A presente reflexão do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida
(CNECV) sobre Procriação Medicamente Assistida (doravante designada por PMA) foi
suscitada pela apresentação na Assembleia da República de dois projectos de lei sobre
esta matéria - 90/IX (PS), “Regula as técnicas de procriação mediamente assistida”, e
317/IX (BE), “Procriação medicamente assistida” -, sobre os quais o CNECV foi
solicitado a pronunciar-se. O Conselho entendeu que, dada a relevância e impacto na
sociedade portuguesa da matéria em consideração, não se deveria restringir à apreciação
dos documentos propostos, competindo-lhe uma reflexão alargada sobre a
problematização ética da PMA.
Neste amplo domínio, a reflexão ética sobre a PMA intersecta outras áreas de
desenvolvimento biomédico com relevantes implicações éticas e impacto social que,
como tal, não podem ser ignoradas pelo CNECV, mas também não devem ser tratadas
de uma forma subalterna, merecendo tornar-se alvo de parecer autónomo. Referimo-nos
primeiramente ao Diagnóstico Pré-Implantação (DPI), apenas tornado possível a partir
do desenvolvimento das tecnologias reprodutivas (FIV, ICSI), que o Conselho tenciona
analisar proximamente. Referimo-nos também à investigação em células estaminais,
especificamente em células estaminais embrionárias (ES) que depende parcialmente da
produção de embriões in vitro, a qual poderá incidir sobre todo o tipo de células
estaminais conhecidas (embrionárias, germinais e somáticas), na consideração do seu
distinto potencial de diferenciação e da sua diferente proveniência, com as respectivas
exigências técnico-científicas e implicações éticas. Um Parecer sobre a matéria será
brevemente apresentado.