Caro colega, a "mobilidade" tem as suas particularidades.
Não sou contra a ideia da mobilidade, mas em condições que permitam salvaguardar, simultaneamente, profissional e utente.
Sabemos muito bem que não é isto que acontece!
Não é minimamente aceitável (nem racionalmente expectável) que uma pessoa saia do serviço em que trabalha para, ao final de um ou dois turnos de integração, assegurar a prestação de cuidados de acordo com os requisitos presentes no código deontológico e REPE. Basicamente, e perdoe-me a expressão, é-se lançado aos bichos!
O argumento mais falacioso e manipulado para justificar o que não tem justificação é o seguinte: "Ah, mas é enfermeiro generalista!"Â
E então?!
Num Hospital, os serviços não estão estruturados por especialidades?!
Necessariamente, isto obriga (ou deveria obrigar) a um período de adaptação que permitisse ao profissional a integração na equipa, nas dinâmicas e rotinas do serviço, bem como o desenvolvimento de novas aptidões/conhecimentos técnicos, de forma a poder exercer a sua profissão sem colocar em risco a si próprio e ao utente.
Sim, porque se um enfermeiro comete um erro e é instaurado um processo (seja de que natureza for), quem nos mete a mão por baixo? A OE? Os Sindicatos? Querem lá as pessoas saber se esse profissional está ali há dois dias, dois meses ou dois anos?! E quanto a mim muito bem, diga-se de passagem! Porque a responsabilidade deveria recair nas chefias! Mas quem é o prejudicado? Adivinhe-se lá...
Por isso digo, a mobilidade até poderia ser benéfica, mas quando efectuada de acordo com uma data de pré-requisitos que visem a defesa dos direitos (e deveres, claro), tanto do profissional como do utente.