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1ª Jornadas de Enfermagem do SCI 1 – HGSA, EPE

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1ª Jornadas de Enfermagem do SCI 1 - HGSA, EPE

No dia 9 de Novembro de 2006 teve lugar no Hotel Mélia de Vila Nova de gaia, as 1ras jornadas de Enfermagem do serviço de Cuidados Intensivos  do Hospital geral de Santo António, EPE.

No dia 9 de Novembro de 2006 teve lugar no Hotel Mélia de Vila Nova de gaia, as 1ras jornadas de Enfermagem do serviço de Cuidados Intensivos  do Hospital geral de Santo António, EPE.

Após a singela cerimonia de abertura, passsou-se prontamente para os trabalhos.

Na primeira mesa “Breve Historia do SCI (serviço de Cuidados Intensivos), o Dr. Armando Pinheiro (médico ex-director do serviço e poeta), apresentou as suas memorias acerca do período “inesquecível do ponto de vista médico e humano” em que o serviço deu os primeiros passos.

A seguir a Enf. Fernanda Nascimento (antiga Enf. Chefe do SCI, abordou o passado do serviço desde 1972, cujo nome de Reanimação Respiratória com 6 camas. Na altura foi necessário fazer estágio fora do país. A falta de condições era compensada pela “enorme competência profissional.

Mostrou imagens de equipamento como os ventiladores  “bird”, “bennet”, engstron”. Autênticos “monstruos” pelo espaço que ocupavam, sem alarmes, mas que salvavam os doentes. Na altura o enfermeiro tinha que estar em observação constante, quer do doente, quer do ventilador. Desde “despejar as ampolas de condensação da agua, até apertar as anilhas dos tubos de borracha que faziam a ligação ao doente, e dilatavam com o calor”.

Na altura a equipa de enfermagem era constituída apenas por mulheres, só anos mais tarde é que autorizaram a entrada do primeiro homem enfermeiro no serviço.

Em 1973 com a abertura do “serviço novo”, o número de camas aumentou para 10 camas, são introduzidas seringas eléctricas e bombas perfusoras, assim como novos ventiladores.

Era chamado de “nave espacial”, pois sobressaia no meio da arquitectura antiga do HGSA.

O médico estava de chamada (em casa), pela que o pessoal de enfermagem tinha que ter iniciativa e capacidade de decisão, como para iniciar manobras de ressuscitação, etc…Os familiares ao visitar os doentes, não podiam tocar no doente.

Trabalhar naquele tempo exigiu muita dedicação.

No final falou o Enf. José António Pinho, actual Enf-Chefe do SCI. Abordou vários pontos para montar uma estratégia no plano de actividades do serviço. Numa linguagem clara e de liderança, abordou a importância da gestão das organizações, partilha de responsabilidades por áreas especificas, para dar respostas rápidas e eficazes. Preocupado em criar uma “equipe de sucesso”, referiu que a sua essência passa, entre outros, a segurança, gestão, autogestão, enpowerment, etc…

A avaliação em Cuidados Intensivos foi o tema da segunda mesa. Abriu com as palavras da Enf Fátima Morais (HGSA), referiu a dificuldade na comunicação que obriga a adaptar as escalas de avaliação da dor. A seguir o Enf. Henrique Dias do CH Vila Real. Uma dor aguda não tratada pode evoluir para uma dor crónica.

Definição da dor da IASP. É difícil encontrar métodos de avaliação objectiváveis. O doente é o melhor avaliador da sua dor. Chamou a atenção do Plano nacional de luta contra a dor.

Escalas unidimensionais: analógica visual (não é bom p dor aguda nem p UCI), numérica ( de 0 a 10), descritiva verbal, de faces, etc… chama a atenção que as melhores são a 2da e a 3ra, pela facilidade de aplicação. Em termos metodológicos faz sentido todos os serviços do hospital usar os mesmos instrimentos de avaliação da dor. O doente tem que ser confrontado com os mesmos instrumentos.

Há casos em que não se aplicam, como os doentes inconscientes, tendo que se aplicar a Avaliação Objectiva da Dor, parâmetros clínicos que dependem do estado de doença (ex. tonus muscular).

