Início Nursing Adesão à Terapêutica em Doentes com Patologia Cardíaca

Adesão à Terapêutica em Doentes com Patologia Cardíaca

132
0
Revista Nursing

A adesão terapêutica tem vindo a merecer uma grande atenção por parte da inúmera comunidade científica, nomeadamente a equipa multidisciplinar em saúde, que sente de perto a problemática inerente à não adesão à terapêutica.

Título

ADESÃO À TERAPÊUTICA EM DOENTES COM PATOLOGIA CARDÍACA 

ADHERENCE TO THERAPY IN PATIENTS WITH CARDIAC DISEASE

Nursing nº258

Autores   

Ricardo Santos *, Gabriela Ramalhinho **, Bruno Fernandes ***, Tiago Gaspar ****, Adelaide Marques *****, Marta Fernandes ******
*Enfermeiro no serviço de Especialidades Médicas do CHCB, EPE. Licenciatura e m enfermagem e Mestrado em Gestão de Unidades de Saúde. Contacto 966616977, santosfricardo@gmail.com

**Enfermeira Chefe no serviço de Especialidades Médicas do CHCB, EPE. Especialidade Médico-cirúrgica.

***Enfermeiro no serviço de Especialidades Médicas do CHCB, EPE, Licenciatura em enfermagem.

****Enfermeiro no serviço de Especialidades Médicas do CHCB, EPE. Licenciatura em Enfermagem.

***** Enfermeira no serviço de Especialidades Médicas do CHCB, EPE. Licenciatura em Enfermagem.

******Enfermeira no serviço de Especialidades Médicas do CHCB, EPE. Licenciatura em Enfermagem.

RESUMO

A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2003) reconhece que a baixa adesão à terapêutica interfere negativamente nos resultados dos tratamentos de doenças crónicas, com consequente aumento dos custos em saúde.

O nosso estudo debruça-se essencialmente sobre a adesão à terapêutica, sendo nossa pretensão, contribuir para o estudo da “Adesão à Terapêutica em doentes com Patologia Cardíaca”. Para isto, aplicou-se um questionário, aplicado entre Junho e Agosto de 2009, tendo-se obtido uma amostra de 44 doentes internados no serviço de Especialidades Médicas do CHCB, EPE.

Como principais conclusões de referir que(54,5%) revela uma “boa adesão” à terapêutica, sendo que os doentes com Doença Coronária (58,3%) apresentam uma maior percentagem do que os doentes com IC (50,0%). Por sua vez, são os doentes com IC (35,0%) que têm maior percentagem na “baixa adesão”, comparativamente aos doentes com Doença Coronária (29,2%).

Palavras-chave: Adesão terapêutica; Patologia cardíaca; Doentes.

ABSTRACT

The World Health Organization (WHO, 2003) acknowledges that poor adherence to therapy impairs the results of treatment of chronic diseases, with consequent increase in health costs.

Our study focuses primarily on adherence to therapy, and our desire to contribute to the study of “Adherence to therapy in patients with cardiac disease.” For this, we applied a questionnaire, applied between June and August 2009, having been obtained a sample of 44 patients admitted to the service of Medical Specialties CHCB, EPE.

The main conclusions should be noted that (54.5%) shows a “good adherence” to treatment, and patients with coronary artery disease (58.3%) have a higher percentage than patients with HF (50.0%) . In turn, many patients with IC (35.0%) having a higher percentage in the “low compliance” when compared to patients with coronary artery disease (29.2%).

Key-words: Therapy adherence; Cardiac pathology; Patients.

INTRODUÇÃO

De acordo com o último relatório de 2002 da Organização Mundial de Saúde estima-se que até o ano 2020 as doenças crónicas, incluindo lesões (como as causadas por acidentes de trânsito que resultam em invalidez permanente) e os distúrbios mentais, serão responsáveis por 78 por cento da carga global de doença nos países em desenvolvimento (OMS, 2003).

A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2003) reconhece que a baixa adesão à terapêutica interfere negativamente nos resultados dos tratamentos de doenças crónicas, com consequente aumento dos custos em saúde, e representa um importante problema de saúde pública. A adesão é fundamental para o sucesso da terapêutica no contexto de doenças cardiovasculares.

A relevância da questão na terapêutica é indiscutível: da adesão ao tratamento depende o sucesso da terapia proposta, a cura de uma enfermidade, o controle de uma doença crónica, a prevenção de uma patologia. E se o doente não adere? Por que isso acontece? Será que o doente sabe o que é aderir ou tem consciência da questão?

Com efeito, a adesão terapêutica tem vindo a merecer uma grande atenção por parte da inúmera comunidade científica. A saúde pública, o bem-estar e a qualidade de vida dos indivíduos melhorará através da eliminação de comportamentos de risco, difusão de meios de prevenção, promoção e a adopção de comportamentos de saúde mais generalizados das populações a par dos avanços na terapêutica (Pereira, Almeida e Domingos, 2008).

