Mais de quarenta por cento dos portugueses não tenciona votar no referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, segundo um estudo da Eurosondagem realizado para a SIC, Expresso e Rádio Renascença. O “Sim” à despenalização do aborto tem alguma vantagem e é mais significativo entre as mulheres, mas há ainda muitos indecisos que podem revirar o resultado.
Das pessoas entrevistadas pela Eurosondagem, 36 por cento garante que irá votar caso se realize o referendo, enquanto que 21 por cento deixa essa hipótese em aberto. Mas 43 por cento diz desde já que não vai às urnas nesse dia. Em 1998, a primeira consulta popular sobre o tema registou uma abstenção de 68,11 por cento.
Entre os inquiridos que responderam que irão participar, 45,4 por cento tenciona votar no “Sim” à descriminalização, enquanto que 42,5 por cento tende por ora para o “Não”. Há ainda 12,1 por cento de “indecisos” – que tencionam votar branco ou nulo ou não souberam/quiseram responder.
Se fossem estes os resultados oficiais – e partindo do princípio que os indecisos se abstêm - a projecção da Eurosondagem dá vitória ao “Sim”, com 51,7 por cento.
Aos que indicaram que talvez vão votar, foi perguntado também qual será o seu sentido. Entre estes, o “Sim” até se distancia mais do “Não” – 46,1 por cento a favor face a 31,8 por cento contra -, mas os indecisos quase que duplicam, para 22,1 por cento.
Neste caso, a projecção atribui 59,2 por cento dos votos à despenalização do aborto.
No referendo de 28 de Junho de 1998, o “Não” venceu então com 50,07 por cento e o “Sim” acumulou 48,28 por cento dos votos.
Desdobrando os resultados deste estudo por sexo, as mulheres evidenciam-se tanto na intenção de participar na consulta popular como no voto a favor da descriminalização do aborto até às dez semanas de gravidez.
A proposta para uma nova consulta popular foi aprovada esta quinta-feira no Parlamento, com a pergunta "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?". O documento segue para Belém, o Presidente da República terá ainda que a fazer chegar ao Tribunal Constitucional antes de decidir se convoca ou não o referendo.
Fonte: SIC NOTÍCIAS