Se tivesse de responder baseado na qualidade do português escrito aqui demonstrado, então seria um redondo NÃO!
Mas como o objectivo não é avaliar os conhecimentos da língua portuguesa, então a minha opinião é SIM! MAS, com algumas reticências!
Acho que nem todos os enfermeiros se encontram preparados para fazer pleno uso da prescrição de medicação, sem incorrerem em erros crassos e a razão disso está plasmada nos comentários que por aqui abundam.
@Keliinha
Os enfermeiros deviam ter competência para prescrever determinados fármacos e não autorização.
Entendo onde quer chegar, mas as suas afirmações contradizem-se!
Se compete ao médico diagnosticar e tratar a causa da patologia, compete ao enfermeiro contribuir para esse processo e não fazer exactamente o contrário. Se o enfermeiro prescrever medicação assente numa lógica de "atenuar" ou "tratar" sintomatologia, então estamos precisamente a dificultar o diagnóstico precoce e em última instância a prejudicar o doente.
Passemos às hipóteses sob esta lógica:
*doente com infecção de CVC ainda não diagnosticado. Apresenta febre neste momento.
-procedimento Médico - hemoculturas (cvc e periféricas), antibiótico empírico, EAD's e no fim paracetamol em SOS
-procedimento Enfermeiro - paracetamol 8/8h (não volta a ter febre)
-->resultados:
- médico - 2 dias depois, doente sem febre, culturas do CVC positivas, ajusta antibiótico de acordo com antibiograma, retira CVC, 7 dias depois curado.
- enfermeiro - 2 dias depois, doente sem febre, prostrado, hipotenso, 7 dias depois, ventilado, falência multiorgânica devido a sépsis.
Sendo apenas um cenário hipotético e porventura exagerado, serve para demonstrar que o enfermeiro não pode usar esta lógica de "alívio" da sintomatologia como justificação para a prescrição de medicação, ou na verdade para o que quer que seja. A sintomatologia é manifestação de que algo não está bem. Se retirarmos o factor causal, desaparece a sintomatologia também, então não será nosso papel contribuir para o diagnóstico, numa perspectiva de interdisciplinariedade?
A colega diz, e eu concordo, "...não ha ninguem melhor do que nos para poder avaliar a sintomatologia do doente.". Apenas acrescento que avaliar implica muito mais que simplesmente atenuar ou eliminar sintomas. Implica perceber, ou pelo menos ter uma suspeita do que poderá causar tal sintomatologia e então agir em conformidade.
Nesta perspectiva, o enfermeiro poderia então prescrever medicação desde que garantidas as condições para um diagnóstico precoce e eficaz, sem mascarar potencias problemas.