A média da taxa de adesão é de 50 por cento sendo citado como típico para a maioria dos regimes medicamentosos, embora as taxas do consumo de medicamentos variem entre 0 e 100 por cento. Segundo os dados da Indústria Farmacêutica, a adesão à terapêutica, com vista a prevenir a doença cardiovascular, decresce para menos de 50 por cento até ao final do primeiro ano de tratamento. A não adesão inclui doentes, que param de tomar a medicação na sua totalidade, bem como os que não tomam a medicação em quantidade suficiente, ou em intervalos estipulados (American Heart Association, 2002).

Em Portugal, deparamo-nos com diversos estudos que avaliam a adesão do doente à terapêutica, sendo que a maioria é direccionada para doenças crónicas (hipertensão arterial, sida, diabetes mellitus), e não tão frequentemente para doenças como é o caso da síndrome coronária isquémica.

O nosso estudo debruça-se essencialmente sobre a adesão à terapêutica, sendo nossa pretensão, contribuir para o estudo da “Adesão à Terapêutica em doentes com Patologia Cardíaca”.

Perante esta problemática, e movidos pela vontade de contribuir positivamente para a melhoria do nível de adesão dos nossos doentes, traçámos como principais objectivos do nosso estudo:

  • Determinar o nível da adesão em doentes com patologia cardíaca;
  • Identificar alguns factores que influenciam a adesão à terapêutica em doentes com IC e doença coronária;
  • Associar a adesão à terapêutica em doentes com patologia cardíaca com alguns parâmetros sócio-familiares, sócio familiares e psicológicos.

O estudo está organizado em duas partes fundamentais. A primeira parte é constituída pela fundamentação teórica. A segunda parte é constituída pela investigação empírica, onde será abordada a metodologia do trabalho, a análise e discussão dos resultados, finalizando com a conclusão na qual fazemos referência a algumas sugestões.

Esperamos que este estudo possa vir a contribuir para uma melhor compreensão da problemática da adesão à terapêutica em doentes com patologia cardíaca, concedendo deste modo um suporte teórico a todos aqueles que de forma directa ou indirecta têm um papel activo sobre a adesão à terapêutica.

PATOLOGIA CARDÍACA

Na literatura verificámos que os autores utilizam diversas denominações como doença cardíaca isquémica (ou cardiopatia isquémica), doença cardíaca coronária (ou cardiopatia coronária) e cardiopatia coronária aterosclerótica como sinónimos, embora tenham significados diferentes.

Os autores ingleses usam habitualmente o termo doença cardíaca isquémica e os americanos doença cardíaca coronária, Friedberg prefere a denominação cardiopatia coronária aterosclorótica (Soares-Costa, 2006).

Nos países desenvolvidos as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as pessoas de ambos os sexos, sendo a doença das artérias coronárias a causa principal das doenças cardiovasculares (Manual Merck, 2008).

Estudos realizados em 2002referem que, em Portugal, morreram entre 10.000 a 99.999 pessoas vítimas de coronáriopatia. Comparativamente com outras causas de morte (tuberculose, acidentes de viação), na faixa etária entre os 15 e os 59 anos morreram cerca de 1.332 mil pessoas vítimas de coronáriopatias e cerca de 5.825 mil pessoas na faixa etária superior a 60 anos com a mesma patologia (Mackay e Mensah, 2004). Também no mesmo ano foram desenvolvidos estudos evidenciando que, 6,8 por cento das pessoas do sexo masculino e 5,3 por cento das pessoas do sexo feminino eram portadores de coronáriopatias, o que demonstra uma maior incidência da doença no sexo masculino (Mackay e Mensah, 2004).

O estudo, no ano de 2005, entre os hispânicos e os latinos com idade superior a 18 anos, 8,3 por cento possuíam doenças do coração, 5,9 por cento tinham coronáriopatia e 2,2 por cento tiveram AVC (American Heart Association, 2008).

Nesse sentido iremos abordar as doenças das artérias coronárias isquémicas.

ADESÃO TERAPÊUTICA

A adesão terapêutica tem vindo a merecer uma grande atenção por parte da inúmera comunidade científica, nomeadamente a equipa multidisciplinar em saúde, que sente de perto a problemática inerente à não adesão à terapêutica.

Apesar de todo o desenvolvimento, técnico-científico, cultural e ainda alterações de estilos de vida, considera-se que parte da população não tem acesso a informação e aos serviços de saúde. Este facto implica uma fraca orientação em educação para a saúde e na adopção de hábitos de vida saudáveis (Jones,2003 citado por Bugalhoe Carneiro, 2004).