Existem também escalas comportamentais de avaliação da dor. Há muitas limitações na sua aplicação, mas é validada para doentes entubados.

É importante relatar em notas a dificuldade de avaliar a dor num determinado doente.

As escalas de sedação também são importantes, pois um doente sedado é também um doente que sente dor.

A Enf. Daniela Ribeiro (IPO – Porto), voltou a focar a definição de Dor da IASP. Para depois focar-se na dor oncológica.

A Enf. Alice Coelho (HGSA – Porto) começou por perfuntar à plateia, se alguém da plateia nunca sentiu dor. A dor é uma experiência universal. Referiu alguns estudos sobre a dor. Apresentou a escala de dor utilizada no serviço de Cuidados intensivos do HGSA, é uma escala qualitativa em cinco patamares, desde dor máxima até sem dor. A escala é aplicada pelo menos uma vez por turno.

Em doentes não conscientes, utilizam a BPS – Behavioral pain Scale, validada desde 2001. Com score de 1 (sem resposta) a 4 em cada item, expressão facial, tonus dos membros superiores e adaptação ao ventilador.

Moderada pela Enf. Isabel Alves (HGSA), teve início a palestra da Enf. Leonor Feijó, sobre a “Monitorização do Doente Neurocrítico”, abordando a: monitorização invasiva (PIC, PPC, PtiO2, SjO2 e a Microdiálise cerebral) e a monitorização não invasiva (INVOS e BIS).

Após esta clara exposição, o Dr. Manuel Brandão (HGSA), moderou a mesa sobre “Infecção e Sépsis”, durante a qual o Dr. José Manuel Pereira (HSJ) abordou o que há de novo sobre esta temática (conceitos e definições, “Surviving Sepsis Campaign”, a importância da precocidade do tratamento, colóides vs cristalóides, vasopressores, os corticoesteroides, a mortalidade). Seguidamente o Enf. Paulo Lopes (HSA) abordou os contributos da Enfermagem na prevenção da Infecção relacionada com o cateter venoso central e a Enf. Alice Moreira (HGSA) abordou o estudo SEPTIC (que visava a caracterização das diferenças epidemiológicas do MSSA e MRSA numa Unidade de Cuidados Intensivos).

O segundo dia de trabalhos teve início com a mesa redonda: “As UCI’s como parceria no ensino”, moderada pelo Enf. José António Pinho (HGSA), com as intervenções do Enfermeiro Almerindo (ISAVE), que abordou a interligação Escola/UCI e do Enf. João Cainé (Ordem dos Enfermeiros), que abordou a perspectiva da Ordem. Foram abordados diversos aspectos interessantes, incluindo a ligação Escola/ UCI e características inerentes à mesma fundamentais para um bom funcionamento, assim como a importância do estabelecimento de protocolos Escolas/ Unidades de Saúde e a dificuldade das escolas do interior de terem campos de estágio que se coadunem com os seus objectivos.

Na segunda mesa, foi abordado o doente ventilado, sob moderação de um expert na matéria: Dr. Fernando Rua (HGSA), que começou por salientar a diversidade presente na mesa: um médico, um enfermeiro e um fisioterapeuta, dando a palavra ao Enf. Paulo Vaz (CHL/ HSJ). Este abordou a sua experiência de “Ventilação em casos especiais”. Abordou assim Ventilação independente ou a pulmões separados (permite optimizar os volumes de cada pulmão, assim como diminuir as fugas em casos de fístulas bronco-pleurais), insuflação de gás  intratraqueal, ventilação com alta frequência (Que tem mostrado óptimos resultados em pediatria, porém existe uma difícil adaptação do doente a esta modalidade e ainda há pouca experiência na mesma) e o decúbito ventral (que sendo um recurso extremo, continua a suscitar alguma controvérsia, necessitando de 5 elementos, sendo o posicionamento do doente difícil, tornando difícil o desempenho de outras técnicas).

Seguidamente, o Dr Chaves Caminha (HGSA) abordou o desmame ventilatório e ventilação não invasiva (VNI), apontando alguns dados interessantes: “cerca de 40% do tempo de VM é gasto em desmame”, “mandatório o ensaio de ventilação espontânea – PA ou peça em T”, “não usar SIMV”, “os benbefícios da VNI na prevenção da reentubação podem só ser observados em doentes com DPOC, sendo de realçar que a eficácia da VNI na prevenção da reentubção noutras patologias não está provada, (…) estando também indicada no desmame persistentemente falhado”.

