Para o Pedro e restantes colegas,
Penso que o post anterior é muito didático. Os meus parabéns por ele. No entanto, não sei se ficou muito claro aquilo que eu penso em relação a este sistema operativo. Para ajudar a quem não conhece o Linux, a perceber melhor o que está em causa, ficam aqui alguns esclarecimentos. Estou obviamente disponivel a responder aqui a perguntas de colegas, se houver dúvidas.
Não deixa de ser curioso que tanto o Pedro como eu, tenhamos procurado soluções semelhantes para problemas comuns. Pela minha parte, nunca tive nada contra o Windows, aliás ainda o uso com muita frequência. A questão é que há muitas aplicações para Windows que só estão disponíveis comercialmente. Quando digo comercialmente, não falo só em pagar para adquiri-los, mas também em pagar para continuar a usá-los, assim como pagar para tê-los instalados em diversos computadores. Por curioso que pareça, ao comprar um programa, não ficamos donos do programa, apenas ganhamos um direito temporário a usá-lo mediante algumas condições. Esta lógica, conhecida como "Software Proprietário", apesar do que se pode pensar, é muito recente e por muitos considerado um autêntico abuso dos direitos de qualquer cidadão.
O Linux ou Gnu/Linux como alguns gostam de lhe chamar (é curioso que até na Informática, hajam pessoas que levantem bandeiras e façam autenticas guerras online por pormenores como este, tal e qual como as afinidades pelos clubes de futebol...), teve desde o seu ínicio, a participação de muitos programadores e intusiastas da informática, que eram adeptos de uma lógica muito diferente. Para eles, o direito de usar livremente um programa (software livre ou freeware) chegava a ser o de o usar, o copiar e até o modificar, podendo redistribuir esse programa já modificado (software aberto ou opensource). Este direito ficou garantido através de uma licença, chamada de GPL, que permite a qualquer um, pegar em um programa feito sobre esta licença, usá-lo, copiá-lo, modificá-lo, distribui-lo como quiser, podendo cobrar pelo seu trabalho e produto, desde que torne disponível aos futuros utilizadores do programa o código fonte, para que também estes, se tiverem conhecimentos ou vontade para isso, possam fazer as suas alterações.
Se o Windows conquistou os escritórios e as empresas, pela sua facilidade de utilização, o Linux tornou-se uma força cada vez maior nas Universidades e nos Centros de Investigação. Muitos cientistas, pessoas notáveis, participaram com a sua colaboração, tornando cada vez mais completo este Sistema Operativo.
O mercado do Software faz mexer muito dinheiro, ou não seria Bil G-a_tes, o homem mais rico do Planeta. Muitas empresas, como a IBM, a Sun, a HP, viram também no Linux uma alternativa, participando nos projectos voluntários, fornecendo informações sobre o Hardware (informação necessária ao bom funcionamento dos PC), financiando investigadores e estudos, tornando-o mais acessível ao utilizador comum.
Um aspecto curioso resultante destes esforços, foi o surgir de diferentes "sabores" de Linux. Se a Microsoft é a única proprietária do Windows, já a o Linux dispõe de pelo menos 180 distribuições diferentes, algumas com caracteristicas muito específicas, que as diferenciam entre si. Apesar disso, mantêm características comuns, que permitem a um utilizador de uma versão poder usar outra sem grandes dificuldades. Ainda ao utilizador avançado é dada a oportunidade acrescida de adaptar o sistema operativo ás suas necessidades, eliminando informação superflua do seu PC, atingindo níveis de rapidez e produtividade dificeis de igualar.
Claro que também existem contratempos, quando os fabricantes de Hardware, não fornecem drivers para estes sistemas e estes têm que ser acrescentados "á unha!", depois de terem sido criados pela comunidade de programadores que participam no seu desenvolvimento.
Mas porque um utilizador comum da informática, que use semanalmente a internet, ocasionalmente escreva um texto ou faça uma folha de cálculo, irá experimentar o Linux, ao invés do Windows, quando este pode ser de mais dificil configuração?
Provavelmente não o fará, pelo menos até que tenha que comprar novo software (Sistema operativo+Office+Antivirus+Firewall+antispyware). Nessa situação, a menos que opte pela solução mais fácil e não legal da questão, talvez pondere experimentar Linux, porque pode obter tudo isto gratuitamente, ou pelo menos por um preço muito inferior.
Se o fizer, tem uma boa distribuição em português de Portugal, o Caixa Mágica (
www.caixamagica.pt). Tem uma equipa pequena, mas dedicada e uma comunidade de aproximadamente 3000 utilizadores. Junto com os utilizadores de outras distribuições, constituem já uma comunidade de algumas dezenas de milhar em Portugal, milhões na Europa, América e Ásia a usar Linux.
Ao utilizador menos comum, que queira aprender novas competências e fazer algo mais do que processamento de texto, (a menos que prefira jogar indefinidamente no Totoloto...), também pode interessar, pois são disponibilizadas gratuitamente muitas aplicações na Internet. Muitas são de dificil aprendizagem, mas habitualmente são fornecidos também os manuais que ajudam a utilizá-las.
O certo é que a simples existência de alternativas já é importante, pois ajuda a controlar a evolução dos preços das aplicações. Ao utilizador do Windows, também interessa que hajam alternativas em Linux. Se os preços permanecerem concorrenciais, sem monopólios, ele também será favorecido. Também há vantagem acrescida de haver aplicações gratuitas que são já muitiplataforma (correm em Windows e Linux).
Tenho amigos que só usam Windows e outros que só usam Linux, sendo ambos autênticos especialistas das respectivas áreas. Não os crítico. Pela minha parte ainda uso os dois, pois não sou especialista de nenhum e algo que não abdico é o direito de Escolher.
Com Amizade, Carlos.