A saúde pública, bem-estar e qualidade de vida dos indivíduos melhorará  através da eliminação de comportamentos de risco, a difusão de meios de prevenção, a promoção e a adopção de comportamentos de saúde mais generalizados das populações a par dos avanços na terapêutica (Pereira, Almeida e Domingos, 2008, p.71).

A World Health Organization (2003, p.3) destaca que, quando existe informação, apoio e monitorização constante, a adesão melhora consideravelmente, o que implica uma redução dos efeitos negativos provocados pela doença com melhoria da qualidade de vida dos doentes e diminuição da carga das condições crónicas.

O conceito de adesão varia entre diversos autores, mas, de forma geral, é compreendido como a utilização dos medicamentos prescritos ou outros procedimentos em pelo menos 80 por cento de seu total, observando horários, doses, tempo de tratamento. Representa a etapa final do que se sugere como uso racional de medicamentos.

Entre os pressupostos assumidos pelos diversos autores para o estudo da adesão, as diferenças mais evidentes encontram-se entre aqueles que focalizam o fenómeno no doente e aqueles que procuram a compreensão em factores externos ao doente.

A adesão começou por ser definida como “compliance” para se referir aos doentes que são obedientes e seguem fielmente os conselhos dos profissionais de saúde, instruções e prescrições (Turk e Meichenbaum, 1991 citado por Pais Ribeiro, 2007, p.240). Embora os termos “compliance” e adesão sejam vulgarmente associados, no termo “compliance”, o médico decide o que é ou não apropriado, dá instruções ao doente, que apenas tem que seguir as suas indicações médicas. Caso contrário denota-se um comportamento incompetente e desviante. “A adesão surge como um termo alternativo, em que o indivíduo tem a liberdade de decidir se adere ou não, caso não o faça, não será necessariamente culpado.” (Turk e Meicheibaum, 1991 citado por Sousa, 2003, p.52).

“O melhor termo adoptado é adesão, e define como o grau em que o comportamento de uma pessoa é representado não só pela ingestão de medicamento, mas também pelo seguimento da dieta, das mudanças no estilo de vida e ainda se corresponde e concorda com as recomendações do médico ou de outro profissional de saúde” (WHO, 2003, p.4).

A adesão em saúde pode ser vista sobre duas perspectivas: a adesão comportamental (deixar de fumar) e a adesão médica que se relaciona especificamente com a medicação (Sousa, 2003, p.53).

Nesta perspectiva, a adesão implica um papel activo e colaborativo do indivíduo no planeamento e implementação do seu regime terapêutico.

Kristeller e Rodin (1984) citado por Pais Ribeiro (2007) denotam a importância do papel do indivíduo na terapêutica, surgindo um “Modelo do Desenvolvimento de Adesão” que contempla três estádios no processo de participação dos indivíduos nos seus cuidados.

Estádio 1 – Concordância (“compliance”), refere-se à extensão em que o doente na fase inicial concorda e segue as prescrições médicas.

Estádio 2 – Adesão (“adherence”), refere-se à medida em que o doente continua a terapêutica com que concordou, com uma vigilância limitada, mesmo quando se defronta com situações conflituais que limitam o seguimento da terapêutica.

Estádio 3 – Manutenção (“maintenance”), refere-se à medida em que o doente continua a implementar o comportamento de melhoria da saúde, sem vigilância, incorporando-o no seu estilo de vida (Kristeller e Rodin, 1984 citado por Pais-Ribeiro, 2007, p.240).

Dimensões que afectam a adesão

Os problemas da adesão verificam-se em todas as situações em que existe auto-administração da terapêutica, muitas vezes independentemente do tipo de doença, qualidade e/ou acessibilidade aos recursos da saúde. A crença que os doentes são os únicos responsáveis pela adesão à sua terapêutica é enganosa e representa um equívoco, dado existirem diversos factores que afectam o seu comportamento e a capacidade de adesão à terapêutica (WHO, 2003, p.27).

A adesão é um fenómeno multidimensional, determinado pela interacção de cinco factores, denominados por “ dimensões”.

  • Factores económicos, sociais e culturais

A adesão ao aconselhamento médico pode ser influenciada por factores económicos e sociais. De facto, para que uma pessoa adira à terapêutica tem que o compreender, recordar e essencialmente ter condições para o efectuar. Embora o estatuto sócio económico não tenha sido encontrado de forma consistente como preditor independente da adesão, nos países em desenvolvimento verifica-se que o indivíduo portador de um baixo estatuto sócio económico, confronta-se com a problemática de optar por prioridades, que incluem os limitados recursos disponíveis para satisfazer as necessidades do seu núcleo familiar (Albaz RS., 1997, Morgan M., 1988 e Belgrave, 1997 citado por WHO, 2003, p.28).