Dando continuidade à temática o Fisioterapeuta Miguel Gonçalves (HSJ) abordou o seu papel em doentes ventilados, salientando desde o início que a “ abordagem ao doente ventilado em UCI deve ser realizada em equipa multidisciplinar onde todos contribuem individualmente para o sucesso de um protocolo comum”, abordando a VNI e as diferentes técnicas que poderão ser usadas neste grupo de doentes.

Após um breve intervalo para café, surgiu uma das mesas que mais interesse suscitava: “Pró/ Contra: Autonomias de Enfermagem”, moderada pelo Enf. Amílcar Carvalho (HUC). Este debate começou de forma engraçada com o Enf. Paulo Baltazar (CHL/ HSJ) a refutar desde o início as possíveis interpretações que o seu “opositor” iria fazer da definição de autonomia, e de diferentes estudos. Segundo opiniões colhidas na plateia, foi um debate “politicamente correcto”, do qual sobressaíram algumas ideias fundamentais: a necessidade da responsabilização para a aquisição de competências, que são importantes, na opinião de médicos e Enfermeiros, para o bom funcionamento de uma UCI. Importa, neste contexto, implicar as instâncias superiores, no sentido de fomentares a aquisição de conhecimentos e competências “na gestão de recursos, no controlo de qualidade e no relacionamento com doentes e seus familiares”, de acordo com o Dr. Paulo Maia (HGSA).

Actualmente assiste-se a um crescente interesse e investimento nos meios informáticos nas unidade de saúde, pelo que se torna pertinente abordar esta mesma “Informatização em Cuidados Intensivos”, que foi moderada pelo Enf. Paulino Sousa (ESESJ), que deu a palavra à Enf. Ana Mota (HSO), que abordou temas/ definições importantes para se compreender o que viria a seguir: Sistemas de informação, informatização, entre outros. O Enf. Jorge Dias (CHCB/ HPC), abordou a sua experiência com o “Centricity® Critical Care Clinisoft”, de uma forma simples, mostrando inúmeros screenshots das diferentes funcionalidades do mesmo, procedendo de forma similar à Enf. Cristina Alves (HCC), que abordou a passagem do suporte em papel para um suporte informático (SAPE®).

Após o intervalo para almoço, abordou-se a Nutrição Artificial (NA), moderada pela Enf. Ana Sá (CHAM). A Dra. Sónia Cabral (IPO) abordou a importância da NA no doente critico, que apresentam hipermetabolismo, hipercatabolismo e malnutrição. Seguidamente a Enf. Margarida Oliveira (HGSA), abordou o protocolo vigente no SCI 1, que deu azo a enorme burburinho entre a plateia, que foi sendo esclarecida das suas dúvidas. Por fim, a Dra. Helena Santos (CHC/ MBB) abordou a interacção dos fármacosnutrientes.

A mesa seguinte, moderada pela Enf. Paula Meireis (HGSA), foi marcante para muitos dos presentes, porque abordou, na primeira pessoa, o “Stress pós-traumático em cuidados intensivos”, pela voz do Dr. Mota Cardoso (HSJ). Foram apontados diversos aspectos dignos de reflexão, como a importância de se falar para os doentes em estado de coma, os estados de delírio dos mesmos, a importância de se manter um ambiente adequado, isento de ruídos na medida do possível, dado que são todo aspectos que, para quem está nessa situação assumem um relevo maior, a importância da equipa transmitir confiança ao doente, assim como humanizar os cuidados, apesar de assumir, para o palestrante, mais importância o sentimento de confiança transmitido.

Seguiu-se um breve intervalo para café, abordando-se posteriormente o “Transplante de Órgãos”, moderado pela Enf. Rosário Pereira (HGSA). A Enf. Rosário Coelho (CHL/ HSJ) abordou a manutenção do dador e num relato algo emotivo a importância dada à família do mesmo e da abordagem à mesma.

O enfermeiro: “O alicerce escondido sem o qual a construção cai” Dr. Armando  Pinheiro, médico ex-director do serviço e poeta