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Emigrar para o Reino Unido

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Emigrar para o Reino Unido

Testemunhos na primeira pessoa de colegas que decidiram emigrar para o Reino Unido

Ismália de Sousa

Londres

Estávamos em Setembro de 2009. Depois de três meses de férias, a segunda “corrida às capelinhas” (sendo que a primeira é aquela no dia que se segue à inscrição na Ordem dos Enfermeiros). Naquela altura já mais nada restava a fazer senão esperar, esperar que as mil e uma “fichinhas” preenchidas dessem fruto ou, então, que aquele alguém que conhecemos num determinado hospital fizesse o “jeitinho”. A “cunha” sempre foi a maior agência de recrutamento nacional e o momento já era de crise!

Durante as férias enviei o currículo para uma agência com sede na Finlândia que estava a recrutar enfermeiros para trabalhar em alguns hospitais de Londres. Duas entrevistas por telefone e, depois de uma promessa telefónica de possível emprego, a empresa, curiosamente, nunca mais disse nada! A uma outra agência em Lisboa que estava a recrutar enfermeiros portugueses para o Reino Unido, enviei o currículo em inglês e fui à entrevista. Fui seleccionada pela empresa, mas tudo ficou em águas de bacalhau. Até ao dia de hoje podia continuar à espera…

Num destes dias de férias como desempregada e sem direito a “Novas Oportunidades”, depois de ter interiorizado o quanto estava difícil arranjar um emprego como Enfermeira em Portugal descobri, no Googl,e o site do Serviço Nacional de Saúde Britânico, o NHS, e resolvi inscrever-me. O site permitia algo fantástico: no aconchego do lar, com um simples clic, enviar currículos para os diversos hospitais que estavam a recrutar enfermeiros. Recebi tantos Nãos que lhes perdi a conta, mas fui persistente.

Na primeira vez que visitei Londres, apaixonei-me por esta cidade. Estava no princípio da minha adolescência quando o meu irmão veio para cá viver e, para além dele, sempre houve algo mais que me ligava a esta cidade. Na Faculdade, candidatei-me ao Programa ERASMUS. Fui para Helsínquia, na Finlândia, durante 3 meses e experienciei a cultura nórdica. O facto de ser filha do ERASMUS abriu-me, ainda mais o meu horizonte.

Entretanto, em Setembro ofereceram-me emprego no meu último local de Ensino Clínico. Comecei a pensar seriamente na minha carreira enquanto enfermeira e, irreversivelmente, no salário. Recusei a oferta. Em finais de Setembro, num dos meus dias de desemprego/férias recebo um e-mail do site do NHS a dizer que tinha sido seleccionada para uma entrevista no King’s College Hospital, para um serviço de Medicina. Depois, seguiu-se a do Imperial College Healthcare NHS Trust e a do Royal Bromptom Hospital. No final de Outubro de 2009 de três entrevistas, tinha sido aceite em duas delas. A minha escolha? O Imperial, onde iria abrir um dos 8 serviços de doentes agudos com AVC.

Quando voltei a Portugal tinha um emprego que me oferecia melhores oportunidades de carreira. Tinha um melhor salário e, talvez este meu emprego não me iria deixar com aquele sentimento de estagnação no tempo que eu tinha medo de sentir se trabalhasse em Portugal. A rotina do dia-a-dia, sem mudanças, sem formações em serviço, a subordinação ao Sr. Doutor, o não reconhecimento do enfermeiro como sujeito imprescindível na equipa multidisciplinar, a prestação de cuidados que em nada reflectiam os meus quatro anos de aprendizagem devido ao rácio enfermeiro-doente.

Não acredito que tenha havido um dia, um momento em que tomei uma decisão. Acho que a fui tomando com o desenrolar do tempo. Acho que me fui preparando para uma eventual saída da zona de conforto. Não digo que seja fácil. É difícil! É difícil abdicar daquilo a que já estamos habituados Não é uma decisão que se tome de um dia para o outro. É preciso ter coragem, q.b de loucura e ser-se inteligente o suficiente para se perceber que este não é o nosso país e que, no meio de tantos, há dois caminhos possíveis: ser-se mais um no meio de muitos ou um no meio de muitos!