Muitos outros factores são significativos no âmbito sócio-económico tais como: o analfabetismo, o baixo nível de escolaridade, o desemprego, a falta de redes de apoio social, os custos elevados dos medicamentos e de transporte (longa distância de acesso ao tratamento) e ainda a disfunção familiar e as diversas culturas sobre doenças e tratamentos (WHO, 2003, p.28).

  • Factores relacionados com os profissionais e serviços de saúde

Os profissionais de saúde tendem a culpabilizar o doente pela não adesão justificando este comportamento com a personalidade não cooperativa que alguns possuem bem como a incapacidade de perceber os conselhos.

“Porém, o tipo de comportamentos que os profissionais têm poderão influenciar nos comportamentos de auto-controle do doente, isto porque se o indivíduo não recebe instruções específicas, terá menos probabilidade de aderir” (Amaral, 1997 cit. inSousa, 2004, p.59).

Diversas vertentes podem influenciar a má prática dos profissionais de saúde: falta de conhecimento e informação, gestão das doenças crónicas, sobrecarga de trabalho, falta de incentivos e feedback do seu desempenho (Rose Le et al, 2000, WHO, 2003, p.29).

A satisfação dos doentes é uma construção multidimensional e resulta da avaliação que este faz dos cuidados recebidos. Investigações em Portugal confirmam que embora esta satisfação possa incluir várias componentes dos cuidados, estas sugerem que os doentes privilegiam a empatia e a comunicação na relação interpessoal, valorizando-as mais do que as perícias técnicas” (Mclntrye e Silva, 1999 citado por Sousa, 2003, p. 60).

  • Factores relacionados com a percepção da doença

A capacidade que o indivíduo tem de percepcionar a condição da sua doença é determinante para a adesão à terapêutica. Esta está relacionada com a gravidade dos sintomas, o nível de deficiência (física, psicológica, social e profissional), a taxa de progressão e gravidade da doença, bem como a disponibilidade efectiva para a terapêutica. O impacto da doença influencia o indivíduo, na percepção do risco, na importância de seguir a terapêutica, bem como a prioridade colocada na adesão (Ciechanowski et al, 2000, citado por WHO, 2003, p.30).

  • Factores relacionados com a terapêutica prescrita

Algumas características da doença estão interligadas à adesão, sendo as mais frequentes a gravidade da doença e a visibilidade dos sintomas. Uma variedade de estudos concluiu que os doentes crónicos assintomáticos frequentemente não aderem à terapêutica (Marks et al, 2000 citado por Sousa, 2004, p.57), justificando assim a elevada taxa de adesão nas doenças agudas em relação às doenças crónicas. Outros aspectos como a duração e complexidade da terapêutica devem também ser considerados. Quanto mais complicada é a terapêutica prescrita, menor é a probabilidade do doente aderir completamente. “De facto, estes parecem aderir mais facilmente a tratamentos curtos e simples, que impliquem poucas mudanças nos seus hábitos diários.” (Bennett, 2002 citado por Sousa, 2004 p.58).

Conclui-se que vários estudos demonstraram que o doente tende a aderir à terapêutica quando esta se demonstra eficaz no controlo dos sintomas, tem um custo relativamente baixo e os seus efeitos colaterais são reduzidos.

  • Factores individuais relativos ao doente

As pessoas estão mais dispostas a aderir a regimes de tratamento quando acreditam que têm responsabilidade na sua saúde, e quando os seus comportamentos lhe trazem benefícios (Brannon e Feist, 1997, citado por Sousa, 2004, p.55).

O grau de adesão depende da gravidade, como o indivíduo entende a doença, da susceptibilidade à doença, benefícios para a terapêutica recomendada e às barreiras no desenrolar da terapêutica.

Como factores que afectam o nível de adesão do indivíduo à terapêutica, WHO (2003, p.30), salienta: esquecimento, stress psicossocial, conhecimento insuficiente, crenças negativas em relação a eficácia da terapêutica, inquietação acerca de possíveis efeitos adversos, baixa motivação, falta de auto-percepção, medo de dependência de “drogas” e estigmatização da doença.

Estratégias de promoção para a adesão

A adesão é considerada essencial para o bem-estar do doente, por isso fazem-se várias recomendações para melhorar a comunicação e, logo, a adesão. Estas recomendações devem ser expressas através de informação oral e informação escrita (Ogden, 2004, p.100).

Um dos meios para melhorar a informação oral foi proposto por Ley (1989) citado por Odgen (2004), salientando os seguintes aspectos:  “O efeito da primazia – os doentes têm tendência para recordar aquilo que lhes é dito em primeiro lugar; explicitar a importância da adesão; simplificar as informações; usar a repetição; e seguir a consulta com entrevistas adicionais.” (Odgen, 2004, p.100).

