro, era tanto o desespero.

Até que um dia se recebe ‘O telefonema’ esperado. A euforia é tanta que nem me importo de ir trabalhar a 600 quilómetros de casa, longe da família e que o contrato é de 3+3 meses e ao fim deste períodos tudo pode voltar à estaca zero.

É assim o (des)emprego na enfermagem, escasso e precário.”

Teresa Pais

Uma oportunidade na Madeira….

Depois de cerca de 6 meses de uma espera angustiante comecei a trabalhar. Partimos, eu e mais duas amigas, naquela que se tornou uma aventura bastante enriquecedora. A Madeira e os Madeirenses acolheram-nos, acreditaram em nós, e deram-nos a oportunidade de começar que aqui ainda não tínhamos conseguido. As saudades marcaram o nosso dia-a-dia mas a vontade de trabalhar, de sermos úteis e de fazermos o que gostamos fez-nos ir à luta e arriscar. Pessoalmente encarei a minha partida como um grande desafio, a mim e à minha vida.

Fomos muito bem recebidas e felizmente tivemos o apoio de amigos madeirense que nos ajudaram bastante. Cada dia transformou-se em ‘mais um dia’ e ‘menos um dia’… Chorei, ri, sentimos muitas saudades, senti-me triste, tive vontade de desistir… mas também aprendi muito apesar de ter estado lá apensa 3 meses. Há 15 dias que regressei ao continente. A minha oportunidade aqui chegou agora.

Natália Bartolomeu

“Após quatro longos e difíceis anos em Castelo Branco, período no qual tirei o curso (entre 2000-2004), tudo o que queria era começar a trabalhar perto de casa (Lamego). Então, após ter enviado dezenas de cartas para vários hospitais, em Julho de 2004 iniciei funções como enfermeira de nível I no Hospital Distrital de Lamego. Quem diria? Parecia que tinha conseguido!! Mas não, nada disso…fui apenas contratada por três mais três meses, ou seja, em meio ano lá andava eu a procurar novo emprego…Após a tentativa em hospitais sem sucesso, tentei a sub-região de saúde de Viseu, ficando então por mais seis meses a trabalhar no centro de saúde de Oliveira de Frades. Aí não foi fácil, ganha-se pouco, tive que alugar casa…mas o importante era trabalhar e ganhar alguma experiência. Antes desse meio ano terminar, e devo dizer que foi num ápice, lá estava eu de novo em busca de emprego…nunca pensei que ser enfermeira fosse tão difícil! Como era possível? Com tanta falta de enfermeiros…

Começou a ser insustentável andar a “saltar” de seis em seis meses…foi então por volta de Outubro de 2005 que me desloquei até Lisboa, onde não conhecia nada nem ninguém e comecei a inscrever-me em todos os hospitais que consegui…voltei para Lamego, e esperei..

Então, em fins de Dezembro de 2005, fui contactada pelo Hospital de Egas Moniz, pedindo-me para iniciar funções em Janeiro de 2006…eu disse sim, mas o medo era muito…Bem, agora aqui estou, por Lisboa, com contrato de tempo indeterminado.

Penso então no futuro dos estudantes de enfermagem…se comigo foi assim, como será com os enfermeiros que ainda se estão a formar?

O meu irmão, com 19 anos, esta agora no terceiro ano…que será dele?”

Mónica Oliveira

“Vida de estudante universitário é dura mas pode ser divertida, vida de trabalhador dura mas é compensadora, mas vida de desempregado…

Enfermagem = Emprego Garantido ? > Não!

Daí começarmos todos a enviar cartas e contactar Instituições de Saúde mesmo antes de acabar o curso para que possamos ter uma [perspectiva] de emprego quando o finalizarmos.

O panorama laboral da enfermagem nacional, mais que conhecido pelos enfermeiros desempregados (sim, há enfermeiros desempregados embora sejam necessários mais no activo), é desesperante para quem acaba contrato, para quem tem contrato e quem não sabe para onde vai quando este terminar e desencorajador para quem procura o 1º emprego.

