Actualmente por incrível que pareça, a ausência de informação ainda constitui uma barreira à própria responsabilidade dos jovens face à sua sexualidade.
Embora grande parte das vezes os pais não tenham conhecimento, a sexualidade é um dos factos mais importantes na vida dos jovens. Estatísticas recentes dizem que a grande maioria dos adolescentes tenha já experimentado relações sexuais antes de atingir os 19 anos de idade e que as primeiras experiências sexuais estão a acontecer em adolescentes cada vez mais jovens, sendo que são muitos os rapazes e raparigas que a partir dos 15 anos se iniciam na vida sexual.
Logo no início da adolescência, os jovens necessitam de ser informados acerca dos princípios básicos da reprodução humana. Muitas vezes, os pais assumem que os filhos conhecem os factos da vida, mas grande número dos jovens não os compreende bem ou tem conceitos errados. E se o relacionamento sexual entre duas pessoas de sexos diferentes já é um tema que muitos pais evitam, quando se fala de homossexualidade os problemas aumentam então drasticamente. A identidade sexual pode ser estabelecida muito cedo. Contudo é durante a adolescência que o jovem se defronta com a sua orientação sexual. Normalmente a primeira relação homossexual ocorre antes do final da adolescência e é escondida a todo o custo, especialmente dos pais. E dado que os homossexuais masculinos sexualmente activos apresentam um risco acrescido de um certo número de problemas de saúde, incluindo o VIH, os rapazes devem ser aconselhados sobre a protecção contra as doenças sexualmente transmissíveis. Ao mesmo tempo, e embora a imunização contra a hepatite B seja recomendada a todos, é particularmente importante para os homossexuais.
Embora o VIH seja provavelmente o maior perigo actualmente vivido em termos de doenças sexualmente transmissíveis, existe uma longa e assustadora lista de doenças. Assim, além do VIH, incluem-se nesta lista a gonorreia, a clamídia e a condiloma, também conhecida por úlcera mole.
Uma vez que a gonorreia pode ocorrer sem sintomas, todos os adolescentes sexualmente activos devem ser examinados durante as consultas médicas para detectar a existência de gonococos. Estas infecções, ocultas nas mulheres, podem provocar a doença inflamatória pélvica. De referir que 25 por cento dos casos de gonorreia ocorrem entre os adolescentes. A clamídia pode provocar infecções dos tractos urinários e genitais dos homens e é ainda responsável pela cervicite e por problemas de fertilidade.
Para além destes, os adolescentes sexualmente activos estão ainda expostos a problemas como o herpes genital para além de uma grande variedade de infecções.
Durante um seminário sobre «Os jovens e a sexualidade», organizado pelo Instituto Português da Juventude, que decorreu no dia 27 de Janeiro na Gulbenkian, em Lisboa, foram apresentados dados recentes sobre VIHe comportamentos de risco dos jovens.
Um rastreio realizado pela Comissão Nacional de Luta Contra a Sida (CNLCS) a cerca de 5.000 pessoas, entre Março e Maio de 2004, concluiu que «os jovens universitários portugueses têm comportamentos de risco nas relações sexuais».
Dos jovens inquiridos, 83,4 por cento já tiveram relações sexuais - 5,7 por cento antes dos 15 anos - mas apenas 46,1 por cento recorreram ao preservativo.
60% dos jovens não sabe como se contrai a SIDA.
A propósito do mesmo tema, foi apresentado também um estudo feito pelo sociólogo Fausto Amaro sobre percepção de riscos, atitudes e comportamentos dos portugueses perante a Sida, divulgado no início de 2004.
Este estudo indica que 80 por cento dos jovens não usam preservativo e que 60 por cento acha que o VIH se apanha nos serviços de saúde.
O mesmo estudo revela ainda que 40 por cento dos jovens recorrem regularmente ao sexo pago, 60 por cento dos quais sem usar preservativo.
Em 2003, Portugal era, segundo a ONU, o país da União Europeia (UE) com o pior problema de SIDA e com o maior número relativo de jovens infectados.
Os pais, professores e técnicos de saúde devem estar atentos a estes problemas e contribuirem para uma sexualidade saudável e consequentemente responsável, através de medidas como:
1. Estimular nos jovens as escolhas livres, responsáveis e conscientes na sua vida sexual e reprodutiva;
2. Fomentar nos jovens atitudes positivas de desenvolvimento sócio-afectivo e de relacionamento interpessoal; (sexualidade como um atributo da personalidade; aceitação equilibrada da sexualidade e suas manifestações; consideração do sexo com base no conhecimento científico; reconhecimento das consequências e implicações da sexualidade; aceitação de valores intrínsecos de ambos os sexos);
3. Reconhecer a importância da comunicação e do envolvimento afectivo e amoroso na vivência da sexualidade.
4. Estimular atitudes preventivas em saúde, promovendo a saúde sexual e reprodutiva;
5. Prevenir os abusos sexuais e qualquer forma de abuso do poder, recusando comportamentos não desejados.
In
http://www.tsf.pt/online/vida/interior. ... =TSF158329Nuno, acho que ao não abordarem a temática da sexualidade com a naturalidade e respeito que lhe são devidos, os docentes estarão a promover e a perpetuar a ignorância, com base na falta de informação, o preconceito, os estereótipos sociais e a disparidade social de que são vítimas, sobretudo os jovens portugueses. Mas também a ignorância do próprio jovem em relação ao seu corpo, à sua identidade e à do outro; a ignorância dos limites que devem existir, do direito que cada ser humano, rapariga ou rapaz, tem de dizer sim ou não. Todos nós devemos ter o direito inalienável de saber mais sobre nós próprios (e do Outro ) de nos descobrirmos, de nos questionarmos, de amarmos a nós próprios e ao Outro.
A educação sexual é pois fundamental.
A criação de um espaço seguro, de consciencialização dos afectos e dos medos próprios dos adolescentes, que atravessam um período de descobertas e experiências que, nalguns casos, os podem marcar para a toda a vida, espaço esse onde os jovens possam dialogar, esclarecer dúvidas e trocar ideias, sem medo de serem ridicularizados e/ou discriminados é deverás importante. Daí existirem projectos, tanto em escolas como em centros de saúde virados para a criação desse espaço.
Joana
