@pedrojosesilva
Quando falo em proximidade da OE para com os seus membros, os Enfermeiros, uma boa forma de cativá-los seria falar daquilo que considera não ser do âmbito da OE, ou seja, as reivindicações salariais e condições laborais, mas pense comigo, se os sindicatos são inaptos, pouco representativos, com pouco poder de mobilização e acima de tudo têm-se revelado incompetentes, porque não haverá de a OE assumir essa luta, senão explicitamente, de uma forma mais subtil e publicamente para que os enfermeiros se revejam na sua Ordem.
E verdade que há uma grande fatia de Enfermeiros que têm a Enfermagem que merece porque não se envolvem, não querem saber disso para nada e simplesmente estão cá para fazer número, mas há outros que, ou não se sabem envolver, ou não se sentem motivados devido a encararem a OE como alguém que lhe cobra as quotas, cotas ou como lhe quisermos chamar e desde já assumo que esta não é a visão que eu tenho da OE , eu simplesmente discordei das opções tomadas para atingir alguns objectivos o que me levou a não votar na sua lista.
Mas a maioria está a precisar de ser acordada e a OE teria todo o poder para mobilizá-los. Quer por uma maior intervenção pública

nem que roce a parcialidade para o nosso lado… não podemos ter sempre o bom senso se é que me entende) acerca dos temas relacionados com a Saúde , quer em particular que possam por em causa o bom nome de Enfermeiros ou da Enfermagem, de preferência de forma célere, antecipada e nunca a reboque de outras declarações prévias, nisto caro colega não há volta a dar, não podemos estar na defensiva. Penso que um gabinete de assessoria para a imprensa daria todo o jeito (sem qualquer ponta de ironia).
Passaria por visitarem mais frequentemente as instituições, algo que vejo estar a ser melhorado significativamente neste mandato, mas ainda aquém do que poderia ser.
Como disse muito do poder que temos passa por mobilizar os Enfermeiros, isto é só uma das poucas medidas que poderiam ser empreendidas, mas como diz o local, o tempo e a oportunidade não são as melhores para lhas enunciar a todas.
Quanto aos cuidados mínimos:Em Novembro de 2006 enviei um mail para a Ordem dos Enfermeiros a pedir esclarecimento sobre o que consideravam ser um Cuidado Mínimo e quais os cuidados mínimos numa UCI, isto no contexto de uma greve que se iria realizar nesse mês. Obtive a minha resposta em Maio de 2007,via telefone e tenho a confessar que não recordo o nome da Sra Enfª que me deu a resposta nem a comissão a que pertencia (quase podia jurar que pertencia à comissão de cuidados gerais mas confesso que não o facto de ter sido acordado pelo telefone, em pleno ENEE me levou a não fixar os primeiros dados) mas falo-lhe com toda a verdade do Mundo que foi isto que se passou: Inicialmente perguntou-me a motivação do meu pedido que eu já nem recordava (6 quase 7 meses leva a alguns lapsos de memória) mas rapidamente recuperei a memória. A motivação era saber essencialmente o que era um cuidado mínimo, ao que me foi respondido que é um cuidado essencial , e eu perguntei :mas numa UCI em especifico?
Responderam-me : são todos! Confesso que fiquei perplexo; pensei …obviamente nisto devo ter uma perspectiva bastante radical do que são cuidados mínimos pois mínimo deve ser o cuidado indispensável à manutenção da vida, ou seja o ABCD, e perguntei mas como pode isso ser assim? Um cuidado de higiene é mínimo? Uma troca de cateteres é mínimo? Ao que me foi respondido que cada caso é um caso e tem de ser equacionado individualmente. Considerei a resposta manifestamente pouco de encontro ao esclarecimento das minhas dúvidas e falei-lhe da motivação principal que era o impacto que uma greve tem se os enfermeiros não sabem especificar quais os cuidados mínimos a prestar, não têm suporte legal para se negarem a fazer determinados cuidados e da necessidade de não deixar isto em campo nebuloso e discriminar exactamente, sem sombra de dúvidas sobre quais são os cuidados mínimos (ou essenciais como lhe quisermos chamar). Responderam-me que iriam debater o assunto e em breve teria novamente notícias, agradeci pela disponibilidade apresentada e aguardo desde aí novo contacto.
Penso que já expliquei um pouco do que entendo ser os Cuidados Mínimos. Propostas… Abordarei no final essa questão.
Falámos na questão do plano curricular único e permita-me citá-lo.
“OE não tem jurisdição sobre o ensino superior. Está fora de questão determinar planos de estudos únicos, pois não há mandato nem garantias de competências pedagógicas para a OE determinar percursos que são académicos”Tem toda a razão, mas como já disse não falei em determinar ou se falei o mais correcto seria sim “aconselhar” um plano de estudos único, bem mais alargado que o actual pois por acaso eu até acho que 4 ou 5 anos é pouco para formar um enfermeiro “de cuidados gerais”. Eu não vejo a diversidade do mesmo ponto de vista do colega pois tal como já disse acho inconcebível que tendo um enfermeiro exactamente as mesmas responsabilidades e eventuais competências em todo o Portugal porque haverá de ser a sua formação diferente? Só servirá para alimentar as discrepâncias que abundam por esse país fora e divergir do actual paradigma que é convergir na formação. Diversidade só em cadeiras opcionais. Se a OE não tem legalmente competências pedagógicas para isso tem com certeza no seu seio enfermeiros suficientemente competentes para desenvolver um parecer técnico nesse aspecto.