Posso dizer que não tive uma integração à vida profissional como pensava que ia ter. Turnos sem doentes, atrás de um colega que já trabalha no serviço há mais tempo? Não soube o que era isso! Escolhi um serviço que estava a abrir, disse onde queria os monitores cardíacos, escolhi o local onde iria ser guardada a medicação, como iria ser armazenada, onde iriam ficar as máscaras de Oxigénio, os cateteres de aspiração, e por aí fora. No meu primeiro dia de trabalho, fui deixada à solta, com doentes para cuidar. Lançaram-me aos lobos e esperaram que eu me desenrascasse. Para além de prestar cuidados ainda tinha de estar, ao mesmo tempo, a perceber toda a papelada. Termos técnicos, que não tinha estudado, nomes de medicamentos que eram diferentes, folhas de registo que nunca tinha visto na vida. Numa palavra: o pânico. O meu primeiro doente morreu na véspera de Natal e a partir do dia de Natal, passado a trabalhar, o serviço tornou-se também meu.

Apesar de nunca, em momento algum ter posto a hipótese de regressar a Portugal, como muitos dos meus novos colegas acharam que eu iria fazer, como acredito que muitos seriam capazes de fazer se tivessem na mesma situação que eu, acho que lhes mostrei que sou uma sobrevivente e que não desisto tão facilmente. A minha convicção, o meu desejo em aprender, a minha capacidade de superar os obstáculos, aliás, de dar cabo deles deu frutos. A chefe de equipa com que fiquei na minha primeira semana e que me disse, por outras palavras, que eu não era boa enfermeira, agora diz-me que faço um óptimo trabalho e que agiu como agiu comigo no princípio por achar que era parecida como ela… Whatever! E, quanto às enfermeiras que começaram depois de mim, integrei algumas, eu, a recém-licenciada que veio de Portugal e que, talvez, no meio de todas as minhas outras colegas era a que sabia menos. Hoje é diferente, até porque já me pedem conselhos.

Passou um ano desde a minha mudança de vida, desde que saí da minha zona de conforto e me mudei para Londres. Arrisquei e vim para aqui. Depois de já ter voltado a Portugal, não me arrependo da decisão que tomei. Acho que nunca me vou arrepender. Perguntam muitas vezes se penso em voltar e não sei responder. Nunca sabemos o dia de Amanhã, mas sinto que a minha missão neste país e no serviço onde trabalho ainda não acabou. E, para além disso, há muito de encanto nas terras de Sua Majestade!

Diana Bernardino

Norwich

A minha história não é de aventura, mas sim de sobrevivência e de realização, talvez uma história com a qual muitos dos colegas se identifiquem. Em Julho de 2009 completei a minha licenciatura em enfermagem, como muitos de vocês, e estava preparada para entrar no mundo do trabalho, como muitos de vocês. O monte de CVs e envelopes no banco do passageiro do carro e lá fui eu em procura de emprego. O entusiasmo era muito no inicio, mas depressa esmoreceu. Quatro longos meses passados e nada. Todos os dias (varias vezes por dia) ia verificar se havia novas propostas no fórum, e nada. Ate que um dia uma colega de faculdade, (numa daquelas conversas de “já tiveste alguma resposta?”) atirou para o ar: “e que tal tentarmos Reino Unido?”

E tentamos. No fórum havia imensos anúncios de emprego para o estrangeiro, escolhemos um, e entramos em contacto com uma agência (HCL). Em espaço de dias entraram em contacto comigo, traduzi o CV com a ajuda do Google Translate, e esperei fervorosamente por uma resposta.

Foi uma experiencia surreal. Depois de várias entrevistas por telefone, em inglês, no espaço de duas semanas estava a voar para Londres para uma entrevista de emprego, que devo dizer que não correu muito bem. Aprendi a minha custa que ser sincero numa entrevista não funciona, facto em que muito inocentemente eu acreditava. Felizmente tive uma segunda oportunidade, que correu bem. Ofereceram-me um emprego, que eu aceitei de bom grado. Custou deixar a família e o namorado em Portugal, mas a minha realização profissional e sanidade mental estavam primeiro na minha lista de prioridades.

