@Magistral Estratega
Queremos ter uma OE afastada das preocupações reais dos seus membros ou queremos uma OE que esteja com os seus membros?
A OE formalmente está sempre próxima dos membros, pelo menos não há órgãos sociais que não tenham sido legitimados por votação, nem plano de acção que não passe pela Assembleia Geral. Claro que entendo o que o colega quis dizer, mas também tente compreender o que lhe estou a responder.
Sou testemunha que a OE tem feito apelos sucessivos á participação dos enfermeiros nas decisões, tenho sido testemunha que há quem participe, mas também sou testemunha de uma larga maioria que nem sequer vota, quanto mais participar activamente no trabalho que há a fazer.
O primeiro repto é vencer está ideia fácil de pensar que à OE é uma organização longinqua com poderes especiais, que não os usa porque não quer usar.
Não! o poder de influencia e transformação que queremos que a OE tenha depende muito directamente da capacidade que tivermos nestes 4 anos de mobilizar os enfermeiros, para já para dar um abanão na formação tanto generalista como especializada, reconhecendo os peritos em cada área, motivando-os a envolverem-se no desenvolvimento das suas áreas. Infelizmente são muitas as questões para consegui-las expo-las aqui.
E nem é o sitio nem o momento adequado para falar de algumas, mas não fujo ás suas perguntas, mas tudo o que aqui colocar é a minha opinião pessoal (que a mesma quando participo em actividades da OE,pois não mudo de posição conforme o local em que me encontro).Portanto, não assumam o que aqui digo como uma posição oficial da OE (essas estão no site oficial, e identifico-me com a maior parte delas):
definam-me cuidados mínimos, mas em termos específicos, não em palavreado vago como o que consta do REPE, dizendo quais são os cuidados mínimos para cada tipo de serviço.
Alguma ligação com dias de greve? A que propósito esta questão? Como sabe a prática de cuidados é muito diferente de contexto para contexto, penso que não será possível defender em especifico o que é mínimo,pois isso tem que ser definido serviço a serviço, e até doente a doente. Fazer tratamento de uma ferida cirúrgica limpa pode não ser cuidado mínimo para um doente mas pode ser considerado cuidado mínimo para outro. Eu até gostaria que se muda-se a terminologia,pois penso que o termo "mínimo" não ajuda em nada a definir aquilo que são os cuidados indispensaveis para que não aconteça um prejuízo da condição de saúde do cliente/utente/doente.
Colega, se acha que está é uma área a desenvolver, apresente um projecto à comissão de cuidados gerais, pois parece-me ser o âmbito. Estamos a falar de questões técnicas mas também legais. Parece-me pela amplitude, um trabalho que ajudará também a definir de forma mais aprofundada algumas competências nucleares ao trabalho dos enfermeiros de cuidados gerais, isso seria óptimo para o modelo de desenvolvimento profissional.
- Definam um plano curricular único para todas as escolas de enfermagem...
A OE não tem jurisdição sobre o ensino superior. Está fora de questão determinar planos de estudos únicos, pois não há mandato nem garantias de competências pedagógicas para a OE determinar percursos que são académicos. Pessoalmente penso que a diversidade do Ensino Superior ES é uma mais valia,pois permite a adequação à realidade local, por outro lado o processo de Bolonha e a necessidade de articular percursos de formação entre os vários membros da UE, veio baralhar um dos pressupostos do ES, e que é garantia de independencia, liberdade e excelencia. Agora percebo de onde é que reside o seu desejo por um plano único, e a questão está na falta de qualidade de algumas instituições superiores de formação de enfermeiros (ISFE), com planos muito criticaveis.
A minha perspectiva, é que se cumpra a relação de poder nos orgãos de decisão das ISFE que o novo enquadramento obriga, eonde os elementos da comunidade/sociedade/mercado devem ter assento. Esses que obriguem as ISFE a reformular planos de estudo. A questão é que isto é para o público, e o privado como fica?
Bom, nesse sentido torna-se importante a OE ter poder de regular efectivamente o acesso à profissão, pois ao curso não tem mandato para o fazer.
Assim,poderá certificar se determinado candidato tem ou não um conjunto de competências consideradas essenciais ao exercício autónomo da profissão. Até lá, nada feito, a não ser que.... a não ser que nós enfermeiros da prestação de cuidados nos recusemos a orientar alunos por duas razões: ou porque não apresentam o mínimo de capacidades para estar em ensino clínico (teria que colocar em questão a formação da instituição e exigir como pré-requisito uma prova de conhecimentos essenciais para aceitar orientar esse aluno) e outra situação é recusar-se a orientar alunos sempre que não estejam garantidas as condições de segurança para os doentes (ou seja, sempre que o colega tiver o mesmo numero de doentes atribuídos que teria num dia normal de trabalho, mais um ou dois alunos para vigiar, orientar, ensinar).
Como vê há coisas que já se podem fazer hoje em dia, depende de nós. Nenhuma lei nos obriga a orientar alunos, que pertencem a instituição externas àquela em que exercemos. Nem moralmente estamos comprometidos com uma formação para a qual ninguém nos pediu opinião.
Hoje em dia são os enfermeiros da prestação de cuidados os responsáveis por uma parte muito significativa da formação dos alunos da licenciatura, sem serem pagos por isso, nem ser dignificada em termos de reconhecimento público está função de supervisão, e que em termos de classe viabilizou que os docentes pudessem enveredar pelo enriquecimento académico, que não coloco em questão ser uma mais valia, mas que os afastou do ensino directo com os alunos no contexto de trabalho. Isto é uma realidade que não vai mudar na próxima década pois a aposta dos docentes de enfermagem é na investigação, e nos percursos de doutoramento e ensino em sala de aula.
Logo, meus caros, temos que organizar o terreno da supervisão clínica em Portugal, e garantir a sua qualidade. As intuições que não puderem pagar tantos tutores, então que diminuam vagas ou que fechem portas. Se calhar nunca as deviam ter aberto.
Eu já orientei muitos alunos de enfermagem, de escolas de toda a espécie, e com todos tentei fazer o meu melhor, mas hoje em dia não orientaria mais alunos no meu horário pago para prestar cuidados. Ou há um contrato pelo meio para prestar este serviço, fora do horário normal, ou então nem pensar em gastar tempo para estar com os doentes. É uma questão de qualidade do serviço que presto aos meus utentes, quando a realidade da grande maioria dos serviços é que estão a trabalhar com números reduzidos de enfermeiros, ter alunos ainda vem agravar mais está situação.