Os profissionais de saúde representam um veículo importante, para melhorar a adesão à terapêutica. Neste âmbito, Turk e Meichenbaum (1991) citado por Pais-Ribeiro (2007), listaram como acções para progressão dos doentes na adesão da sua terapêutica as seguintes: 1) escutar o doente; 2) pedir ao doente para repetir o que tem que se fazer; 3) fazer prescrições tão simples quanto possível; 4) dar instruções claras acerca do regime de tratamento, de preferência por escrito; 5) recorrer a formas de contar os comprimidos tomados; 6) telefonar se falhar uma consulta; 7) prescrever um regime de tratamento que tome em consideração os horários do indivíduo; 8) salientar a importância da adesão em cada visita; 9) adaptar a frequência das visitas às necessidades de adesão do doente; 10) realçar os esforços do utente para aderir em cada visita; 11) envolver o cônjuge ou outro próximo do doente (Pais-Ribeiro, 2007, p. 242).

Dentro dos profissionais de saúde, destaca-se o papel do enfermeiro, pois este é o que se encontra mais próximo do doente. Embora a adesão esteja intimamente ligada à confiabilidade, competência e empatia de toda a equipa multidisciplinar.

A amabilidade, acessibilidade, compreensão, preocupação pela doença, pelo doente e pela família, alerta para sinais de baixa adesão e adoptar uma atitude de apoio ao doente em todos os contactos são exemplos de comportamentos que promovem a adesão aos cuidados de saúde.

O enfermeiro pode criar também uma relação de aliado com o doente. Pelo tipo de cuidado que este presta, o doente tende a estar mais relaxado e estabelecer um relacionamento mais natural com o enfermeiro, o qual deve explorar esta situação privilegiada para identificar, investigar e reforçar a adesão à terapêutica.

  • Tipo de intervenções

Para melhorar a adesão dos doentes à terapêutica, ou promover a capacidade dos profissionais de saúde e aumentar a adesão terapêutica encontram-se dois tipos de intervenções: educacionais, promotoras de conhecimento acerca de medicação e/ou doença; e as comportamentais, cujo objectivo consiste em incorporar na rotina diária mecanismos de adaptação e facilitação para o cumprimento da terapêutica proposta.

As intervenções educacionais incluem a administração de informação oral e escrita, de material áudio visual e/ou informático, em programas educacionais individuais ou de grupo.

As intervenções comportamentais abordam componentes importantes do esquema terapêutico como o aumento da comunicação e aconselhamento; adequação e simplificação da terapêutica; participação activa dos doentes na sua terapêutica através da auto-monitorização da doença e auto-administração da terapêutica; utilização de sistemas de alerta ou memorandos de índole variável; mecanismos de reforço positivo ou recompensa pelo cumprimento dos esquemas propostos, assim como pelo controlo da doença e obtenção de metas em termos de ganhos em saúde (Bugalho e Carneiro, 2004, p.20).

Adesão  terapêutica nos doentes com patologia cardíaca

A adesão terapêutica assume um papel de particular importância nos doentes portadores de doenças crónicas, constituindo a ausência da mesma, um grave problema de saúde pública com enormes repercussões na incidência e prevalência de inúmeras patologias. Este problema é um indicador central de avaliação da qualidade em qualquer sistema de saúde que se queira moderno e eficaz (Rashid, 1982 citado por Bugalho e Carneiro, 2004).

Prevê-se que o impacto económico e mundial das doenças crónicas continuem a crescer até 2020, altura em que corresponderá a 65 por cento das despesas para a saúde em todo o mundo (Rashid, 1982 citado por Bugalho e Carneiro, 2004).

Nos países desenvolvidos, estima-se que o grau de adesão às terapêuticas crónicas seja de 50 por cento e nos países subdesenvolvidos e em vias de desenvolvimento ainda menor (Rashid, 1982 citado por Bugalho e Carneiro, 2004).

Alguns trabalhos demonstram que 6 a 20 por cento dos doentes não aviam as prescrições médicas e que 30 a 50 por cento não cumprem o esquema proposto, atrasando ou omitindo doses (Begg, 1984 citado por Bugalho e Carneiro, 2004). Nos Estados Unidos, calcula-se que a não adesão conduza a 125.000 mortes por ano e 5 a 15 por cento das admissões hospitalares anuais (Gryfe, 1984 citado por Bugalho e Carneiro, 2004). Estes indicadores, apesar de preocupantes, podem não abranger a totalidade do problema, existindo uma grande incerteza em relação à dimensão real do mesmo (Bugalho e Carneiro, 2004, p.9).

Actualmente, em Portugal, deparamo-nos com diversos estudos que avaliam a adesão do doente à terapêutica, sendo que a maioria é direccionada para doenças crónicas, como a síndrome da imunodeficiência adquirida e hipertensão, entre outros, e não tão frequentemente dados específicos de adesão e doença coronária isquémica. A complexidade desta temática, e dificuldades na recolha de informação inerente ao tema de investigação, implicou a escolha dos estudos relativos a outras patologias crónicas, para que de modo comparativo seja possível, posteriormente, retirar ilações.

