Sim, mas com regras bem estabelecidas.
1. Prescrição de medicação em meio hospitalar para controlo de sintomatologia em situação não emergente:
Não vejo necessidade para tal, uma vez que se existirem protocolos bem construidos e articulados o enfermeiro deveria ter autonomia, para com base no protocolo, proceder a administração de determinada medicação, (isto não faz deste enfermeiro um prescritor) ex:
Doentes obstipados sem dor abdominal marcada, administração de senna ou gutalax, ou outro qualquer medicamento desse grupo terapêutico;
Doente com hipertermia, administração de paracetamol, diferentes doses consoante adulto ou criança, com um intervalo de 6 a 8 horas no limite máximo de duas administrações consecutivas sem ser necessário parecer médico...
e assim sucessivamente, isto permitiria autonomia aos enfermeiros, sem ter necessidade de andar constantemente atrás dos Sr. Doutores.
2. Prescrição de medicação em meio hospitalar para controlo de sintomatologia em situação emergente:
Não de momento, se é emergente deveria ser chamado um médico de imediato e para evitar confusão entre classes profissionais e discussões que apenas prejudicariam o doente deveria ser o médico o único prescritor.
3. Consultas externas (consulta externa hospitalar ou comunitária):
Se a consulta for com o enfermeiro é porque ele é especialista (e isto não significa ter um papel a dizer que é especialista, significa possuir uma base de conhecimento sólidos nessa área que o define como especialista em x, y ou z) nessa área e como especialista deveria saber aquilo que está a fazer.
A seguir ao inicio do desempenho de funções nessa área, esse enfermeiro especialista teria a hipótese de aprender mais farmacologia na sua especialidade, fazer um curso e em seguimento disso ter a hipótese de prescrever ou não, aparecendo assim o enfermeiro especialista ou o enfermeiro especialista prescritor.
Todo este processo iria (esperemos) tornar o enfermeiro prescritor em alguém experiente, com um corpo de conhecimentos sólidos e algum discernimento para saber quando prescrever ou enviar para o médico, e ai estaríamos a falar do enfermeiro especialista em feridas poder prescrever pensos ou diferentes tratamentos para as feridas, dos enfermeiros das clínicas de diabetes poderem prescrever insulinas ou ajustar as doses de insulinas previamente prescritas, dos enfermeiros de saúde mental poderem ajustar doses de antidepressivos ou de antipsicóticos.
Todavia numa fase inicial penso que se deveria deixar os antibióticos de fora, porque essa é a experiência e a pesquisa que existe noutros países e porque iniciar tudo ao mesmo tempo seria uma confusão.
Sim, este é um assunto no qual eu reflecti bastante e onde tenho uma opinião bem definida, em primeiro lugar porque vivo em Inglaterra, aonde existem enfermeiros prescritores e aonde este processo já foi colocado em prática há muito tempo e em segundo lugar, porque sendo eu uma delas sei bem a responsabilidade que existe cada vez que eu faço uma prescrição e as consequências que uma prescrição incorrecta podem ter.
Para finalizar, gostaria de pedir desculpa pelos eventuais erros ortográficos, mas com um teclado inglês e um computador inglês, escrever português correcto não é uma das coisas mais fáceis do mundo...