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Emigrar para França

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Emigrar para França

Testemunhos na primeira pessoa de colegas que decidiram emigrar para França

Sófia

Bordeús

Acabei o curso de Licenciatura em Enfermagem em Julho de 2009, e desde o momento que tive o meu diploma na mão, comecei a corrida de enviar CVs , primeiro para Enfermagem e depois para todas as áreas e por qualquer ordenado. Bati a todas as portas que sabia que existiam e implorei  para deixar o meu CV, mas na maioria dos casos em que fiz candidatura espontânea disseram-me literalmente “não estamos a aceitar candidaturas espontâneas”. Recebi ofertas de Enfermagem ou para trabalhar gratuitamente ou para trabalhar como auxiliar de geriatria em empresas de cuidados ao domicilio, cujos cuidados eram pagos entre 3 a 4 eur/h diurno/nocturno podendo chegar aos 9 eur/h em caso de ser necessário fazer alguma algaliação ou entubação naso-gástrica. Esperei 11 meses nesta imensa luta diária, em que o meu trabalho principal, passava por enviar CVs e bater a portas a tempo inteiro.

Tudo começou com uma conversa de amigas que numa das muitas tardes de desemprego passada ao sabor da lamentação e do desespero, surge tranquilamente a ideia de ir a internet ver ofertas de trabalho, dentro e fora da área de Enfermagem . Entre várias ofertas para lojas, telemarketing, etc cujos ordenados oferecidos rondavam os 600 euros brutos por mês, surgem algumas ofertas para Enfermagem para Bélgica, França, Suiça e Londres. Lendo os sedutores anúncios em que é oferecido não só trabalho, como curso de Françês, viagem e estadia PAGA, ambas começamos a olhar uma para a outra e a ponderar começar a fazer alguma coisa, uma vez que já se tinham passado 11 meses desde o fim do curso e trabalho zero…

Dias se passaram, mas o primeiro passo já tinha sido dado, tomei consciência de que precisava partir, sem saber bem para onde, mas continuar sem emprego ou com empregos precários estava-se a tornar insuportável para mim e para toda a minha família.

Através da Interim Nation Medicalm empresa francesa com tradutores portugueses, foi-me proposto trabalhar num Hospital geriátrico em França, cuja oferta passaria por cumprir 40 horas de curso intensivo de francês na Alliance Française e depois trabalhar 4 meses em França com um contrato de tempo determinado (CDD). Acabei por aceitar a proposta aliciante, afinal não tinha nada a perder, entre deixar a família, o namorado e amigos e apostar na minha carreira, decidi arriscar na carreira. Tenho 25 anos e um dos critérios de selecção, para com muita esperança, encontrar um emprego de Enfermagem em Portugal, é a experiencia (que no meu caso seria zero) e a idade. Ora eu pensei, se ja vou com 25 sem experiência, com esta taxa de desemprego a aumentar cada vez mais, chego aos 30/35 e as probabilidades de trabalho diminuem ainda mais.  Rapidamente fui á faculdade e á loja do cidadão em Portugal pedir todos os documentos necessários e tratei das respectivas traduções na Alliance Française com a maior brevidade possível, pois em França, ao contrário de Portugal, não existem Enfermeiros suficientes.

Uma semana depois da entrevista comecei o curso de Francês. Uma semana depois completei 40 horas de francês. O curso terminou numa Sexta-feira e na Terça-feira seguinte estava em França com casa. Na quarta-feira da mesma semana estava a trabalhar. Esta velocidade deve-se realmente à falta de Enfermeiros que existe em França. Lembro-me de olhar para o espelho e pensar: Estou maluca, passei-me completamente da cabeça, mal falo francês mas já tenho a mala pronta e daqui a 3 dias estou a trabalhar como enfermeira, parece mentira… (Conselho nestas situações: Quanto menos se pensar melhor, faz-se e pronto. Quando pensamos adiamos ou não fazemos). Os maus pais penso que só se acreditaram que eu ia mesmo partir, quando me deixaram no aeroporto…

Em 15 de Fevereiro de 2011 fez 10 meses que tomei a decisão de, com 15 dias de antecedência, avisar a família e amigos dizendo que ia sair de Portugal para trabalhar em França como enfermeira. Alguns disseram que ia acabar por voltar para Portugal, outros disseram que vinha e que nunca mais voltava e de facto, passados 10 meses, reconheço que estes últimos tinham razão…