Num estudo a nível nacional em que o principal objectivo foi avaliar as razões que influenciam a adesão à terapêutica instituída e calcular a taxa de adesão à terapêutica. Tendo como amostra 1.000 doentes hipertensos, conclui-se que 85,4 por cento são aderentes ou aderentes parciais, tendo apenas 50 por cento dos indivíduos a tensão controlada. Após análise dos resultados (Silva, 2007, p.8) concluiu que «os homens e os indivíduos casados são mais aderentes, talvez porque têm algum familiar ou cônjuge que lhes lembra da necessidade das tomas…»

Estudos sobre a adesão terapêutica Anti-retroviral, citando o do Hospital Distrital de Portimão, com a população alvo de 206 prisioneiros de Silves e Portimão, revelaram que em 19 por cento dos casos ocorreu abandono da medicação e do acompanhamento regular por iniciativa própria do doente (Marín et al, 2002).

A adesão terapêutica em contexto de cuidados de saúde primários, mais propriamente, no Centro de Saúde de Braga (2005) revelou que numa amostra de 273 utentes, apenas 33,2 por cento (N=89) nunca se esquecem de tomar os medicamentos (Klein e Gonçalves, 2005).

Numa revisão de vários estudos, Sheridan e Radmacher (1992) concluíram que, no geral, cerca de 50 por cento dos doentes não tomam os fármacos de acordo com as prescrições estipuladas, 20 a 40 por cento não são vacinados segundo a recomendação e 20 a 50 por cento faltam a consultas previamente marcadas. Verificaram ainda, nos casos em que a adesão implica alterar hábitos bem estabelecidos (por ex. deixar de fumar, diminuir ingestão de alimentos), que os índices de não adesão são ainda mais elevados (Klein e Gonçalves, 2005).

Os mesmos autores referem que a cardiopatia isquémica é a doença que possui o maior número de óbitos e internamento no País. Sendo fundamental conhecer o impacto económico desta doença.

METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

Trata-se de um estudo de natureza descritiva, analítica e correlacional, optando-se por métodos de análise quantitativa, uma vez que há a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando, consequentemente, uma margem de segurança quanto às interferências (Richardson, 1999). Insere-se no tipo de investigação não experimental. Este estudo é ainda retrospectivo e transversal, aplicaram-se questionários auto-administrados, método a que se recorreu para a recolha de informação.

A amostra deste estudo realizado é do tipo não probabilístico, dado que resulta de factores como a acessibilidade e disponibilidade dos participantes, não dependendo de uma selecção aleatória.

A colheita de dados decorreu no período entre Junho e Agosto de 2009, tendo-se obtido uma amostra de 44 doentes internados no serviço de Especialidades Médicas do CHCB, EPE.

Após a recolha de informação, efectuou-se uma primeira análise a todos os questionários, a fim de se eliminarem os que se encontrassem incompletos ou mal preenchidos. Procedeu-se, depois, à sua codificação e tabulação, de modo a preparar-se o tratamento estatístico utilizando-se para o efeito o SPSS versão 17.0.

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Na análise descritiva o investigador destaca um perfil do conjunto das características dos sujeitos, determinadas com a ajuda de testes estatísticos apropriados ou com análise de conteúdo (Fortin, 1999, p.277).

A aplicação dos vários instrumentos de colheitas de dados permitiu-nos obter os resultados que em seguida serão apresentados. Optamos por apresentar os resultados respeitando a ordem dos instrumentos utilizados e das questões do questionário elaborado para este estudo.

CARACTERISTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS

Quanto à caracterização sócio-demográfica deste estudo verifica-se pelo quadro seguinte que o maior percentual recai nos doentes que têm idades compreendidas entre 65-75 anos, são casados, residem em meio urbano, têm o ensino primário como habilitações literárias, são reformados, auferem um rendimento mensal de 426 euros e coabitam com a família restrita.

Quadro I – Caracterização sócio-demográfica

Total

%
Idade65-75 anos1329,5
Estado CivilCasado3579,5
ResidênciaMeio Urbano2454,5
Habilitações LiteráriasEns. Primário2863,6
Situação LaboralReformado2863,6
Rendimentos MensalsInferior a 426 Euros2147,7
Coabitação – com quem vive“Família Restrita (marido. esposa e filhos)2090,8

CARACTERÍSTICAS DO APOIO SOCIAL

Verificamos pelo quadro seguinte que os doentes apresentam um melhor apoio informativo (média=21,11). Verificamos também que todos os tipos de apoio descritos no mesmo quadro têm relações significativas com a adesão à terapêutica (p= 0,000).