Tive sorte quando vim para Norwich, éramos um grupo de 8 enfermeiras, e tivemos muito apoio da parte do hospital. Acompanharam-nos em tudo, desde abrir conta bancária, registo no centro de saúde, acomodação, e ate tivemos direito a uma volta pela cidade. No inicio tivemos também duas semanas de introdução e adaptação em ambiente hospitalar e sessões para revermos politicas do hospital, estrutura dos cuidados de saúde do pais, etc. No aspecto financeiro, o hospital ajudou-nos, e no inicio havia a hipótese de pedir um avanço, para ajudar em despesas relativas a acomodação, etc.

Posso com orgulho dizer que trabalho há um ano no Norfolk and Norwich University Hospital como Recovery Nurse, adoro o meu trabalho e mesmo se pudesse, não voltava atrás com a minha decisão. O grupo de enfermeiros portugueses no NNUH já cresceu, e somos agora perto de 20. Apenas um de nos voltou para Portugal, e vários colegas trouxeram os respectivos parceiros para cá. A lguns aspectos são mais difíceis de ultrapassar, como a chuva e a distância, mas o facto de termos cerca de 7 semanas de férias durante o ano ajuda, e torna-se relativamente fácil voltar a Portugal e matar as saudades.

Trabalhar no UK é uma experiencia fantástica, multicultural, quer queiram uma vida sossegada num sítio calmo como em Norwich, ou uma vida mais agitada e glamorosa num sítio fantástico como Londres. Recomendo.

Ana Valinho

Norwich

Vamos por completamente de parte as labels, shall we? Não progredi na vida, aventurando-me numa grande mudança, para ter uma label como emigrante, que mais me faz lembrar as paletes de portugueses em França que anualmente desde há uns 30 anos vão a Portugal esbanjar o muito dinheiro que ganham, ricos eles! Vamos esquecer os tantos comentários, mitos, testemunhos que toda a gente ouve e se fascina ou se choca. E tudo precipitadamente leva à formulação de ideias feitas, que não são minhas nem tuas, são só a experiência de alguém.

Portanto, isto é só o que se passou comigo, e continua a ser tão bom que espero que mais pessoas tenham tanta ou mais sorte e ousadia.

A decisão de querer viajar é tão remota como a de vir a ser enfermeira. Não vim para fora do meu país pelos problemas de empregabilidade, as degradantes condições de trabalho, ou a não-perspectiva de progressão na carreira. Sei o que é lutar pelos direitos dos estudantes de enfermagem e pelos direitos na profissão. Passei 4 anos a fazê-lo. Simplesmente queria trabalhar lá fora.

No dia seguinte a entusiasmadamente recebermos o diploma em Julho/2009, Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian de Lisboa, desatei a enviar CV’s e o diploma digitalizado por mail, para diversas agências de recrutamento para Londres/Inglaterra. Atraía-me outros países como a Suécia, onde fiz Erasmus, contudo convinha ter um sueco fluente quando só tenho o básico. Pela língua e pela consciência de que o National Health Service (NHS, o SNS inglês) prima, pelo menos, pela justiça perante o empregado, pela garantia de progressão de carreira, pelos esforços concretos de melhoria e por ter dinheiro, optei por Inglaterra. Londres porque é a NY da Europa!

Tratei o mais rapidamente da papelada para a Nursing and Midwifery Council (NMC, a OE inglesa), decidi faze-lo autonomamente, sem o envolvimento de nenhuma agência.

Entrevistas por telefone quase me levaram a um dos maiores hospitais públicos de London, onde começaria em Setembro desse ano, quando a ProfCo cancela a 3ª e ultima entrevista porque o hospital entretanto optou por colocar enfermeiros ingleses. Fine. Next! Iniciei processos com a Best Personnel, Kate Cowhig International, etc. e não tive sorte pois as propostas que iam surgindo ou não me interessavam ou simplesmente não estavam a andar para a frente, ou não me suscitavam confiança, e eu, incansavelmente, a insistir. Pediam de tudo, documentação oficial e também outros como descrição de competências adquiridas em cada estágio do curso.