Não vou mentir, passei bastantes dificuldades desde que cá cheguei, essencialmente devido á barreira da Língua e à falta de confiança em mim mesma que se instalou desde que esperei e desanimei em Portugal à espera de um trabalho promissor que me permitisse exercer a minha profissão. Parecendo que não, todos estes factores, a mim em particular, acabaram por afectar o rendimento do meu trabalho. Portanto acabei por mudar de emprego 5 vezes e de cidade 2 vezes desde que cá cheguei, até encontrar uma especialidade em que me sentisse perfeitamente realizada. Sinto que não tenho o mínimo perfil para trabalhar em geriatria, muito menos a um ritmo alucinante, como me foi exigido devido á incrível escassez de enfermeiros nos serviços. Acabei por procurar uma área de especialidade que me interessa realmente por um ordenado bastante interessante, numa cidade espectacular!

A Interim Nation Medical cumpriu com tudo aquilo que prometeu inclusive a viagem para França e todo o alojamento durante todo o tempo que trabalhei para eles. Sobre a empresa só tenho a dizer que me recrutaram a mim e a mais uma colega ao mesmo tempo com imensa rapidez para começar a trabalhar num hospital geriátrico em Marselha. Deram um curso de francês associados á Alliance Française que até foi pago por eles.

O problema que se passou comigo especialmente, foi ter calhado num serviço em que o ritmo de trabalho era demasiado elevado tendo em conta o meu nível de francês de 40h (que para quem não falava francês antes, não é NADA) e a falta de experiência hospitalar. Em cima destas condicionantes vem o facto de que, como existe muita falta de enfermeiros, os que são recrutados pela Interim são maioritariamente colocados em serviços onde há IMENSA sobrecarga de trabalho para apenas 1 enfermeiro.

Portanto ao fim de um mês a Interim achou melhor transferir-me para Bordéus para uma maison de retraite (lar de idosos) dizendo que o ritmo de trabalho era muito mais tranquilo e que seria mais fácil para treinar e aperfeiçoar o francês. Eu aceitei, eles mais uma vez trataram de tudo, alojamento e ainda me pagaram o bilhete de comboio de Marselha até Bordéus. À chegada um outro português que trabalhava na mesma maison de retraite (também ele por intermédio da Interim) para onde eu iria, veio-me buscar à estação e apresentar-me ao serviço. Depois de conhecer o estúdio onde ia ficar em Bordéus , falei a Interim e pedi que me procurassem uma outra casa porque não me sentia bem onde estava, e eles assim o fizeram, sem eu ter de pagar nada.

O problema que eu voltei a encontrar, foi mais uma vez a sobrecarga de trabalho para 1 enfermeiro sozinho, pois na maison de retraite voltou a passar-se o mesmo, mal tinha tempo para comer e o trabalho bastante pesado. Conclusão, desisti de trabalhar por intermédio da Interim e comecei a procurar trabalho de forma independente. Fui chamada de imediato para começar a fazer pequenas “missões” de 1 a 2 dias em diversos hospitais de Bordéus e depois consegui um contrato no bloco operatório numa clínica (também em Bordéus) onde fiquei algum tempo. Mais tarde por questões de ambição profissional, candidatei-me a um Centro Hospitalar Universitário, também para o bloco e é onde estou até hoje.

Conheço outros colegas que vieram também pela Interim, alguns em que a experiência foi melhor que a minha , relativamente ao serviço onde calharam, outros que acabaram por fazer como eu, e candidataram-se independentemente da empresa. A meu ver, penso que a empresa me ajudou a entrar em França, a dar-me um domicilio para que depois eu pudesse fazer tudo o resto, pois, tendo domicilio posso abrir conta bancária, trabalhando no mínimo 100 horas (não estou certa deste valor) posso inscrever-me na segurança social por forma a poder descontar sem ser através de número provisório etc…etc… Pois para começar a trabalhar na clinica e no hospital tive necessidade de ter a “carte vitale” (cartão de segurança social) e de me inscrever na ADELI e na Ordem dos Enfermeiros em França, coisa que para trabalhar pela Interim não é necessário uma vez que estamos sempre ligados à Interim para tudo. Na verdade o contrato que fazemos quando cá chegamos não é com o hospital mas sim com a Interim, ou seja tudo o resto é também em nome da Interim, casa, número de segurança social etc..