Quadro II – Características do apoio social

MAT
Médiarp
Apoio informativo21,110,8460,000***
Apoio emocional18,570,8490,000***
Apoio instrumental19,050,7110,000***
Nota Global28,730,7110,000***

r – Pearson

*p<0.05  **p<0.01    ***p<0.001

CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS COM OS SERVIÇOS DE SAÚDE

Verificamos pelo quadro III que o maior valor percentual corresponde aos doentes que são acompanhados pelo médico de família, não têm dificuldade em se deslocar às consultas, têm consultas de 3 a 6 meses, no entanto consideram que deveriam de ter mais consultas. A relação com o enfermeiro e com o médico é boa, e têm condições para adquirirem medicamentos. Apenas a variável “Numero de consultas” estabelece relações estatísticas significativas com a adesão à terapêutica, (F=0,816; p=0,05).

Quadro III – Características relacionadas com os serviços de saúde

Total
%
Acompanhamento médicoMédico de Família2761,4
Dificuldade deslocação à consultaNão3355
Periodicidade das consultas3 a 6 meses2965,9
Número de consultas“Deveria ter mais consultas”2352,3
Relacionamento com EnfermeiroBom4193,2
Relacionamento com médicoBom4090,9
Condições financeiras para aquisição dos medicamentosSim2667,3

CARACTERÍSTICAS RELATIVAS À PATOLOGIA CARDÍACA

Verifica-se pelo quadro IV que os doentes em estudo têm como maior percentual antecedentes de patologia cardíaca, já foram submetidos a cirurgia cardíaca, não têm familiares directos com doença coronária, mas têm factores de risco. Quanto ao seu peso, consideram-se normais, no entanto após cálculo do IMC estão já na pré-obesidade. Não praticam exercício físico, são sedentários e têm limitação para actividades quotidianas.

No entanto, só a variável factores de risco influencia a adesão à terapêutica (t=-2,087; p=0,043).

Quadro V – Características da patologia cardíaca

Total
%
Antecedentes patologia cardíacaSim2659,1
Fez alguma cirurgiaSim2965,9
Familiar directo com doença coronáriaNão3068,2
Factores de riscoSim4193,2
HTA2863,6
Hipercolesterolémia2045,5
Sedentarismo1840,9
Bebidas alcoólicas1738,6
Como se consideraNormal2659,1
IMCPré-obesidade        25 a 29.92045,5
Obesidade classe I – 30 a 34.91329,5
Passa muitas horas sentadoSim2659,1
Pratica exercício físicoNão3068,2
Limitação físicaLimitação física para actividades quotidianas2761,4

SATISFAÇÃO COM A INFORMAÇÃO ACERCA DA MEDICAÇÃO

Os doentes com doença coronária têm maior informação comparativamente aos doentes com IC (insuficiência cardíaca), seja através da acção e uso de medicação como dos potenciais problemas com a medicação.

Quadro VI – Satisfação com a informação acerca da medicação

Doença CoronáriaIC
MédiaSMédiaS
Acção e uso de medicação12,872,2112,753,16
Potenciais problemas com a medicação22,925,3122,455,08
SIMS (Total)35,796,8835,207,80

Os doentes com doença coronária têm maior nível de conhecimentos (média=7,33) comparativamente aos doentes com IC (média=7,20).

     Quadro VII – Nível de conhecimentos dos doentes com IC e Doença Coronária

Doença Coronária

N = 24

IC

N= 20

MédiasMédias
Conhecimentos sobre

Dça Coronária e IC

7,332,687,202,37

Verifica-se pelo quadro seguinte que todas as questões que compõem o conhecimento estabelecem relações estatisticamente significativas com a adesão à terapêutica, à excepção de uma questão. O nível de conhecimento global também é estatisticamente significativo (p= 0,004), o que significa dizer que quanto maior o nível de conhecimentos sobre a sua patologia maior será a sua adesão.

Quadro VIII – Valor global de conhecimento

ConhecimentoMAT
rP
A patologia cardíaca é para toda a vida?0.1990.025*
Traz complicações?0.3580.002***
Tratamento para toda a vida?0.2310.022*
Patologia cardíaca pode ser tratada sem medicamentos0.0170.248
Valor Global – conhecimento0.2890.004**

r – Pearson

*p<0.05  **p<0.01    ***p<0.001

Pelo gráfico seguinte verifica-se que o maior percentual recai na “Boa adesão” com 54,6 por cento, de considerar ainda o valor percentual da “baixa adesão” com 31,8 por cento.

Gráfico I – Adesão à terapêutica dos doentes

 

 

CONCLUSÕES

As doenças isquémicas coronárias, apesar da baixa taxa de mortalidade observada no nosso País, comparativamente a outros países europeus, devem continuar a ser uma preocupação para o nosso sistema de saúde, dado existir uma perspectiva de crescimento da sua incidência, apontada internacionalmente, até ao ano de 2025. (Ministério da Saúde, 2003).