Ora uma instituição que não “seguisse” este plano de estudos “aconselhado” ficaria automaticamente descredibilizada. E o plano de estudos poderia requerer determinados estágios ou ensinos clínicos que porventura não conseguiriam assegurar pelo que a oferta de vagas seria regulada em função disso.
Quanto à parte da orientação de alunos, tenho uma interpretação diferente e remeto-o para a leitura do REPE mais especificamente para o capítulo IV , artigo 9 linha 6 alínea a) pois considero a parte de formação de enfermeiros englobada nesta temática. E acho ser um dever profissional esta questão.
Quanto ao MDP1ª pergunta: Há condições para integrar todos os recém formados no EPT, e se não o que fazer aos que “sobram”?
2ª pergunta: porque não aproveitar o EPT para a realização da especialização, tendo para isso que se aumentar o tempo de EPT e certificar os tutores, em moldes que desconheço?
3ª pergunta : Não se estará simplesmente a adiar o problema do desemprego por um ano? Ou até mais para aqueles que não conseguirem entrar no EPT (é que duvido da capacidade do nosso SNS formar com qualidade 4000 enfermeiros ou coisa assim que o valha)
Quando falei em privilégios não me estava a referir a ter um ritmo de formação abaixo das necessidades do País de forma a manter sempre um défice de enfermeiros, idealmente era o que eu faria se não tivesse consciência cívica mas como julgo ser necessário para o Estado manter algum poder que lhe permita não ficar refém de nenhuma classe profissional não é isso que eu advogo, até porque não podemos criticar os vizinhos (OM) se fizermos exactamente o mesmo que eles. Claro que defendo uma regulação muito restrita mas que mantenha o problema em níveis aceitáveis, até porque já muito se disse sobre isto e concordo plenamente com isso:Â Exercer uma profissão na área de Saúde com qualidade, segurança e competência não se coaduna com longos períodos de interregno de prática nem com demoras no inicio da actividade profissional, simplesmente não é uma realidade comparável com qualquer outra área de actividade. Isto não é um privilégio, é um garante de qualidade para a população e se os portugueses não perceberem isso é porque têm a Saúde que merecem (ou que estupidamente julgam ter).
Relativamente às especialidades:Eu já percebi rumo que a OE quer seguir e concordo plenamente com ele, ou seja todos sermos especialistas. Não sei ainda em que moldes é que estão a pensar em certificar as competências de por exemplo aqueles que já são especialistas na prática mas que não possuem qualquer título profissional. Também sei que a questão de as especialidades serem feitas no terreno e não na escola ainda não está devidamente clarificada (não estou enganado pois não?). Apenas lamento que as propostas para as novas especialidades sejam ainda tão vagas e reduzidas: por exemplo relativamente à especialidade da pessoa em situação crítica esta só fará sentido se existirem subespecialidades como por exemplo: emergência pré-hospitalar; cuidados intensivos por exemplo cardíacos e cardiotorácicos; neurocirúrgicos e neurológicos e por aí em diante. O mesmo se aplicaria à Saúde no Adulto em que apesar de não advogar a colagem às especialidades de Medicina, defendo uma maior diversidade neste capítulo.
Isto sob pena de formarmos especialistas que nem são melhores nem mais competentes nem trarão nada de novo ao actual panorama de generalismo e insuficiente competência.
Falando do envolvimento pessoal nos assuntos de Enfermagem e na apresentação nos locais devidos:- Lamento por mim que só me tenha começado a interessar, um pouco mais a fundo, desde que deixei de trabalhar em Lisboa(agora trabalho no Porto) onde era sem dúvida mais fácil aceder a determinadas informações e locais devidos pois não o pode negar e isto também não serve de desculpa para mim nem para ninguém, que a distância geográfica é sem dúvida determinante mas tenho-lhe a dizer que planeava e estaria nesta AG de 15 de Março, com propostas que não chegaram a ser concluídas pelo mesmo motivo pelo qual não fui à AG, por motivos que não interessam aqui divulgar, mas posso garantir-lhe que sempre que tenho uma dúvida peço um parecer à OE, que lamentavelmente não me tem respondido nem em oportunidade nem de forma nenhuma. Com certeza que gostaria de poder deslocar-me sempre que pudesse mas como lhe digo o tempo, a distância e outros pormenores impedem-me de tal. Tinha-me proposto envolver-me a fundo nos nossos problemas a partir de 2008, começando nesta AG ( a votação para as eleições considero-as um dever e nem sequer as enquadro na participação mas uma obrigação) mas tal não foi possível, nem será nos próximos meses, mas quando existir pode acreditar que estarei lá para dar o meu parecer, apresentar as minhas propostas e sujeitar-me ao escrutínio das minhas opções assim como fazer o mesmo às de outros.
Revejo-me totalmente nessa visão de se queremos algo melhor e não vemos propostas que as apresentemos nós, que não critiquemos se não tivermos alternativas melhores, portanto será o que continuarei a fazer e futuramente mais activamente. Até lá… paciência. Mas a Enfermagem não se muda só na OE mas na realidade das nossas equipas, serviços, instituições e nisso todos podemos ter uma palavra a dizer.
PS: já lhe teria respondido ontem mas a Internet é imprevisível e foi-se abaixo quando tinha o texto de resposta quase completo pelo que tive de elaborá-lo de novo.
Cumprimentos
Â