Colega Boiler,
faço minhas as suas palavras. Deve acabar urgentemente o tempo do "vou fazer, porque vi fazer e resultou bem". Enfermagem deve começar a procurar basear a sua prática com base em evidências científicas (e não, como já referi neste forum, na prática com base na observação).
Em relação ao Soluto de Dakin, a DGS solicitou ao GAIF um parecer técnico sobre a utilização do mesmo no tratamento de feridas; o GAIF elaborou um documento em que o desaconselha, "pela dor que causa, o dano que provoca nas células envolvidas no processo cicatricial e a medição custo-beneficio ser significativamente negativa em ganhos em saúde para os pacientes e serviços de
saúde." O Soluto de Dakin é tóxico para as células e ataca os tecidos recém-fomados, nomeadamente o tecido de granulação, tecido esse que se pretende manter saudável; para além disto, o modo de actuação do cloro é por oxidação da membrana celular, tornando-o num método doloroso para o utente, conferindo a sensação de queimadura que tanto referem.
Mais informo que Soluto de Dakin é hipoclorito de sódio, ou seja, o mesmo que lixívia (embora em concentrações diferentes), sendo utilizado em diversos locais para desinfecção das mesas e do material de trabalho.
Há pessoas que, em feridas altamente exsudativas, com um processo infeccioso já avançado, defendem que o Soluto de Dakin resolve no combate à infecção; contudo também vai atrasar o processo de cicatrização por afectar o leito da ferida (que se pretende saudável). Como em tudo nos cuidados de saúde, deve ser feita uma ponderação do benefício-risco... Parece-me que no caso do Soluto de Dakin, os riscos serão sempre superiores.