Há uma razão para tudo. Nessa época despoletava a Gripe A, acabei por entrar para a Linha Saúde 24 e ter uma experiência de enfermagem curiosamente interessante, numa equipa pró-activa que tanto fez, e faz, pelo SNS. O tempo ia passando, outras razões fundamentavam o facto de eu continuar em Lisboa, e não havia problema. A certa altura já sabia que haveria de ir, mais cedo, ou mais tarde, quando fosse devido. Apesar da underlying revolta, tranquilizou-me pensar assim. Ter a Saúde 24 como sustentação ajudou claro. Estava a fazer 4 meses a trabalhar na central.

Ligaram-me da HCL International a propor emprego no Norfolk and Norwich University Hospital (NNUH). A impressão imediata de desagrado era óbvia, eu queria Londres. Lá me falaram das pequenas maravilhas de Norwich, mesmo como quem, legitimamente (sublinho!), vende o peixe, até que acabei por aceitar a entrevista (mal eu sabia que esse telefonema já era a primeira entrevista). Mais telefonemas subtis a entrevistar-me até à marcação da entrevista ao vivo com a agência, os recursos humanos do hospital e algumas enfermeiras seniores que vinham a Portugal, mais precisamente ao Porto. Perguntas estratégicas, avaliação do inglês em simultâneo, teste escrito de inglês, teste de drug calculation… Estava a acontecer. Agora Maria volta para Lisboa e depois ligamos-te a informar o resultado. Esperei dias. No último turno da Saúde 24 recebi O telefonema. O NNUH tem todo o prazer em oferecer-lhe emprego (!).

Tive 2 semanas para me orientar no tempo, espaço e pessoa. Custa dizer até já às pessoas que mais amamos e adoramos, claro que custa, mas é uma mega aventura que aí vem! E a ambição nesse momento, é tudo.

You can have anything you want in your life, if you sacrifice everything else.

A adaptação foi deveras fácil. Depende da personalidade da pessoa, principalmente. Depende do facto de se gostar do hospital/serviço. Depende de haver pessoas à volta com quem podemos começar a confiar a nossa amizade e sentirmo-nos confortavelmente mais apoiados. Havia mais portugueses a começar comigo e mais outros que já cá estavam e nos receberam, o que tornou tudo mais familiar.

O hospital foi impecável na integração dos profissionais estrangeiros, já está treinado nesse processo. 2 dias depois a chegar à cidade, tivemos a primeira reunião no hospital, onde cada um foi informado em que serviço/unidade iria trabalhar e assinámos o contrato. 2 semanas de introdução à NHS e ao NNUH: interiorização de muitos protocolos, regras, guidelines… seguindo-se o começo de cada um no seu serviço. Não posso dizer que foi piece of cake, porque sinceramente não foi. Estou numa unidade muito busy dentro do departamento de urgência e nem a minha experiencia de ambulância e serviço de urgência em Portugal me valeu! Ajudou claro! Mas os desafios foram muitos. Genericamente, todos os meus colegas apoiaram, ora admirando a coragem de quem se aventura assim, ora mostrando alguma condescendência perante uma miúda ousada demais. Leva tempo, e é o tempo que mais ajuda. Digam o que disserem, facilita dominar o inglês. Isto parece-me óbvio e decerto que trabalha num meio como o hospital compreende facilmente a imprescindibilidade de falar e compreender a língua usada. Vejam o ER ou a Grey’s Anatomy sem legendas avalia o quanto compreendes!

11 meses depois faço um balanço altamente positivo. Só cá estou porque continuo cheia de entusiasmo, se não já teria mudado! Nada é irreversível, portanto, mais vale arriscar.

Agradeço ao Fórum Enfermagem a oportunidade de poder partilhar este pedaço da minha vida em tamanha escala, esperando que seja útil aos enfermeiros e wanna be’s que o leram.

Claudia Fernandes Soares

Londres e Galiza/Canárias

O meu nome é Cláudia Soares, tenho 26 anos sou enfermeira desde 2007 e neste momento trabalho no Royal Brompton Hospital, na unidade de cuidados intensivos, em Londres.

