Olá,
Tenho 5 anos de cirurgia plástica num hospital de Lisboa, onde, obviamente, recebíamos queimados. A gaze gorda, gaze vaselinada, era amplamente utilizada para todos os graus de queimadura, pelo facto de não aderir à pele e ser um produto neutro, em termos químicos e era barrada ou coberta com compressas com o produto mais adequado, sendo o principal, o betadine, dérmico ou em pomada, dado o seu poder bactericida, fungicida e esporicida.
O que acontece é que, no dia seguinte,ou passados dois dias, dependendo das lesões, as compressas estavam agarradas à queimadura, tendo de se colocar o doente de "molho" num banho de betadine espuma, para descolar as compressas; é que as queimaduras são lesões extremamente dolorosas. Depois, voltava-se a fazer o penso, etc.
No caso dos enxertos, o penso só era aberto passados três dias, mas havia uma alta taxa de sucesso. Por vezes deixava-se a gaze ao ar, com betadine pomada, sem mais nada, após abertura do primeiro penso.
A minha experiência diz-me que a gaze gorda, pelo menos a dos laboratórios que usei, é pouco gorda, cola-se à ferida, não tanto como a gaze seca, mas cola. Penso que tem ainda a sua aplicação em certos casos, pois é uma forma de manter o ambiente húmido, sem colar e, por ser quimicamente neutra, usada em conjunto com outros fármacos.
No hospital onde trabalho, pelo menos nos serviços que conheço, é ainda usada, mas com menos frequência do que há uns anos, pois há alternativas mais eficazes para certas lesões.
Pessoalmente, continuo a usar, com o betadine pomada, para feridas de abrasão, por exemplo, onde tem excelentes resultados. Se não houver sinais de infecção, não deve ser feito diáriamente, mas sim dias alternados ou mesmo três dias. Depois, deve haver uma reavaliação.
Abraço.