No meu caso estive 6 meses à espera para começar a trabalhar, acabei o curso no final de Junho 2006, dia 3 de Julho de 2006 tinha a carta de curso e dia 4 estava a fazer a inscrição na Ordem Sul (embora eu seja natural de Viseu). Eu e mais 2 colegas fomos dos primeiros 10 a inscreverem-se na Ordem Sul e mesmo assim não nos deu grande vantagem (aqui está a competitividade em enfermagem) nesta cidade de grande conotação laboral, para conseguirmos mais depressa emprego. Mochila com currículos às costas, mapa da cidade e metro na mão e em dois dias consegui (a pé e com transportes públicos) fazer a a maratona de cobertura de todos os Hospitais de Lisboa incluindo da margem sul. Então porque fui eu logo rumo ao sul? Se haviam colegas de outras escolas do norte, turmas inteiras que saíram meses antes e ainda não tinham emprego, porque haveria eu de conseguir? Mesmo assim enviei 120 cartas, algumas com resposta, mas nenhuma positiva. Acabada a viagem pela capital ainda tentei no norte e centro concursos, idas pessoalmente para entregar currículo, currículo resumido, currículo europeu, currículo com todas as formações em anexo, nada fazia ceder o “não estamos a contratar”, “não temos concurso aberto nem previsão”, “só temos 7 vagas neste concurso (quando no BEP e Jornal anunciavam 10… para onde foram as outras 3?)”, “desculpe mas não estão abertas inscrições e não vale a pena deixar currículo porque não vamos ler nem guardar”. Gastei neste tempo na tentativa de conseguir um contrato cerca de 200 €, em viagens, fotocópias de currículos, cartas, formulários e inscrições em concursos… Para além disto tudo, surge a dificuldade de administrações que para “aviarem” a sua lista paralela de cunhas para entrarem enfermeiros não colocam outros enfermeiros da lista oficial. Também quem é do norte e centro tem a dificuldade de mesmo tendo família no sul ou até mesmo casa, metendo na inscrição a morada desse local não lhe dá garantia de nada visto ter sempre a escola em que se formou que é do norte, o BI emitido no norte, repartição de finanças de uma cidade do norte… és triste ter que se meter uma morada diferente para evitar que a nossa inscrição/currículo nunca sejam lidos.

Só me resta dizer que já estou empregado em Lisboa (recebi telefonema a dizer que tinha sido seleccionado, mesmo na véspera de fazer um Interrail pelo Alentejo e Algarve à procura de uma vaga), posso dizer que com um bom contrato, o qual nunca conseguiria no norte e se o conseguisse seria sem dúvida precário, tendo em conta o panorama nacional, embora saibamos que ainda não há contratos de licenciados. Ainda há colegas do meu curso que ainda não conseguiram o 1º emprego sequer… Depois destes testemunhos ainda há quem tenha a coragem de dizer “não há desemprego” ou “só não tem emprego em enfermagem quem não quer ou não se empenha a procurar ou é esquisito e renuncia ofertas?”. O que é certo é que o desemprego em enfermagem existe e não há funcionário do centro de emprego que não fique perplexo de cada vez que um enfermeiro se inscreve lá. “

Pedro Machado

O Forumenfermagem deu iniciativa aos membros registados de participarem num inquérito intitulado “Que contrato tem?”. Eis as estatísticas obtidas:

Alguns tópicos do Fórum de Discussão que abordam esta temática:

Os enfermeiros e as passas do desemprego!

Como conseguir trabalho em enfermagem? Quais os requesitos?

Enfermagem no estrangeiro como??

enfermagem em portugal,vale a pena?

TRABALHO…..TRABALHO

Quem ou que é que está a tramar os Enfermeiros???

Inércia na Enfermagem

Causas do Desemprego em Enfermagem

Quantos cntinuam sem emprego?

À Procura de Emprego

Trabalhar nos EUA

Escravatura em Enfermagem

Emprego

Sou mais uma desempregada….

Excesso DE Vagas para Enfermagem!!

Desemprego em Enfermagem

O que é preciso para começar a trabalhar?

Centro de Emprego