Toda a minha experiencia profissional é no estrangeiro, primeiramente em Espanha e mais recentemente em Inglaterra. Considero que não seja uma decisão fácil, acabar o curso e decidir trabalhar para outro país, mas atendendo aos dias de hoje e as dificuldades que a nossa profissão atravessa, são poucas as alternativas que nos restam.

Espanha, Inglaterra e França, são hoje as alternativas mais comuns para os enfermeiros portugueses. São países que nos proporcionam boas condições de trabalho e desenvolvimento profissional.

Da minha experiencia quer de Espanha quer de Inglaterra, posso dizer que os primeiros passos são muito semelhantes.

Primeiro de tudo procurar uma agência de emprego. No meu caso quando decidi vir trabalhar para Londres, entrei em contacto com a HCL international, através de um anúncio postado no Forumenfermagem. A HCL ajudou-me e todo o processo, orientou-me em termos de documentos adquirir, na preparação para a entrevista no Hospital, o que fez com que tudo fosse muito mais fácil. Considero que ter uma entrevista de trabalho em Maio em Londres e em Agosto ter começado a trabalhar, tenha sido um tempo razoável de espera. Pelo que considerei de certa forma todo o processo muito simples.

A adaptação a Inglaterra foi um bocado difícil, é uma cultura muito diferente da nossa, é uma cultura mais fria. Mesmo no que diz respeito ao trabalho considero bastante diferente, comparando com Espanha e com Portugal, o que a princípio causa alguma ansiedade e preocupação, especialmente por causa da barreira linguística. Mas tudo é uma questão de tempo e de capacidade de adaptação a novos ambientes. Como estou aqui relativamente há pouco tempo, não tenho ainda muita experiencia a relatar, uma vez que ainda sou uma turista nesta cidade, em fase de adaptação.

A minha experiencia profissional em Espanha, pode ser dividida em duas partes, não propriamente cronológicas mas sim geográficas, uma vez que a parte da minha experiencia foi obtida no norte de Espanha , e outra parte nas ilhas Canárias. No que concerne ao Norte de Espanha, refiro-me mais propriamente a Santiago de Compostela e a Vigo. Em Santiago de Compostela foi onde inicie a minha actividade profissional e Vigo foi a ultima cidade de Espanha onde trabalhei. Considero que a única vantagem de trabalhar na Galiza, é única e exclusivamente a proximidade geográfica com o norte de Portugal. Digo isto porque as condições de trabalho não são propriamente as melhores e assemelham-se um pouco à realidade portuguesa, principalmente em termos de horas de trabalho e salários. No que diz respeito às ilhas Canárias, trabalhei em Tenerife, mais propriamente em Santa Cruz, num Hospital pertencente à Ordem São João de Deus. Devo dizer que é uma parte de Espanha onde realmente vale a pena trabalhar, primeiro a cultura, o clima e toda a envolvente fazem com que a adaptação ao meio seja muito fácil, e segundo as condições de trabalho são boas e o nível de vida é consideravelmente barato. A barreira linguística praticamente não existe, ou pelo menos considero mais fácil que em Inglaterra.

Devo sublinhar que nos dias que correm conseguir trabalho em Espanha, é mais difícil que há quatro anos atrás, uma vez que o mercado por assim dizer está mais saturado e o país também atravessa uma grave crise económica. Pelo que também hoje em dia uma das maiores dificuldades em Espanha é conseguir trabalho permanente no Sistema de Saúde Publico, uma vez que as vagas são mais limitadas, e os concursos obrigam a fazer um exame nacional para qualquer posto permanente.

O que limita a que a maior parte do trabalho seja no sistema de saúde privado, considero atendendo à realidade de Tenerife que as condições são boas no sistema de saúde privado, mas não posso dizer o mesmo da Galiza, uma vez que considero as condições mais precárias.

Comparando Espanha e Inglaterra, na minha opinião o que torna Inglaterra um mercado de trabalho mais atractivo é a possibilidade de desenvolvimento profissional, é a grande facilidade em conseguir trabalho principalmente para enfermeiros com alguma experiencia, e a possibilidade de progressão na carreira dentro do sistema publico.

E algo que considero aplicar-se a qualquer migração é a experiencia pessoal que se pode turnar muito enriquecedora para aqueles que decidem dar o difícil passo de sair do país.