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A Importância das Emoções no Cuidar

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Aquando da prestação de cuidados de enfermagem como temos que interagir com variadíssimas situações stressantes e com várias personalidades quer de colegas, utentes e famílias, teremos de ter e poder controlar as nossas emoções

Enf. Fernando Martins

Enfermeiro Nível I, Hospital d Santo Espírito de Angra do Heroísmo

O termo emoção é um termo em que o seu significado é um tanto ao quanto conflituoso ao longo dos tempos, esta controvérsia tem-se verificado entre psiquiatras e psicólogos.

Para Goleman (1997) citando o Oxford English Dictionary emoção é … uma agitação ou perturbação do espírito, sentimento, paixão; qualquer estado mental excitado ou veemente.

Goleman refere-se à emoção como sendo um sentimento e aos possíveis raciocínios que daí advém, estados psicológicos e biológicos, e o leque de propensões para a acção.

Este tema por si só garante a discussão sobre quais as emoções que deveriam ser consideradas primárias. Para alguns desses investigadores dever-se-ia formar famílias básicas; mas é um assunto que não é unânime; nesta sequência as principais candidatas são: a ira; a tristeza; o medo; o prazer; o amor; a surpresa; a aversão e a vergonha.

Para Damásio (2000) emoção é um termo que faz sobressair uma das seis emoções ditas primárias ou universais; a alegria; a tristeza; o medo; a cólera; a surpresa ou a aversão.

Na discussão das emoções primárias consegue-se encontrar a importância de outros comportamentos; os quais tem sido rotulados como sendo emoções, mas é nestes comportamentos que surgem as emoções secundárias ou sociais; como sendo a vergonha; o ciúme; a culpa ou o orgulho. Damásio (2000) denomina como emoções de fundo, o bem – estar ou o mal-estar, a calma ou a tensão.

A simbiose entre todos estes componentes não consegue por si só resolver o problema de categorizar a emoção. Tem-se assim o surgimento de combinações, sendo o ciúme um exemplo, na sua vontade de ira que também inclui tristeza e medo.

Exteriormente às emoções encontram-se os estados de espírito, os quais são mais atenuados e duradouros do que uma emoção; por exemplo é raro um indivíduo ter um “ataque “ de ira que dure o dia inteiro, mas em oposição poderá passar o dia num estado de espírito conflituoso e com alguns momentos de ira. Em relação aos estados de espírito encontramos os temperamentos, que define-se como a prontidão de invocar uma emoção ou estado de espírito que torne uma pessoa melancólica, tímida ou alegre.

Assim sendo para que necessitamos de emoções? Segundo Martin e Boeck (1997) as emoções servem para: – Reagir com rapidez perante acontecimentos inesperados; – Tomar decisões com prontidão e segurança; – Comunicar de forma não verbal com os indivíduos.

Assim sendo o cérebro emocional protege-nos de situações perigosas, situações limite, visto reconhecer com maior rapidez e facilidade; colocando em acção mecanismos de defesa pré-programados, facilitando assim a tomada de decisões racionais.

Aquando da prestação de cuidados de enfermagem como temos que interagir com variadíssimas situações stressantes e com várias personalidades quer de colegas, utentes e famílias, teremos de ter e poder controlar as nossas emoções, visto a necessidade de um utente/família não é igual à necessidade de outro utente/família.

Também necessitamos de treino para que se possa ter o controlo e a capacidade de poder reagir às situações inesperadas, como por exemplo uma situação de urgência, para que assim não se coloque em risco a nossa vida e a do utente e de quem nos rodeia; esta tomada de decisões deverá ser feita tendo a segurança em grande ênfase, porque só assim se poderá partir para o resto.

É por isto que as emoções são imprescindíveis para a melhoria da prestação de cuidados, quer para o cuidador, para o cuidado e para a comunidade.

BIBLIOGRAFIA: 

  • GOLEMAN, Daniel – Inteligência Emocional – Temas e Debates – Actividades Editoriais, Lisboa, 1997

  • MARTIN, Doris; BOECK, Karin – O que é a Inteligência Emocional, Editora Pergaminho, Cascais, 1997

  • DAMÁSIO, António – O Sentimento e Si, o corpo, a emoção e a neurologia da consciência – Publicações Europa-América, Lisboa, 2000