O Projecto Cidade Amiga dos Idosos, lançado pela Organização Mundial de Saúde, é uma das mais felizes e extraordinárias ideias a que tive acesso nos ultimos anos, na área da Grande Idade.
O projecto que aparentemente se revestia de um interesse meramente académico (pesquisa das necessidades dos Idosos inseridos em meio urbano), pode tornar-se uma peça fundamental para a mudança de atitude e comportamento de toda a sociedade actual em relação ao Idoso.
De facto o Guia das Cidades Amigas dos Idosos é um documento magnífico, não indicando soluções mas apresentando pistas, contribuindo para que todos possamos encontrar as respostas mais adequadas aos Idosos das nossas cidades. Ninguém nos diz como fazer, mas ensina-nos a procurar como fazer. Desperta-nos para coisas simples que muito alteram a vida dos cidadãos mais velhos e, em consequência, a nossa vida.
As checklist avançadas no documento são sempre indicativas e de cumprimento flexível. No fundo pretende-se mudar a atitude e o comportamento das pessoas, Instituições, Organizações e Empresas, de modo a que todos contribuam para uma rede de solidariedade que mudará a nossa forma de olharmos para os Idosos e, especialmente, para as Cidades.
Uma das grandes lições que se retira da análise do documento-guia é que uma cidade amiga do idoso é também uma cidade amiga da criança, do deficiente e, no fundo, de todos os cidadãos.
Por outro lado este projecto permite às autarquias, às organizações, Instituições, empresas e particulares um envolvimento que poderá ser superficial ou profundo conforme a disponibilidade, interesse e capacidade, sem que isso traga custos económicos ou consuma recursos humanos. Ao mesmo tempo pode facilitar a alteração necessária da sociedade em relação ao idoso, podendo ser mesmo o pilar essencial para a grande construção que seremos obrigados a fazer para responder às necessidades do envelhecimento. O projecto poderá causar uma discussão profunda, séria e hoje, completamente obrigatória, sobre as nossas próprias necessidades, os nossos constrangimentos e as nossas expectativas em relação ao dia de amanhã.
A Cidade Amiga do Idoso pode pois ser um passo gigante para o reposicionamento da sociedade face ao envelhecimento.
Felizmente estou envolvido neste projecto que irá ser desenvolvido em algumas cidades portuguesas. Aguarda-se agora encontrar quem, em Portugal, represente a vontade da OMS em colocar o projecto em marcha. Mesmo quer esse interlocutor demore a ser encontrado, o processo não irá mais parar porque o nosso exercício de cidadania obriga-nos a não deixar esquecer esta novidade que aparece para poder alegrar a nossa Grande Idade, grupo ao qual pertenceremos obrigatoriamente mais tarde ou mais cedo.
É também importante perceber que o desenvolvimento deste projecto não obriga à subsidio-dependência, podendo ele próprio criar a sua sustentabilidade, desde que, exista criatividade, vontade e convicção.
Vamos pois lutar pelas Cidades Amigas dos Idosos, informando-nos, procurando e divulgando, porque essas cidades serão mais amigas de nós próprios e vão ser os sítios onde viveremos no futuro na condição de Idoso.
www.associacaoamigosdagrandeidade.comRui Manuel Santos Fontes