Um conselho que daria para quem não tem familiares em França e não pensa ficar, é num primeiro momento vir pela Interim pois tratam e pagam tudo, mas se tiverem cá familiares aconselho a enviarem os currículos de forma individual directamente para os hospitais, pois terão mais probabilidade de encontrar e escolher um serviço que gostem e da área onde querem investir a carreira profissional. A Interim é bom para ganhar dinheiro (pois quando não se paga casa, o salário torna-se maior) de forma provisória. A Interim pode ser interessante para quem não tem familia fora e nunca saiu de Portugal para trabalhar, pois acaba por nos dar as primeiras directivas de “sobrevivência” num pais estrangeiro. Mas para que tudo corra bem é preciso ter sorte e calhar num serviço que, pelo menos, não nos traumatize, se não o resultado final pode ser o desânimo e a viagem para Portugal com a vontade de não voltar a sair do país.  Penso que é importante na entrevista com a Interim perguntar exactamente qual é o serviço e a quantidade de doentes para cada enfermeiro, assim como a localização exacta do hospital ou da maison de retraite, pois é frequente eles “venderem o produto” numa cidade central e acabar por ser a 20,30 ou 50km de distancia, e parecendo que não, para quem gosta de cidade torna-se desagradável viver numa vila rodeada de galinhas e trabalhar num lar de idosos, como soube que se passou com alguns colegas enfermeiros.

Reconhecimento social em França

Hoje, uma das observações que frequentemente ouço por parte dos Franceses diz respeito á imensa motivação e receptividade que demonstro relativamente ao trabalho que faço mesmo num país diferente, num serviço de especialidade que nunca tive o prazer de conhecer, e acima de tudo, numa língua diferente. O que eles não sabem é que aqui um enfermeiro francês sai da Escola formado numa sexta-feira de manhã, durante a tarde envia o seu CV sem nenhuma experiência profissional e mesmo ainda sem o diploma na mão, na segunda feira é chamado para uma entrevista para um grande hospital central para um serviço de especialidade, e na terça-feira da mesma semana está contratado com um contrato de duração indeterminada (CDI) que quer dizer, nem mais nem menos, Contrato Efectivo. Ao fim de um mês, esse mesmo enfermeiro tem direito a receber um salário justo relativamente à classe profissional que representa aqui em França. Ou seja, quando uma enfermeira como eu desesperada por trabalho encontra uma oportunidade como esta, agarra-se com unhas e dentes e dá o melhor que tem e o que não tem.

Observação rápida: Uma pessoa com o curso de 4 anos de Licenciada em Enfermagem em Portugal, consegue ganhar menos 1/3 que uma pessoa com um curso de “Infirmier” de 3 anos, considerado “não universitário”.  E não, o nível de vida aqui não é 1/3 mais caro que em Portugal, em algumas coisas (por exemplo: carros, combustível e supermercado…), consegue mesmo ser mais barato que em Portugal.

Confesso que depois de muita lágrima, tanta mudança e de tudo deixar, aprendi e cresci muito a todos os níveis, descobri a coragem e a força que não imaginei que existiam em mim, ao ponto de jamais sentir vontade de voltar para Portugal, mesmo quando as adversidades eram evidentes. Aqui, encontrei uma casa óptima, comprei um carro francês, conheci amigos (enfermeiros portugueses, enfermeiros espanhóis e enfermeiros franceses) , tratei de todos os documentos legais de segurança social e afins, abri horizontes e hoje orgulho-me! Sim, em 10 meses aqui fiz mais que em 2 anos em Portugal, pois a sede de me tornar independente era imensa. Tenho noção que o desafio ainda não fica por aqui…. mas o pior está feito e a partir de agora tudo será mais fácil. Se consegui tudo isto sozinha, nada mais me inibirá de fazer seja o que for!!

Tudo é possível, e a vida começa quando nós queremos, basta acreditar que merecemos…!