A Organização Mundial de Saúde defende que a adesão melhora consideravelmente quando existe acesso à informação, apoio e monitorização constante, o que implica uma redução dos efeitos negativos provocados pela doença com melhoria da qualidade de vida dos doentes e diminuição da carga das condições crónicas (WHO, 2003). Desta forma, revelou-se pertinente a realização de um estudo que avalie a adesão à terapêutica em doentes com patologia cardíaca. O estudo que realizámos permitiu-nos constatar, através da análise dos resultados, que das variáveis sócio-demográficas só o género tem influência na adesão terapêutica. Verificamos que os inquiridos com melhor apoio social são os que apresentam maior adesão à terapêutica. Os doentes apresentam maior adesão à terapêutica se tiverem consultas mais frequentemente do que o período de 3 a 6 meses.

Em relação ao nível de conhecimentos sobre a sua a patologia, bem como informação sobre os efeitos da medicação também exerce uma influência considerável na adesão à terapêutica, sendo que quanto mais conhecimentos e informações possuírem maior adesão à terapêutica apresentam. O factor de risco alcoolismo é outra das variáveis que influencia negativamente a adesão terapêutica.

Das variáveis relacionadas com a terapêutica farmacológica, o esquecimento da toma da medicação foi a única variável que tem influência na adesão terapêutica.

Dado o nosso estudo ter como objectivo determinar o nível de adesão em doentes com patologia cardíaca, conseguimos aferir quemais de metade da nossa amostra (54,5 por cento) revela uma “boa adesão” à terapêutica, sendo que os doentes com Doença Coronária (58,3 por cento) apresentam uma maior percentagem do que os doentes com IC (50,0 por cento). Por sua vez, são os doentes com IC (35,0 por cento) que têm maior percentagem na “baixa adesão”, comparativamente aos doentes com Doença Coronária (29,2 por cento).

Como sugestões/recomendações para o estudo que realizamos, os autores sugerem que seria importante investir mais em formação na área da adesão terapêutica, para que, deste modo, os enfermeiros possam contribuir ainda mais para melhores ensinos aos utentes/família, com o intuito de prestar cuidados de excelência.

BIBLIOGRAFIA

1 – AMERICAN HEART ASSOCIATION – Guidelines for Primary Prevention of Cardiovascular Disease and Stroke. Circulation. 2002; pp. 106:388.

2 – BUGALHO, António; CARNEIRO, António Vaz – Intervenções para aumentar a adesão terapêutica em patologias crónicas. Lisboa: Faculdade de Medicina de Lisboa, 2004.

3 – FORTIN, Marie-Fabienne – O processo de investigação: da concepção à realização. Loures: Lusociência, 1999.

4 – KLEIN, John M.; GONÇALVES, Alda A. – A adesão terapêutica em contexto de cuidados de Saúde Primários.  PsicoUSF. [em linha]. V.10 n2 (Dezembro 2005), pp.113-120 [Consult 3 de Abril 2008]. Disponível em: <URL:http://www.pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/psicousf/v10n2/v10n2a02.pdf>.

5 – MARÍN, José [et al] – Adesão à terapêutica anti-retroviral num Hospital Distrital. [em linha] 2002. [Consult.18 Março 2008]. Disponível em <URL:http://www.aidscongress.net/pdf/155.pdf>.

6 – ODGEN, Jane – Psicologia da saúde. – 2ª ed. rev. e ampliada. Lisboa: Climepsi, 2004. ISBN 972–976–092–8.

7 – Organização Mundial da Saúde – Cuidados inovadores para condições crónicas: componentes estruturais de acção. Relatório Mundial. Brasília, 2003.

8 – PAIS-RIBEIRO, José Luís. – Introdução à psicologia da saúde. 2ª ed. Coimbra: Quarteto, 2007. ISBN 989–558–O45 –2.

9 – PEREIRA, Gabriela; ALMEIDA, Conceição; DOMINGOS, Manuel – Stress e as doenças cardiovasculares. Ser Saúde. Póvoa de Lanhoso. Nº 10 (Abril/Maio/Junho, 2008), pp. 53-71.

10 – Soares-Costa, J. T. S. – Enfarte agudo do miocardio: exame hemodinâmico com o cateter de Swan-Gaz. 1995.

11 – STIPP, Carlos Alberto [et al] – Enfermagem na reabilitação cardíaca. In FIGUEIREDO, Nébia; STIPP, Marlucci; LEITE, Joséte, coord. – « Cardiopatias: avaliação e intervenção em enfermagem». São Paulo: Yendis, 2006. Cap.9.

12 – World Health Organization – CVD prevention and control: missed opportunities.[em linha]. 2008. [Consult. 17 Março 2008]. Disponível em <URL: http://www.who.int/cardiovascular_diseases/prevention_control/en/>.