Muitissima confiança e determinação para todos os Enfermeiros Portugueses, pois a sorte virá por acréscimo…

Paula Pereira

Languedoc-Roussilon

Chamo-me Paula Pereira e terminei o curso de enfermagem em Julho de 2009. Dediquei-me durante quase meio ano à pesquisa de emprego, crente de que ia efectivamente encontrar a minha oportunidade.

Como a minha expectativa saiu frustrada, decidi arriscar numa solução drástica. Respondi a um anúncio colocado pela Intérim Nation Medical (uma empresa de recrutamento francesa, sediada em Paris – http://www.interim-nation.fr) para um posto de trabalho, numa clínica de post-cure em Psiquiatria (http://www.sensevia.fr), na região de Languedoc-Roussilon.

No dia a seguir estavam a telefonar-me para me fazerem uma pequena entrevista e avaliarem o meu nível de francês. E a partir daí incentivaram-me a estudar essencialmente os termos técnicos da enfermagem, em francês, assim como os protocolos da instituição no que se referia às funções do enfermeiro e aos psicofármacos mais utilizados.

Durante um mês e meio preparei a minha partida. A documentação necessária foi facilmente obtida e  a empresa de recrutamento ajudou-me bastante, também, nos aspectos logísticos, informando-me sobre os locais onde precisava dirigir-me.

Necessitei dos seguintes documentos: certidão do assento de nascimento que pedi no Registo Civil da minha área de residência; tradução do meu certificado de habilitações académicas, que efectuei junto da Alliance Française; declaração da Ordem dos Enfermeiros que atesta que as nossas qualificações profissionais estão de acordo com a directiva 2005/367CE do Parlamento Europeu. Mas consoante a empresa de recrutamento, os documentos pedidos podem ser diferentes.

Posso dizer-vos que adorei a experiência! Que foi assustador, foi. E convencer os pais não foi tarefa fácil. Mas valeu muito a pena. Em termos de adaptação pessoal e social não senti grandes dificuldades, felizmente. Senti-me realizada, apoiada, valorizada, bem acolhida e respeitada. As colegas que me acompanharam, a equipa que integrei e os meus doentes deram-me muita força. E a minha força de vontade fez o resto.

Ajudou e muito, também, o facto de me ter apaixonado, desde o primeiro minuto, pela beleza de Ósseja e toda a sua envolvência. Ósseja é uma vila fronteiriça com a Espanha, situada a uma altitude de 1250m no seio dos Pirinéus Orientais. Serenidade, ar puro, um invulgar silêncio, neves caprichosas e possibilidades sem fim para passeios deslumbrantes pela natureza e para a prática de sky são alguns dos ex libris deste local.”

As fotos referem-se a paisagens de Ósseja o local onde permaneci e trabalhei. Outra é alusiva à festa de despedida, no final do contrato de 4 meses. Depois decidi voltar para Portugal e tentar novamente a minha sorte.

Joana Pedroso

Paris

Terminei a licenciatura em Julho de 2008, enviei curricula para tudo o que era ligado à saúde e esperei… até Novembro de 2008. Esgotei a paciência, esgotei a minha capacidade de estar em casa sem trabalhar, conclusão, soube por uma amiga da possibilidade de trabalhar em Paris. Problema: não falava francês! Mas como precisavam de enfermeiros, arriscamos, metemos a mochila ás costas e apanhámos um avião.

A oportunidade de emigrar para França foi-nos dada através de uma colega de faculdade, que já lá estava há 1 ano, e teve alguma facilidade porque tinha lá família. Não fomos por intermédio de empresa (e sinceramente muitas das propostas que vi de agencias, depois de estar em França, eram absurdas, os valores de salário eram bem mais baixos que os praticados lá). Em relação às burocracias para poder emigrar: documento da OE autenticado como a licenciatura é válida na UE traduzido para francês e autenticado pelo consulado francês (os documentos podem ser traduzidos na Alliance Française no Porto), diploma traduzido e também autenticado pelo consulado francês, BI e cartão de vacinas em dia. Depois em França, tem de se procurar uma instituição chamada DASS, que é quem valida o exercício da profissão em território francês (embora seja UE eu fui sujeita a um teste em francês relativo a acções de enfermagem, sendo o objectivo não avaliar como enfermeiros, mas a escrita em francês).

Chegamos a Paris no dia 18 de Novembro de 2008, tínhamos um casal conhecido que nos apoiou. Fomos alojadas, imaginem só, pela dona da clínica para onde fomos trabalhar. Começamos a trabalhar no dia seguinte, sem falar, sem conhecer sequer a rua onde morávamos… fomos muito bem recebidos pelos colegas. A nossa integração (1 mês), foi basicamente para aprender o francês. Tivemos de imediato um contrato a termo indeterminado, com um horário bom, com fins-de-semana alternados livres e uma boa remuneração mensal. Fomos apoiados não só na integração, mas também no alojamento e deslocação (emprestavam bicicletas ou pagavam metade do passe), mobilavam-nos a casa.

Na maioria das situações de pedidos de enfermeiros para França a instituição onde vamos trabalhar arranja alojamento (assim não temos de dar 3 meses de adianto da casa), e mobila a casa com o indispensável. Em relação ao falar francês… simplesmente não falava. Tive umas horas de francês com uma explicadora, que pouco serviram porque eu desenvolvi realmente na prática.  A clínica proporcionou-nos uma professora de francês,  tínhamos aulas 1 a 2 vezes por semana. Mas sem dúvida foram os meus colegas de equipa que me apoiaram e ensinaram, imagina o que é uma passagem de turno em francês sem perceber nada? Não foi fácil… a primeira vez que apanhámos o metro perdemo-nos 2h, como não sabíamos os números em francês era difícil pagar quando nos diziam o valor. O nosso grande apoio foi a própria dona das clínicas  (Ambroise Paré, Pierre Cherrest e Hartman) que nos recebeu em casa dela no inicio, que nos levava de manha para trabalhar, que criou condições para que lá ficássemos. Inicialmente éramos 3 enfermeiras portuguesas, mas como nos pediram para saber se tínhamos colegas portugueses para lá trabalhar, contactamos os nossos amigos que não tinham trabalho cá, ou seja, quando vim embora éramos 15 portugueses, muitos deles casais. E continuam a pedir enfermeiros portugueses porque realmente somos bastante valorizados e reconhecidos lá fora.

Eu trabalhei no serviço de Cirurgia Vascular e Ortopedia e a minha amiga no Serviço de Urologia e Cirurgia Visceral. Sem dúvida que os enfermeiros portugueses tem uma formação melhor que os franceses. Somos mais eficientes e o nosso grau de preparação na prática é sem duvida muito bom. No entanto, também sofremos algumas. Já sentiram na pele a xenofobia? os pacientes no inicio, por não falarmos correctamente o francês, criticavam. No entanto, as chefes dos serviços defendiam-nos.

O meu salário base eram 1800 euros mais o prémio de assiduidade (300euros) e como fazia horário nocturno (20h-8h) ganhava subsidio de noite, em média e sem turnos extra 2200euros, 35h/semana (atenção que estes valores são referentes a uma instituição privada, no público os salários base rondam os 1400euros, mas com subsidio de férias.

A minha equipa de trabalho, embora com nacionalidade francesa eram oriundos dos 4 cantos do mundo. Ilhas Martinique, Rép do Congo, Costa do Marfim, Argélia, Marrocos, Líbano, Colombia, Bélgica. Quanto ao trabalho desenvolvido entre equipas multiculturais, óptimo! Como em todo lado há bons, maus e médios! E com humildade de perguntar quando não se sabe! Nota-se claro, as diferentes religiões e costumes, mas não me deparei com nada de grave ou imposição de cultura, aliás, muito respeito pela diferença. Esta experiência deu-me uma capacidade de integração em qualquer parte do mundo, perdi o medo de sair do “ninho” e ser uma cidadã do mundo.

Estive 1 ano e meio em Paris, regressei porque além da família, o meu namorado estava em Portugal. Hoje estamos juntos e integrei a equipa de trabalho do Hospital de S. Camilo em Portimão, embora longe da família (sou de Braga) tenho uma pessoa muito importante ao meu lado. Não se pode ter tudo 😉 Aconselho vivamente, sejam enfermeiros ou não, a experimentar outro país, a aprenderem outra lingua, a aprenderem outra cultura, a ter contacto com situações na medicina e na enfermagem, que em Portugal tão cedo não vão conhecer.